segunda-feira, 15 de novembro de 2021

ALGUMAS IDIOTICES ABSOLUTAS – 3

(continuação deste post)
O
s camisas-pardas nazistas, ainda no início da década de 1930, invadiam bares gays, saqueavam lojas de judeus, perseguiam ciganos e prendiam divergentes políticos (principalmente comunistas) simplesmente por serem considerados por estes grupamentos paramilitares como nocivos aos interesses da Alemanha, tudo sob critérios superficiais de julgamentos doutrinários sumários. 

O povo alemão, que ficava calado por medo e covardia, apoiava Hitler e sua turma, até que um dia viram seus filhos mortos nos campos de batalha e suas casas bombardeadas como revide a uma guerra mundial insana provocada pelos nazistas. 

O nazismo, não importa o nome político que adote, é uma doutrina do terror estatal, e quando ganha apoio popular torna-se terrivelmente despótico e anticivilizatório. 

O Brasil por algum momento embarcou nesta canoa, mas felizmente parece que a consciência histórica aliada a descrédito governamental causado pela depressão econômica capitalista e evidência do genocídio epidêmico viral evitou o pior, por enquanto.  
CONSIDERAR-SE ABSOLUTAMENTE ANTAGÔNICOS O CAPITAL E O TRABALHO ABSTRATO  –  Capital e trabalho abstrato são apenas faces de uma mesma moeda, literal e conceitualmente. Um não existe sem o outro. 

Não é por menos que doutrinas políticas aparentemente tão dispares, como o capitalismo de Estado, o nazismo e o capitalismo liberal democrático burguês colocam no altar dos santos imaculados o trabalhador e o trabalho.
Entrada de Auschwitz: o trabalho liberta mesmo?!

O capital, valor acumulado em razão do roubo do tempo de trabalho abstrato produtor dos ditos cujos (capital e valor), é uma forma desenvolvida do antigo escravismo direto, no qual um ser humano era proprietário de outro e ainda não havia, em sua acepção mais completa, o conceito de capitalismo.

Destarte, o trabalho abstrato, pretensamente libertador do escravismo direto feudal, é a primeira categoria formadora do capitalismo, que transformou tudo em mercadoria (sendo a mercadoria
força de trabalho, mensurada sob o critério de tempo-valor, a sua primeira e primária fonte existencial). 

Os marxistas tradicionais colocaram em suas bandeiras a foice e o martelo, símbolos dos trabalhadores industriais e campesinos, como se estes fossem os artífices da libertação social deles mesmos, quando. na verdade, a conservação de tais categorias apenas representava a continuidade do escravismo capitalista sob outra forma política e de propriedade (que passou a ser estatal), conservando-se o próprio obtuso e segregacionista conceito jurídico de propriedade. 

Tais categorias capitalistas deveriam ter sido negadas e, ao invés de um Estado proletário, deveria ter sido instituída uma sociedade de homens livres, autodeterminados juridicamente (por cânones legais que horizontalizasse as decisões coletivas e não as centralizasse) e produtivamente (com produção de bens e serviços destinados ao consumo coletivo e não de mercadorias).

Os nazistas eram capitalistas nacionalistas e tinham no endeusamento do trabalho abstrato produtor de valor uma de suas bandeiras principais, sob a qual exaltavam a capacidade produtiva do trabalhador ariano em detrimento de outros trabalhadores que consideravam menos capazes e aos quais pretendiam escravizar política e militarmente (com viés racista declaradamente admitido). 
A frase o trabalho liberta, na entrada dos campos de concentração nazistas, dá bem a dimensão simbólica e doutrinária do que seja um ser humano produtor de bens para toda coletividade transformado em cidadão trabalhador abstrato produtor de capital, esta última se configurando como a forma engenhosa sob a qual se pode ter o domínio legal e monetário, a partir da propriedade de mercadorias e de um quantum de valor monetário.

Os liberais democratas, por sua vez, também exaltam o trabalho e o trabalhador, mas sob uma ordem jurídico-econômica-constitucional na qual a raposa se locupleta fartamente diante das galinhas num mesmo galinheiro, com tentáculos mundiais. 

Com sua hegemonia econômica e financeira, os países ricos que exportam mercadorias manufaturadas possuem importantes patentes industriais, sistema de moedas fortes, sistema bancário detentor de hegemonia de moeda internacional, etc.; e agora veem as suas industrias migrarem para os países pobres por conta da concorrência internacional de mercado, que obriga as ditas cujas a buscarem trabalho abstrato barato. 

Tal ocorrência, que tem tantos problemas internos tem causado nos países ricos, mostra como funciona o processo dialético social: este sempre termina por expor as contradições daquilo que é essencialmente contraditório. Não há mal que sempre dure. 

O trabalho abstrato é o cerne de todo o complexo funcional capitalista! 

Se um capitalista possui milhões num banco, tem, automaticamente, a capacidade de ser dono de quaisquer outras mercadorias dimensionadas sob o critério jurídico e econômico dos muitos tempos-valores de trabalhos abstratos coagulados nessas mesmas mercadorias. 

Daí um partido de trabalhadores (até o partido nazista se dizia trabalhista) ser, acima de tudo, uma entidade que depende da continuidade político-jurídica-econômica dessa relação cumpliciada e escravista entre capital e trabalho.

Tanto os capitalistas como os trabalhadores se digladiam para a obtenção de uma única mercadoria: o dinheiro. O pretenso antagonismo se opera sob regras predeterminadas e dentro de um mesmo jogo, sendo, portanto, apenas relativa, e não absoluta.  

Evidentemente, é desigual a correlação de forças entre a síntese de todas as categorias (o capitalismo) e seu administrador (o capitalista privado ou estatal), na comparação com as categorias capitalistas trabalhador e trabalho abstrato, mormente num estágio de depressão econômica na qual a oferta de mão-de-obra abundante torna a mercadoria trabalho profundamente desvalorizada em termos da lei capitalista da oferta e da procura. 

A questão, portanto,  não é nos emanciparmos NO trabalho, mas sim nos emanciparmos DO trabalho. (por Dalton Rosado) 
Nos artigos e nas canções, o Dalton reafirma sempre a sua certeza
de que a exploração do homem pelo homem tem os dias contados 

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