EXTINÇÃO DO NOME BOLSONARO
Imagine se, nascido na Romênia, você portar o sobrenome Drakul.
Será difícil esconder que, por mais correto como cidadão, marido e pai exemplar e dedicado colecionador de selos, você é tatatatatataraneto de Vlad Drakul (1431-1476) –ou príncipe Vlad, o Empalador, famoso por ter executado 40 mil inimigos atravessando-os do ânus à boca, vivos, lentamente, com estacas pontiagudas.
Drakul foi também o nome em que se inspirou o irlandês Bram Stoker ao batizar seu vampiro Drácula, em 1897. Não é sobrenome dos mais confortáveis para se levar pela vida.
Mas, assim como há séculos não deve haver mais Drakuls por lá, não se conhecem também Torquemadas na Espanha –quem vai admitir ser descendente de Tomás de Torquemada, que mandou milhares de hereges e judeus para a fogueira no século 15?
E de quantos Hitlers você ouviu falar na Alemanha e na Áustria desde o suicídio de Adolf em 1945? É verdade que, possivelmente broxa, o führer não deixou filhos, mas não terão sobrado sobrinhos e primos com seu nome?
E será conveniente ter hoje o sobrenome Tsé-tung na China, Amin Dada em Uganda e Pol Pot no Camboja? Os três somados ordenaram quase 80 milhões de mortes no século 20.
Façanhas invejáveis até por Jair Bolsonaro, responsável por boa parte dos por enquanto 13,6 milhões de brasileiros contaminados com a Covid e 358 mil mortos, números de que logo sentiremos saudade. Aos quais Bolsonaro chegou por um somatório de negação, sabotagem e mentiras, imortalizadas em tantas declarações gravadas. Nunca um criminoso se entregou tanto pela palavra.
O nome Bolsonaro também desaparecerá por falta de quem ouse usá-lo. Claro que, sabendo como seus filhos devem lavar o cérebro de seus próximos, talvez leve mais uma ou duas gerações para ele se tornar uma maldição.
Neste momento, pelo menos, já desprende um hálito putrefato, impossível de disfarçar. (por Ruy Castro)
8 comentários:
excelente lembrança e comparação..segundo a Wikipedia
Vlad Dracula é lembrado apenas como um príncipe que defendeu seu povo dos estrangeiros, sejam esses estrangeiros os invasores turcos ou os comerciantes alemães. Ele também é lembrado como um herói dos homens comuns que venceu a luta contra a opressão dos boiardos. A parte central da tradição verbal é a insistência de Vlad na honestidade para eliminar o crime e o comportamento imoral da região. Infelizmente, apesar das interpretações mais positivas de sua vida, Vlad Dracula é lembrado muitas vezes como um governante caprichoso.
Apesar das diferenças entre essas diversas fontes, existem alguns relatos que são comuns entre eles. Os panfletos alemães e russos concordam, notavelmente, em muitos detalhes das obras de Vlad Dracula. Este nível de concordância levou muitos historiadores a concluir que tais informações devem, pelo menos em certa medida, serem verdadeiras.
Entre muitos voce poderia citar tambem: Stalin, Mao Dze Dong, Pol Pot, Ceaucesco, Fidel. Vai contestar que nao existem carniceiros de ezquerda?
Valmir,
a Wikipedia não é exatamente uma fonte confiável. Já li muito sobre o Vlad Drakul e fiquei com a impressão de que ele defendeu, sim, sua gente, mas com a brutalidade que se tornou lendária. Ao que tudo indica, ele empalava mesmo os inimigos.
Anônimo das 22h18,
em primeiro lugar, o artigo é do Ruy Castro e quem fez essa lista de grandes genocidas da História foi ele.
Mas, não vou fugir da raia: eu também considero que o Bolsonaro faz jus a um lugar nessa relação. Afinal, os cálculos de epidemiologistas são de que as mortes por coronavírus estão chegando (afora as escamoteadas) no patamar de meio milhão de vítimas, e que pelo menos 40% poderiam ter sido evitados caso o presidente do Brasil não fosse negacionista, sabotador dos esforços dos médicos e, provavelmente, um demente.
Segundo: preste atenção no que lê, pois o Mao tsé-Tung e o Pol Pot foram, sim, citados pelo Ruy Castro.
Terceiro: concordo consigo quanto ao Stalin. Ele foi mesmo um déspota sanguinário.
Quarto: "esquerda" é um termo muito vago. Mas, se estivermos nos referindo aos seguidores de Karl Marx, esses cinco que você citou tinham tanto a ver com ele quanto Torquemada tinha a ver com Cristo.
Existe feiura nisso de zombar e humilhar as pessoas por causa de seu nome.
Conheci pessoas maravilhosas parentes de políticos asquerosos.
Julgar os outros por um preconceito (no caso o sobrenome) é coisa de nazista.
Companheiro editor, você disse que é contra eleições (livres e diretas) e agora dá voz ao preconceito facista?
O nome da falácia que o Ruy tenta impingir é Post hoc ergo propter hoc.
Acredito que o senhor não quer transformar isso aqui num Pravda.
Pode ser que tenha faltado o seu "toque" de editor.
Fica na paz.
Celso
Veja só! Algumas linhas do Ruy Castro geram vários comentários!
Curioso não?
Abraços
Menos, SF, menos!
É óbvio que o Ruy Castro não está nem aí para quem carrega esses sobrenomes. O que ele quis foi criar uma lengalenga que justificasse a comparação dos execráveis do passado ao abominável do presente.
Eu realmente considero o humor muito mais importante do que esses cricris politicamente corretos. A vida ficará uma chatice extrema se não pudermos fazer blagues, sempre com medo de incomodar alguma patrulha dessas.
De resto, o Ruy radicalizou muito sua esculhambação do Bozo depois que o ministro da Justiça determinou à Polícia Federal que o inquirisse sobre uma crônica inofensiva. Desde então, ele faz crônicas cada vez mais ofensivas contra o genocida.
E faço questão de publicar todas, porque eu também já sofri esse tipo de retaliação, na ditadura militar. Depois da prisão, torturas, julgamentos, etc., lá por 1981 ou 1982 eu trabalhava numa editora de revistas masculinas como redator, mas umas bruxas andaram fazendo passeatas num bairro de São Paulo contra a "pouca vergonha" (a censura liberara o nu frontal) e uma edição da Fiesta foi apreendida nas bancas.
Aí, grotescamente, me processaram por terem considerado pornográficos um conto e um anúncio publicitário. Ocorre que o conto tinha autor certo e conhecido (não era meu) e o texto de um anúncio já vem pronto do anunciante. Ou seja, nenhum desses itens tinha absolutamente nada a ver com os deveres de um redator.
Fui na primeira audiência certo de que reconheceriam o erro e extinguiriam a acusação contra mim. Incrivelmente, me mantiveram como réu até o julgamento, quando a promotoria recomendou a minha absolvição.
Foram umas quatro ou cinco tardes perdidas no horroroso Palácio de Justiça da praça João Mendes (SP), vendo chegarem presos algemados (o que me trazia más lembranças) e geralmente sob um calor de rachar. Era convocado para as 13 horas, mas, como os casos que tinham réus presos passavam na frente, nunca saí de lá antes das 17 horas.
Como não sou nenhum idiota, ficou claro para mim que se tratava de uma forma de retaliação, pois continuava, de forma mais sutil, divulgando e defendendo meus ideais.
Assim como está claro para mim que tentaram intimidar o Ruy. E aprecio imensamente sua reação de dobrar a aposta, pagando para ver.
Quanto às eleições, depois das fraudes eleitorais gritantes que conduziram à vitória de um indivíduo sem condições mentais, morais nem intelectuais para sequer concorrer a tal cargo, como você pode falar em "eleições livres e diretas"?! São, isto sim, engana-trouxas, jogos de cartas marcadas.
O poder econômico deita e rola; e, quando percebe que escolheu o cavalo errado, arruma sempre um pretexto para virar a mesa.
De resto, meu caro, percebi nas suas duas últimas mensagens que vc não revelou o verdadeiro motivo de suas catilinárias. Ganharíamos tempo se vc fosse "al grano", como dizem os espanhóis.
Abs.
Tranquilo, Celso.
Primeiro, não chegam a serem Catilinárias. É até uma ofensa ao solerte Cícero comparar um zé-ninguém como eu a ele.
Segundo, é da minha natureza não gostar de falácias.
Mas, realmente, o "grano" (o ponto) é que me falta humor e empatia.
Tenho estado muito chato ultimamente.
Portanto, peço desculpas.
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