Meu último emprego como jornalista profissional foi na empresa de comunicação empresarial do Antonio De Salvo, que havia sido o terceiro relações públicas a surgir no Brasil e era então o único que continuava em atividade.
Com décadas de experiência nas costas, ele aconselhava os empresários seus clientes a, quando algum escândalo os envolvia, só lutarem para provar inocência se fossem real e totalmente inocentes.
Se as acusações que sofriam tinham um tanto de verdade, alertava ele, esse tanto acabaria se tornando do conhecimento público e, a partir daí, nada que o fulano alegasse voltaria a ter credibilidade.
Então, sua orientação era no sentido que fosse distribuída uma nota à imprensa (que ele mesmo redigia), na qual o cliente admitia sucintamente a culpa, sem entrar em muitos detalhes.
"Isto – explicava ele – servia para dar uma satisfação à imprensa. Então ela cantava vitória e, não se tratando de um assunto de grande importância, considerava o episódio encerrado ."
Jair Bolsonaro fez tudo errado, como sempre. Relutou durante uma semana até tomar a providência óbvia e obrigatória, o que apenas serviu para o escândalo permanecer 7 dias na vitrine, com novos e escabrosos detalhes sendo acrescentados a cada instante.
E, por ter demorado demais para afastar um ministro encalacrado até o pescoço, fez Deus e o mundo perceberem que ele também tinha culpa no cartório – e muita!
O desfecho inescapável, se adotado na hora certa, até reforçaria seu prestígio (se é que ainda lhe sobra algum...).
Mas, depois da eternidade que demorou, esta só pode ser interpretada pelos bípedes racionais como outra derrota pessoal do Bozo: quis segurar a onda até o escândalo esfriar, mas não aguentou a pressão e capitulou, mandando o Milton Ribeiro vazar.
Quem é burro, peça a Deus que o mate e ao diabo que o carregue, dizia um velho provérbio lusitano. (por Celso Lungaretti)
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