segunda-feira, 1 de agosto de 2022

OS ULTRACONSERVADORES ESTÃO ISOLADOS, MAS VOCIFERANDO – 2

(continuação deste post)
Como se não bastasse ter sido o pivô da expulsão de
Maria Luiza e Dalton Rosado do PT em 1987,  Ciro Gomes
continua atacando até hoje a Administração Popular.
O
voto feminino, de recente inclusão no receituário democrático-burguês, foi uma conquista social relevante diante das circunstâncias jurídico-constitucionais que somente facultavam o voto aos homens alfabetizados, e era descaradamente dominado e controlado pelos senhores feudais que então se transformavam em neocapitalistas.

Entretanto, não podemos admitir que as evoluções havidas, e que devem ser assim consideradas em relação ao status quo social anterior, devam se constituir num imobilismo conformista no qual o medo do pior serve para justificar a aceitação do ruim. 

Ainda na semana passada ouvi, atento, os argumentos bem explanados por dois candidatos de experientes formações jurídico-administrativas (Ciro Gomes e Simone Tebet), e que pôde impressionar pela desenvoltura, a ponto de deixar calados e sem contra-argumentos os experientes e competentes jornalistas que os entrevistavam. 

A mim me dava uma comichão de vontade de contraposição às alegações dos dois candidatos, como se eu pudesse entrar na televisão para participar do debate. 

Outro dia, assistindo ao discurso de lançamento da candidatura de Ciro Gomes, constatei, sem surpresa, as meias-verdades e autoelogios por ele proferidos em detrimento da Administração Popular, primeira experiência de uma capital brasileira (Fortaleza) cujo governo estava realmente comprometido com as necessidades maiores de seus cidadãos. Foi inicialmente petista e dele fiz parte como secretário de Finanças.

Não é repetitivo dizer que da experiência da Administração Popular saí para ser candidato com o apoio da então prefeita Maria Luíza, numa eleição por ele (Ciro) vencida para a prefeitura de Fortaleza nos idos de 1988. 
Paulo Sérgio Nogueira comprometeu seu prestígio ao
coadjuvar ataques golpistas contra as urnas eletrônicas
 

Tendo sido ambos expulsos do PT, que promoveu verdadeira
caça às bruxas de esquerda nos anos 80,
acabei nessa eleição saindo candidato pelo Partido Humanista (que se formava e depois não vingou), e pude então contestar firme e pontualmente cada falácia a nosso respeito.  Mas, claro, a máquina eleitoral mais poderosa venceu o pleito. 

Já no debate eleitoral Simone x Ciro, a minha argumentação seria feito com raciocínios fora da caixa, posto que as proposições aparentemente salvadoras apresentadas não teriam (e não têm) consistência sob um capitalismo decadente e seu Estado falido em decorrência desta falência estrutural de onde retira a sua seiva econômica. 

Os argumentos expendidos abstraem os números da depressão econômica mundial na qual estamos inseridos, como se pudéssemos ser dela poupados embora utilizemos os mesmos mecanismos que a causam; e as estatísticas da realidade social de tragédia insuperável sob o capital eram citados como se estes candidatos não pertencessem, como governantes (e também como parlamentares) que foram, às causas desta mesma realidade.  

Contrapor-se ao capitalismo e sua lógica de retomada do desenvolvimento econômico a partir de determinados pressupostos (falsos) não está facultado aos(às) jornalistas de uma empresa que detém forte importância no contexto capitalista. 

Mas somente um jornalista com a alma revolucionária e independência de um Celso Lungaretti (qualidades que evidentemente seus colegas da Globonews não têm, por mais competentes que sejam, e são), e num debate sem patrocínio mercantil e organizado por um veículo de comunicação isento, poderia colocar as coisas sob um raciocínio fora da caixa e demonstrar que a ingovernabilidade não decorre da falta de competência administrativa, mas sim de contradições econômicas insanáveis.  
Um plano golpista era bisar esta
zorra, mas ficou óbvio a ponto
de Deus e o mundo perceberem
.


Boçalnaro, o ignaro
, tornou evidente a sua ignorância político-estratégica e está isolado. 

Também na semana passada o seu ministro da Defesa em reunião com seus pares internacionais, se contrapôs (ainda que com palavras de duplo sentido, num malabarismo retórico evidente) ao seu discurso de derrotado; até o presidente da Câmara Federal teve o desplante de contestar suas alucinações ao vivo. deixando numa posição desconfortável aquele que lhe concedeu o orçamento secreto.

Mas não nos iludamos, o preside(me)nte e sua horda de fanáticos, tal qual Donald Trump, tentará sair do poder atirando, e talvez se exilando para escapar de uma possível cana por tantos desmandos e crimes de responsabilidade cometidos. 

Precisamos, portanto, nos mobilizar na contraposição ao pretendido golpe, sem considerar que as forças ultraconservadoras estejam mortas e sepultadas; elas estão apenas isoladas, mas vociferando.  

Precisamos de uma nova ordem jurídico-constitucional fora da lógica do capital, verdadeiramente popular, que dê ao povo, pela primeira vez nesta terra brasiliana, a capacidade de decidir, acertar, errar, consertar e comemorar aquilo que for o resultado de sua responsabilidade soberana. (por Dalton Rosado)

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