quinta-feira, 11 de março de 2021

A SOCIOPATIA A SERVIÇO DO GENOCÍDIO – 4

(continuação
Quando saiu a pesquisa sobre a eficácia de 50% da vacina Coronavac, em 13 de janeiro de 2021, ele não perdeu tempo em desclassificá-la: 
"Essa de 50% é uma boa. O que eu apanhei por conta disso... Agora estão vendo a verdade. Estou há quatro meses apanhando por conta da vacina. Entre eu e a vacina tem a Anvisa. Eu não sou responsável. Não estou a fim de agradar quem quer que seja"
Ora, a vacina imunizava 50,38% completamente, mas tinha eficácia de 78% no combate ao agravamento do danos causados pelas infecções, o que salvaria muitas vidas dos vacinados. Entretanto, travando disputas políticas com mentalidade mais apropriada para grêmios estudantis do 1ºgrau, ele relegou sempre a vacinação a plano secundário. Esta reiterada postura não caracteriza  uma irresponsabilidade imprudente e inconsequente, mas sim uma premeditação criminosa.

Ainda em janeiro, e querendo defender as suas compras mirabolantes de cloroquina, voltou a fazer proselitismo de tal medicamento como tratamento precoce eficaz que a ciência mundial sempre negou ser, com efeitos colaterais nocivos à saúde de quem  foi a ele induzido.  

Em 18 de janeiro de 2021 continuava defendendo o indefensável:
"Não desisto do tratamento precoce; não desisto. A vacina é para quem não pegou ainda. Essa, acima de 50% de eficácia; ou seja, se jogar uma moedinha pra cima, é 50% de eficácia"
Após todas as posturas anticientíficas e impudentes, com a demissão de dois ministros da Saúde que eram médicos e, como tais, se recusaram a obedecer às  suas ordens insanas de leigo metido a besta, eis que nomeou um general obediente, cumpridor de ordens por mais obtusas que fossem, e, com a maior cara-de-pau, passou a afirmar sobre a vacina:
"Está liberada a aplicação no Brasil. É a vacina do Brasil. Não é de nenhum governador, não. É do Brasil!"
Ora, é de se perguntar: qual vacina, cara pálida, se estamos no fim da fila dos países que as tentam desesperadamente adquirir? 

Pior: foi o próprio presidente quem afirmou que, como somos um país populoso, detentor de um grande mercado consumidor, eram os laboratórios que deveriam vir tentar nos vender as suas vacinas? O posto Ipiranga deve ter esquecido de explicar-lhe  a como funciona a lei da oferta e da procura... 

Quanta primariedade diante de uma tragédia sanitária mundial! Quanta prepotência, a desse obtuso pequeno-burguês, serviçal dos grandes burgueses! Quanta insensibilidade com relação à vida humana! Quanta burrice de um neófito e energúmeno que jamais dirigiu sequer uma birosca antes de se meter a administrar o Brasil!  

Para fechar o caixa, e diante da avassaladora tragédia que ora se abate sobre o povo brasileiro, com recordes diários de mortes e infecções, o presidente tripudia sobre o sentimento de perda dos familiares (muitos deles seus eleitores arrependidos) com este desabafo grotesco: 
"Chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando?"
Diante da ausência de vacinas e da cobrança sobre tal necessidade, irritado e voltando às suas já tradicionais descomposturas próprias à diplomacia de um Ernesto Araújo e de um ex-pretenso-futuro embaixador do Brasil nos EUA, o seu filho zero à esquerda, cravou a mais nova agressão ao povo brasileiro: 
"Um idiota que a gente vê nas redes sociais e na imprensa dizendo: vai comprar vacina. Só se for na casa da sua mãe. Não tem vacina para venda no mundo".
E, contradizendo sua posição anterior (como acontece com tudo que ele fala intempestivamente), eis que agora ele bota a fantasia de cordeiro sobre o seu corpo de lobo e tenta remediar a situação:
"Onde tiver vacina para comprar, nós vamos comprar".
Após analisar o comportamento idiossincrático do Boçalnaro, comecei a admitir que não se tratava apenas de um oportunista primário a debater-se na debacle capitalista (que abala todos os governos empenhados em administrar o Estado que serve de suporte estruturante e indutor do capital e das instituições estatais que mantêm a sociedade anestesiada e impotente ao combate do jugo opressor do qual é vítima), mas também do detentor de uma patologia psíquica. 

Mesmo sem ser profissional da psicanálise, informei-me sore o significado das patologias mentais congênitas ou adquiridas por formação social humana, chegando à conclusão de que o nosso presidente não passa de um sociopata, ou seja, um indivíduo que:
— age como se nada fosse de sua incumbência, e isto no pior momento possível, quando atravessamos a crise sanitária mais grave desde o pós-guerra; 
— afronta a ciência médica com bravatas descabidas que ele próprio contradiz imediatamente após serem proferidas; 
— muda a toda hora a pretensa linha programática do seu governo, ora desejando uma autogolpe absolutista, ora se metamorfoseando no mais antigo conciliador e negociador de cargos com o que há de mais fisiológico na política brasileira, num comportamento próprio de quem só quer o poder a qualquer custo; 
— nada diz a respeito da afronta aos brasileiros na qual se constituiu, num momento de paralisia e marcha à ré da economia, a compra de uma mansão de R$ 6 milhões por parte de um filho que, antes de 2019, comandava um mísero esquema de rachadinhas (algo como assaltar a caixa de esmolas de uma igreja...):
— quer armar o povo brasileiro para uma guerra civil com a qual sonha acordado, acreditando que seu governo seja péssimo por causa dos contrapesos da democracia e não como consequência de sua incompetência e mediocridade;
— condecora os assassinos das milícias do RJ e esconde assessores envolvidos numa infinidade de mutretas;
— ameaça governadores que, impondo o isolamento social, tentam evitar que continuemos sendo um criadouro de variantes do vírus que vitima o povo brasileiro, estarrecendo o mundo civilizado.

Seria infindável a enumeração dos exemplos de gerenciamento catastrófico da pandemia por parte do Poder Executivo. E, quando me lembro que ainda resta mais de um ano e nove meses para o término do seu mandato, vem-me à mente uma certeza: precisamos destituí-lo o quanto antes do cargo, pelas vias institucionais previstas. 

Motivos existem aos montes. Provas, idem Será que, por falta de vontade política, não reagiremos até estarmos soterrados bem lá no fundo do poço??? 
(por Dalton Rosado) 

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