POR QUE O GABINETE PARALELO É
UMA PEÇA-CHAVE DA CPI DA COVID?
Na CPI da Covid, os senadores e depoentes falaram 45 vezes na existência de um gabinete paralelo que orientava Jair Bolsonaro na pandemia. Outras 41 referências foram feitas a variantes como aconselhamento paralelo, estrutura paralela, comando paralelo ou, nas palavras do relator Renan Calheiros, Ministério da Doença.
A comissão reuniu documentos e declarações que mostram que o presidente discutiu os passos do governo com médicos e leigos sem ligação com o Ministério da Saúde. Pode parecer uma bobagem que rendeu só frases de efeito e organogramas em PowerPoint, mas os relatos têm papel relevante na investigação.
A CPI quer mostrar que Bolsonaro desenvolveu, sob orientação desses conselheiros, uma política de propagação intencional do coronavírus.
A sabotagem a medidas de restrição, a recusa de vacinas e o investimento na cloroquina não foram simplesmente escolhas erradas de um presidente descuidado, mas um caminho traçado por esse gabinete.
Essa visão reforça o dolo de Bolsonaro na pandemia. Para evitar prejuízos para o governo, o presidente estimulou os brasileiros a circularem normalmente, sob a ilusão de que estariam protegidos por estoques de cloroquina. A ideia era atingir uma imunidade natural, sem vacinação. O resultado foi a aceleração do contágio e o aumento das mortes.
A imagem do gabinete paralelo dá um peso adicional à história. Para senadores da comissão, o presidente escolheu se reunir com um grupo que pudesse dar aparência pretensamente técnica a essas escolhas, ignorando deliberadamente as vozes que diziam que aquilo tudo era maluquice –mesmo aquelas que estavam dentro do Ministério da Saúde.
"Eu sempre disse: o presidente não sonhou com tratamento precoce e imunização de rebanho. Alguém convenceu ele a fazer isso. Há um convencimento de que aquele grupo é responsável por crimes contra a vida".
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