sábado, 3 de abril de 2021

QUANTOS BRASILEIROS A CEPA BOLSONARO DA COVID-19 AINDA MATARÁ? COM QUANTOS CORPOS LULA PRETENDE ENCHER A URNA?

Bolsonaro acumula corpos em sua sanha darwinista de eliminar os mais fracos em prol da economia. Cumpre o projeto (neo)liberal das elites brasileiras à risca.

Tal projeto, no entanto, é mais amplo que Bolsonaro. Enquanto o presidente expressa sua face bélica –da aberta guerra ao povo–, há quem represente a face pacifista. Lula é o pacifista (neo)liberal, o homem do amor e do diálogo cristão. 

Mas o amor e o diálogo só podem existir na terra destruída pela guerra. Só há pacificador onde há provocador; apenas depois da desordem é possível aparecer o herói da ordem, campeão humanista. 

É nesta lógica que Lula se orienta ao permanecer sentado diante da mortandade provocada pelo bolsonarismo. Para ele, o impeachment é fora de cogitação, supostamente por não haver tempo, por não existir consenso ou mesmo porque impeachment seria golpe. 

Na realidade, o ex-presidente joga com a estratégia de pavimentar sua eleição com as mortes dos brasileiros. Aguarda que Bolsonaro faça seu trabalho e vá, a cada vítima da Covid, ficando cada vez mais longe de um segundo mandato. 

Marx já dizia em seu texto Glosas Críticas o quanto a lógica política é marcada pelo oportunismo. Cada partido enxerga o problema da sociedade no fato de o adversário estar no poder e não ele próprio.
Uma vez levada a cabo a alternância, os papéis se invertem, com o crítico do passado passando a ser vidraça e a antiga vidraça, crítico. 

Não é gratuito, portanto, estar a política calcada no quanto pior, melhor. Quanto pior a gestão para falar na linguagem dos tecnocratas de um grupo, mais fácil se torna para seus opositores o desalojarem em seguida. 

Claro, com isso eximo Lula de ser o inventor da politicagem. Esta é a essência do regime burguês desde sempre. É por isso que os revolucionários não devem assumir a administração do Estado. 

Não acredito na invencibilidade do ex-presidente; seu apoio ao impeachment não resultaria automaticamente em aprovação. 

Porém, seria mais um elemento de peso para conduzir à derrocada de Bolsonaro. Considerando a influência lulista entre setores do Centrão, poderia mesmo ser uma ajuda de grande importância. 

Mas Lula prefere aguardar para aparecer diante do povo como o grande salvador, capaz de extirpar o mal bolsonarista, desde que o elejam presidente. Talvez ele até escolha o caminho do impeachment, mas apenas quando até mesmo o Véio da Havan estiver a favor. 

Lula só entra em campo com a vitória assegurada. (por David Emanuel Coelho)

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