MILTON RIBEIRO CAI, MAS
FOI ELE QUEM PÔS OS DOIS PASTORES NO MEC E ENGENDROU O ESQUEMA?
O presidente Jair Bolsonaro definiu as eleições de 2022 como luta entre o bem e o mal, mas foi um tiro pela culatra, porque deixou uma dúvida estimulada pelas próprias imagens do milésimo lançamento de sua candidatura à Presidência ao arrepio da lei eleitoral: o que é o bem e o que é o mal, quem é santo e quem é demônio?
A aliança do ex-presidente Lula com o ex-tucano Geraldo Alckmin é o quê?
E o palanque de Bolsonaro com o general Augusto Heleno ao lado do ex-presidente Fernando Collor, que sofreu impeachment por corrupção, e do mandachuva do PL, Valdemar Costa Neto, preso no mensalão do PT?
Se o Lollapalooza é do mal e merece multa por campanha antecipada pela estridência do Fora Bolsonaro, estranha o ministro do TSE Raul Araújo achar que outdoors de campanha do presidente são do bem, bacanas.
E as motos, jet skis, cavalos e palanques de Bolsonaro são o quê? Carnaval eleitoral fora de época pode?
Enquanto Bolsonaro falava no seu Lollapalooza particular sobre o quanto lhe embrulha o estômago ter de cumprir a Constituição, as entranhas do governo se contorciam para jogar a culpa toda do novo escândalo no ministro-pastor Milton Ribeiro.
Ele perdeu apoio do Executivo, do Legislativo e da Frente Parlamentar Evangélica (ou bancada da Bíblia), terminando por pedir demissão nesta 2ª feira, 28.
Mas, afinal, foi mesmo Ribeiro quem decidiu pôr os pastores Gilmar e Arilton no MEC e na jogada? Engendrou cobranças de R$ 15 mil, R$ 40 mil, um quilo de ouro, mil bíblias ou grana para campanhas políticas para liberar verbas para as prefeituras? E abriu as asas da FAB para eles? Ou ele acatou as ordens de cima e lavou as mãos?
Estava óbvio que Bolsonaro iria demitir, ôps!, acatar o pedido de demissão do ministro, depois de dizer em live que botava a cara no fogo por ele.
Quando eu anunciei que ele tinha decidido demitir Vélez Rodriguez, o presidente me chamou de mentirosa pelo Twitter. Doze dias depois, o primeiro ministro da Educação caiu.
Agora é saber se o problema acabou, ou se Ribeiro vai matar no peito; se mais e mais histórias vão surgir e o quanto elas desabam no Planalto e no gabinete presidencial.
Bolsonaro é craque em sair de fininho do gabinete do ódio e das fake news, do gabinete paralelo da cloroquina, do gabinete secreto dos bilhões do Orçamento. Vai sair também desta vez?
O mal está com o pastor Ribeiro e o bem com o chefe dele? Alias, o mal está com o general Silva e Luna e o bem com Bolsonaro? (por Eliane Cantanhêde, n'O Estado de S. Paulo)
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