sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A INSATISFAÇÃO DOS PRAÇAS DAS PM's COM POUCA GRANA E MUITO RISCO OS PREDISPÔS A ENGOLIREM AS LOROTAS DO GENOCIDA – 1

dalton rosado
A INVERSÃO DE CONCEITOS
Nada é mais perigoso para a prevalência da soberana vontade do povo do que a inversão de conceitos capaz de levar os cidadãos a agirem contra os próprios interesses, iludidos por falácias e manipulações. 

Vale citar novamente os exemplos históricos das duas guerras mundiais, em razão de suas importâncias para a vida da humanidade mais recente, e pela similaridade com o momento atual de crise sistêmica global do capitalismo, cada vez mais aguda, agora adicionada a uma crise ecológica que antes não tão ameaçadora como agora.  

Sabemos que a grande depressão iniciada com a crise financeira de 1929 e que estendeu-se pela década de 1930 adentro, até o início da 2ª Guerra Mundial , causada pela segunda revolução industrial fordista e consequente mudança nos modos de produção, acarretou uma paralisia econômica e o acirramento da disputa hegemônica de poderio político-econômico e militar entre as nações.

O partido nazista, na década de 1930, adotava uma retórica de defesa dos trabalhadores alemães, que sofriam com a penúria subsequente à derrota germânica na 1ª Guerra Mundial e do impiedoso armistício imposto aos vencidos. 
PM's cearenses que se amotinaram em fevereiro/2020: encapuzados como os bandidos.
O discurso de resgate da primazia da raça ariana alemã, misturado a uma situação concreta de miséria social (a hiperinflação de 1923 fez com que a moeda germânica fosse abandonada em sacos de lixo, tão inútil se tornara como meio de troca!), foi o motor da ascensão de uma inversão de conceitos propagada pelo pelos nazistas, que levou o mundo à 
2ª Guerra Mundial e à morte de 3% da população do planeta, algo que, aplicado às estatísticas populacionais de hoje, representaria mais de 200 milhões de óbitos.

O mundo passa por hoje uma situação de certa forma similar àquela e a miséria, por si só, nunca é boa conselheira, apesar de ser o motor da insatisfação popular generalizada que, em suas marchas e contramarchas, provoca mudanças irreversíveis.

O perigo é que os salvadores da pátria de plantão (miniaturas de Hitler) sempre acenam com soluções que parecem fáceis para o cidadão comum, incapaz de compreender que geralmente são inverossímeis.   
Promovem a inversão de conceitos tentando demonstrar que eles são a solução fácil, que o injusto é justo, o torto é reto e o mal, um bem. 

Os ganhos civilizatórios obtidos a duras penas dão lugar a retrocessos sociais inaceitáveis, como os impostos a ferro e fogo pela seita fundamentalista-religiosa-militar talibã.  

A tragédia sanitária mundial da covid-19, com seus 4 milhões de mortes (que, segundo Samara Alma, vice-diretora do OMS, trata-se de um balanço subestimado, devendo o verdadeiro total estar entre 6 e 8 milhões de óbitos), nem chega perto das tragédias das duas guerras mundiais, quando morreram no mínimo 80 milhões e no máximo 105 milhões de seres humanos.

Além de ter causado danos ao capitalismo já cambaleante, a crise sanitária poderá representar uma antecipação ao desfecho trágico programado pelas turbulências da transição do fim deste modo de relação social que tem causado graves danos sociais e ecológicos em razão da razão da acentuação das suas contradições internas, e devido à previsível reação do privilegiados ameaçados de perderem pelo menos os anéis, senão os dedos. 

Paulo Guedes ressalta a obviedade de que todos sofrem com a inflação, mas omite que tal situação é causada pela necessidade de emissão de moedas podres para os governos fazerem frente ao crescimento da dívida pública e privada mundo afora, sem conexão com a produção de mercadorias, prenunciando o futuro colapso do sistema financeiro internacional.
 
A insatisfação social com governos de todos os matizes (inclusive os de esquerda), mas que governam sob a égide do capital como forma caduca de mediação social, pode ser o móvel de governos militares que querem manter a ordem social capitalista mediante baionetas e metralhadoras.

A Grande Revolução Francesa, que acelerou o fim do feudalismo monárquico na Europa de então (finalzinho do século 18), foi causada pela fome do povo e a ascendência e desenvolvimento de relações mercantis que em tudo conspiravam contra o status quo ante

Foram, no entanto, a fome e miséria que continuavam fustigando o povo francês durante a transição, e a força militar interna incensada pelas conquistas napoleônicas (as quais incutiram no povo francês a esperança de melhora na vida social) que entronizaram o pequeno caporal como imperador absolutista, na sequência da revolução republicana. 

Tratou-se de um processo de marchas e contramarchas (até volta da monarquia ocorreu após a derrocada de Napoleão Bonaparte!), cujo desfecho foi a consolidação do poder republicano burguês; ou seja, foi a miséria o que entronizou um regime militar pretensamente salvador na França pós-revolucionária. 

Devemos aprender com a história... (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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