sexta-feira, 29 de abril de 2022

CIRO GOMES DÁ UM CHEGA-PRA-LÁ NUM BOLSOMINION. E DAÍ?

C
iro Gomes tem muitos defeitos, mas ele e o irmão Cid não fogem da briga nem ficam escondidos debaixo da cama quando é hora de irem à rua defender suas convicções de peito aberto. 

Importunado por um bolsominion que insistia em colocar-se à frente, atrapalhando sua caminhada na Agrishow de Ribeirão Preto (SP), Ciro lhe deu um chega-pra-lá e o provocador achou melhor bater em retirada. 

Não foi uma verdadeira agressão; nem sequer um forte empurrão, que teria atirado o bolsominion no chão. Suponho que o dito cujo se afastou por perceber, fuzilado pelo olhar do Ciro, que o candidato não deixaria barata mais uma petulância.

Fernando Collor conquistou a confiança das elites, que até então buscavam outras opções, por não intimidar-se em 1989 diante de uma multidão hostil no RJ, prosseguindo com sua carreata e mostrando o muque aos que o ameaçavam.

Em maio de 1978, o já sexagenário Ulysses Guimarães deu exemplo aos outros oradores que com ele participariam de um comício em Salvador. Para chegar ao palanque, tinha de atravessar uma praça tomada por 400 policiais com seus cães ferozes, mas não titubeou: foi em frente, exigindo que abrissem passagem para um deputado do Brasil. 
O senador Cid Gomes levou dois tiros ao se lançar com
uma retroescavadeira contra PMs amotinados em 2020
Os outros políticos tiveram de segui-lo, pisando em ovos, porque seria vergonhoso demais mostrarem covardia em tal situação. 

Ciro Gomes, vale acrescentar, foi além na Agrishow, acusando o Bozo de nazista e de ladrão de rachadinha.

Dos presidenciáveis de esquerda ou que se passam por tais, ele é, sem dúvida, aquele que mais demonstra ter os brios de um verdadeiro homem de esquerda. 

À falta do saudoso Leonel Brizola, é o único que, eleito, não se intimidaria diante de um golpe ultradireitista, dispondo-se a lutar pelo seu mandato. Jamais aceitaria ser escorraçado do Palácio do Planalto com um pontapé no traseiro.  

Infelizmente para o nosso lado, ao que tudo indica não será ele o eleito. As lições de 1964 e 2016 foram insuficientes para nos compenetrarmos de que não basta ganharmos eleições, temos de estar aptos para defender mandatos quando os poderosos decidem virar a mesa.  (por Celso Lungaretti)

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