Mas o amor e o diálogo só podem existir na terra destruída pela guerra. Só há pacificador onde há provocador; apenas depois da desordem é possível aparecer o herói da ordem, campeão humanista.
É nesta lógica que Lula se orienta ao permanecer sentado diante da mortandade provocada pelo bolsonarismo. Para ele, o impeachment é fora de cogitação, supostamente por não haver tempo, por não existir consenso ou mesmo porque impeachment seria golpe.
Não é gratuito, portanto, estar a política calcada no quanto pior, melhor. Quanto pior a gestão –para falar na linguagem dos tecnocratas– de um grupo, mais fácil se torna para seus opositores o desalojarem em seguida.
Claro, com isso eximo Lula de ser o inventor da politicagem. Esta é a essência do regime burguês desde sempre. É por isso que os revolucionários não devem assumir a administração do Estado.
Não acredito na invencibilidade do ex-presidente; seu apoio ao impeachment não resultaria automaticamente em aprovação.
Porém, seria mais um elemento de peso para conduzir à derrocada de Bolsonaro. Considerando a influência lulista entre setores do Centrão, poderia mesmo ser uma ajuda de grande importância.
Mas Lula prefere aguardar para aparecer diante do povo como o grande salvador, capaz de extirpar o mal bolsonarista, desde que o elejam presidente. Talvez ele até escolha o caminho do impeachment, mas apenas quando até mesmo o Véio da Havan estiver a favor.
Lula só entra em campo com a vitória assegurada. (por David Emanuel Coelho)
Nenhum comentário:
Postar um comentário