quarta-feira, 23 de novembro de 2022

O ANO ACABA MAL TAMBÉM PARA O 3º PATETA DA EXTREMA-DIREITA

Moe, Curly e Larry terminam 2022 em franco declínio, após fracassarem miseravelmente...
rui martins
TRUMP SE ENGANOU
Trump nos enganou ou, o mais provável, foi ele quem se enganou nas previsões sobre as eleições de meio-mandato nos EUA? 

Era tanta sua empáfia, que declarava, por antecipação, seu Partido Republicano como o grande vencedor. A ponto de convencer a própria imprensa e levá-la a se indagar como Joe Biden poderia governar na contracorrente. Uma grande vitória tão anunciada iria comprometer a imagem democrática dos Estados Unidos, comentávamos aqui.

Apesar de sua cara de mandão e autoritário, Trump não passa de um fanfarrão, de um farsante, de um bufão desmascarado no decorrer dos oito dias das demoradas apurações das eleições do 8 de novembro. Não houve nenhum tsunami republicano
...nas suas apatetadas tentativas de protagonizar dramas históricos!  
Ninguém melhor do que ele corporifica a expressão ter o rei dentro da barriga. Desta vez, contudo, há outra joia da sabedoria popular que se aplica perfeitamente ao Trump: Não se deve contar com o ovo na barriga da galinha.

Depois de tanta pretensão, tanto alarde e tantos arrotos, Trump ganhou, mas foi por pouco. Os republicanos não fizeram maioria no Senado nem conseguiram eleger o governador de Nova York.

Saíram com alguns deputados a mais na Câmara de Representantes, mas falharam em impedir a eleição de duas governadoras e uma deputada lésbicas, mais um vereador transgênero no New Hampshire. Nisso, sem dúvida, o machão Donald Trump foi derrotado, pelo que a associação de defesa dos direitos das pessoas LGBTQI considerou vitórias históricas nos estados do Massachusetts, do Oregon e do Vermont. 

Aliás, é a primeira vez em que foram eleitos candidatos LGBTQI em todos os estados dos EUA.
Sem a tal onda vermelha, o futuro
político de Trump ficou embaçado...
 

Assim, o objetivo de Trump de paralisar a administração de Joe Biden, se relativizou: embora detenha a Câmara de Representantes, as grandes decisões, como nomeação dos juízes da Suprema Corte e dos cargos na alta administração, estão nas mãos do Senado. 

Os republicanos não poderão liberalizar ainda mais a legislação sobre armas e nem modificar a legislação sobre o aborto. Mas vão ter como dissolver a comissão encarregada do inquérito sobre o ataque ao Capitólio, no qual houve morte e feridos, e descartar as acusações a Trump como incitador desse ataque.

Mesmo dentro do Partido Republicano nem tudo é positivo para o bilionário. O provável speaker dos republicanos na Câmara, Kevin McCarthy, que sucederá à democrata Nancy Pelosi, não é um seguidor incondicional de Trump, que até hoje, continua sustentando ter havido fraude na vitória de Baiden à presidência. 

Logo depois das eleições nas quais Trump foi derrotado, Kevin aderiu à narrativa trumpista sobre fraude, porém reviu sua posição algumas semanas depois, diante do ataque de trumpistas ao Capitólio.

Chegou até a reconhecer que houve responsabilidade de Trump nas agressões cometidas. Tal posicionamento crítico poderá impedir Kevin McCarthy de se tornar o speaker da Câmara. Porém…

Porém Trump, que se já se declarou candidato à presidência em 2024, não detém mais a condição de líder absoluto dos republicanos. Além das críticas de McCarthy, existem as de seu ex-vice-presidente Mike Pence no livro So help me God

E surgiu mesmo um concorrente à candidatura de Trump dentro do próprio Partido Republicano: trata-se do reeleito governador da Flórida, Ron DeSantis, considerado já um líder pela direita dura no partido.
DeSanctis morderá a mão que o alimentou?
DeSantis é o espinho na garganta de Trump, um ex-protegido que agora quer tomar sua dianteira (como se o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se tornasse candidato em 2026 contra Bolsonaro). 

Irritado, num encontro com jornalistas Trump ameaçou dizer coisas nada lisonjeiras sobre seu outrora pupilo, embora afirmasse não saber muita coisa a respeito dele, exceto ser sua esposa quem comandou sua campanha eleitoral

Tal concorrência não significa, no entanto, que haja grandes diferenças entre ambos, pois DeSantis é considerado um clone de Trump – o qual nos interessa mais por ser o modelo seguido por Bolsonaro. Enfim, vale notar que:
— os dois têm intenções golpistas;
— Trump possui diversos processos e poderá até mesmo ser impedido de se candidatar;
— Bolsonaro terá uma profusão de processos tão logo deixe a presidência; e, 
— se Bolsonaro não conseguir dar o golpe anunciado pelo ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, mas pelo menos se livrar da erisipela na perna e estiver em condições de disputar a próxima eleição presidencial, é certo que terá também diversos DeSantis pela frente. (por Rui Martins)

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