terça-feira, 29 de março de 2022

PRAGMATISMO POLÍTICO COSTUMA SER DESCULPA PARA ATOS ESPÚRIOS – 1

dalton rosado
QUANDO OS PRETENSOS OPOSTOS SE ATRAEM
Em política, como na guerra e nos processos judiciais, a primeira coisa que sucumbe é a verdade.

Comecemos pelo direito. Nos meus quase 46 anos de advocacia confirmei aquilo se ouvia na faculdade: a subjetividade interpretativa das leis encontra justificativa para tudo. 

Já vi juízes corruptos fundamentarem a injustiça com palavreado pomposo do jargão jurídico e, com isto, fazerem valer direitos inexistentes que nada mais são do que a negação do direito como realização do ideal moral de justiça. 

Vale ressalvar que ainda existem muitos juízes probos, mas eles são obrigados ao cumprimento da lei injusta, mesmo que isto fira o seu senso de justiça.

Graças à interpretação capciosa da lei pelos julgadores, abundam os julgamentos tendenciosos, que apenas alavancam o antidireito codificado e doutrinariamente justificado (que já é, por si só, segregacionista na sociedade do capital, pois no capitalismo o direito é um mal social). 

Na política, a interpretação e versão facciosa dos fatos ocorre até com mais intensidade. Verificamos a negação de princípios virtuosos em nome da pretensa realização da virtude; e a defesa do indefensável, como se, por questões táticas, fosse sempre necessário engolir sapos que, de tão volumosos, terminam por infectar o organismo no qual se instalam.  

Há muita gente bem intencionada que, p. ex., justifica a agressão do Vladimir Putin à Ucrânia como se fosse comportamento correto por conta de uma contraposição ao capitalismo ocidental hipócrita e não menos criminoso. Uma injustiça não justifica outra.

Putin tem um histórico pessoal de inclinação totalitária firmado e afirmado por sua profissão de policial do serviço de Inteligência da Rússia, cuja tradição sempre foi a de atuar como tribunal de exceção que aterroriza, julga, condena e mata. 

A antiga KGB e Stalin formaram um simbiose tenebrosa que a propaganda inimiga fez os desinformados do mundo inteiro tomarem como exemplo de um regime comunista, o que a URSS nunca foi. Putin pertence a esta escola doutrinária nefasta.   

O perpetuado mandatário russo no poder gosta das lutas marciais nas quais se tornou faixa preta e se insere num figurino pragmático ditatorial que se encaixa perfeitamente em face de tantas agressões por ele praticadas às nações que um dia pertenceram à União Soviética (a qual, aliás, se desintegrou em momento de necessidade da expansão capitalista que tudo determina).  

O ocidente capitalista também tem pecados indesculpáveis neste campo de atuação e interesses.

Mas não precisamos ir muito longe, de vez que temos em nossa casa a evidência de pretensos opostos que se atraem. Não é que o discípulo tupiniquim de Donald Trump resolveu alçar um voo de estadista de aza quebrada ao ninho putinista, anteriormente por ele próprio criticado? Lembram-se da rejeição dele à vacina comunista da Rússia
 
Boçalnaro, o ignaro, vale lembrar, até ontem considerava Nicolás Maduro (aquele ditador venezuelano que disse ser visitado por um passarinho verde-oliva no qual se encarnava o espírito de Hugo Chaves...) e a ele se referia como uma exata personificação do mal comunista. Agora, Maduro e o genocida brasileiro estão alinhados no apoio a Putin!

Quem completa o trio de aliados paradoxais de Putin é Daniel Ortega, ex-guerrilheiro sandinista que se transmutou em ditador totalitário religioso de fazer inveja ao antecessor nicaraguense Anastasio Somoza. Quantas voltas o mundo dá... (por Dalton Rosado continua neste post)

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