sábado, 14 de agosto de 2021

ROBERTO JEFFERSON CORPORIFICA A DECREPITUDE DE UM SISTEMA POLÍTICO

Bob Jeff, o gatilho mais
rápido do velho (Centro) Oeste
A prisão de Roberto Jefferson, por ataques e ameaças ao STF, é mais um elemento da paisagem da crise brasileira. 

Mas não pretendo falar da prisão, acontecimento menor, e sim do quanto o dono do PTB representa a deterioração da política brasileira, fato literalmente encarnado nele. 

Jefferson ascendeu à política ao final da ditadura graças à participação no programa popularesco O Povo na TV. Virou deputado pelo MDB e, por uma metamorfose, acabou no PTB. 

Tratava-se de uma legenda representativa do antigo trabalhismo pré-ditadura militar, na qual habitaram Getúlio, Jango e Brizola (este último, inclusive, perdeu para Ivete Vargas o direito de usar a sigla e viu-se obrigado a fundar o PDT).

Atualmente um dos maiores fanáticos da horda bolsonarista, Jefferson decolou no PTB defendendo os direitos humanos, a democracia e os trabalhadores. Enquadrava-se bem no figurino da época, diante do desgaste dos militares e da miséria geral induzida pela política econômica do ministro, Delfim Netto. Não foi preciso muito tempo para ele se tornar o cacique  do PTB.

Virou um fisiológico de primeira e estreou sua verve comandando a tropa de choque de Fernando Collor, o suposto caçador de marajás.  
Eram grandes amigos...
Quando saíram de moda os ideais social-democratas característicos do fim da ditadura e da Nova República, o camaleônico Jefferson adaptou-se ao soprar dos ventos, tendo chegado aos anos Lula com outra cabeça.

Aí, indignado com uma devassa contra seus e$quema$ nos Correios, Jefferson chutou o pau da barraca: subitamente virou combatente da corrupção desde criancinha e, com suas denúncias, fez eclodir o escândalo do mensalão.  

Era um astro da mídia brasileira, mesmo ele também fazendo parte do esquema... 

Condenado e preso, voltou no governo Temer, após haver dado seu tímido apoio ao impeachment da Dilma, e tentou abocanhar o Ministério do Trabalho, colocando lá sua filha. Ela, contudo, foi barrada pelo STF e aí começou seu ódio à corte. 

Igual a muitos, ingressou na trupe do Bozo e virou o mais fanático falador de olavices. Adepto à risca da estética bolsonarista, já apareceu com dois rifles cruzados, o olhar cadáverico e o discurso firme, ameaçando a China, o Supremo, os comunistas, os judeus, até o papa (!) e negando a existência da gravidade (!!). 
...mas, antes de tudo, vem a família.

Na falta de amigos, Bolsonaro tinha até mesmo assistido a uma live dele, na qual o ex-mensaleiro defendia o desenferrujar das armas (!!!). 

Basta pegar uma foto de Jefferson para não haver dúvidas: o homem está em processo acelerado de degeneração mental. O olhar louco e o aspecto doentio são provas cabais. 

Tendo passado por diversas cirurgias devido a um câncer, é absolutamente lícito supormos que ele esteja sofrendo algum processo de demência cada vez mais acentuada. E, por isso até, ele possa falar tantas coisas desconexas sem nenhum pudor do ridículo. 

O caso, portanto, me parece mais médico do que policial

No entanto, a deterioração física do homem Roberto Jefferson é uma perfeita analogia da deterioração de nosso próprio sistema político. Saído das ruínas da ditadura, apenas em aparência comprometido com os ideias da social-democracia e da civilização, logo revelou ser apenas uma criatura do mais baixo fisiologismo, pronta a destruir qualquer direito social ou trabalhista em troca de verba e cargo.
"olhar louco e aspecto doentio"
No fim, enlouqueceu e foi parar no colo de um alucinado cujas ideias provêm de um falso filósofo, astrólogo que vive eternamente no mundo dos chapados. 

Seria cômico se não fosse trágico. Afinal, como pôde alguém tão insignificante e medíocre quase ter derrubado um presidente no passado e agora estar no centro de um imbróglio que poderá gerar um conflito de Poderes de desfecho imprevisível?!  

Jefferson é um símbolo emblemático da decrepitude nacional.  

(por David Emanuel Coelho)

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