terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

QUEM AGORA DÁ AS CARTAS NO PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS É O NACIONALISMO POPULISTA PETROLEIRO

dalton rosado
NACIONALISMO x LIBERALISMO 
"
O nacionalismo é uma ideologia particularista em vez
de universal e, quando ele assume um caráter radical,
suas consequências são terríveis  mais violentas do
que as resultantes da radicalização das outras
grandes ideologias do capitalismo"
(Luiz Carlos Bresser Pereira)
Certa vez, ainda no início do governo do capitão Boçalnaro, o ignaro, eu conversava com familiares adeptos do mico, procurando manter um clima de cordialidade apesar das óbvias divergências existentes entre nós. 

Fui provocado com uma pergunta sobre o que achava da orientação política do governo e respondi, incontinenti: contraditória.

Expliquei-lhes que o nacionalismo militarista, patriótico, nada mais é do que a convicção dos militares crédulos (mesmo os bem intencionados) de que a defesa da pátria e dos interesses nacionais implicam o controle militar honesto da vida social e, principalmente, da economia e da gerência de empresas estatais por eles controladas.


Tais militares creem que basta isto, pois não conhecem com profundidade os meandros das contradições autotélicas negativas e autodestrutivas da mediação social pelo capitalismo. Consideram-no como coisa natural da evolução social, que pode ser boa ou má dependendo de honestidade e bom gerenciamento.

Mas, o uso do cachimbo faz a boca torta e, com o passar do tempo e o gosto pelo poder, ficam mal acostumados e, como os políticos em geral, terminam por se viciar nas comodidades que sua nova condição lhes garante. 

Os militares desonestos (como aquele que levava cocaína em viagem do avião presidencial aos EUA) querem apenas o poder para se locupletarem; afinal, em todo grupamento humano, nas ações gerenciais de governo capitalista existem os inocentes eventualmente inúteis e os espertalhões invariavelmente inúteis. Não seria diferente com os militares.

Ainda no curso da minha explanação à parentela, expliquei que o liberalismo clássico defendido por Milton Friedman e pela Escola de Chicago, da qual o Paulo Guedes era adepto ortodoxo, representava o oposto do pensamento tradicional militarista, que quer, equivocada e ingenuamente, exercer o poder político com soberania perante o poder econômico (o verdadeiro poder no capitalismo!).

O liberalismo clássico, simbolizado pelo laissez faire de Adam Smith (deixar fazer, deixar passar, que o mundo vai por si mesmo), propõe a não-intervenção estatal no mercado, o qual supostamente corrigiria as distorções da produção pela livre concorrência (a mão invisível de que também falava Smith). 

Ou seja, pregava a redução do Estado às suas funções mínimas de guardião da regulamentação capitalista da livre concorrência e da aplicação coercitiva das leis burguesas, o que, claro, não combinava com as bravatas verde-amarelas de então.


O pato verde-amarelo nacionalista na avenida Paulista, em frente ao prédio da Fiesp, destoava das bandeiras estreladas em azul, branco e vermelho que por lá apareciam nas bandeiras dos EUA entrelaçadas às nossas, mesmo considerando a identidade ideológica entre o presidente desTrumpelhado e o  des(presidente) Boçalnaro, a pior parelha presidencial do continente americano em todos os tempos. 
Assim, concluindo  minha exposição, avisei que, mais cedo ou mais tarde, tais contradições haveriam de materializar-se e o povo acabaria pagando o pato (tanto o da expressão popular quanto o da Fiesp).

Fui retrucado veementemente em todas as minhas deduções. Disseram que, como o presidente eleito não entendia de economia, quem iria dar as cartas nesse setor seria o Paulo Guedes. Parei por aí, porque o pior cego é o que não quer ver.

Agora o posto Ipiranga faliu. Todos os seus indicados, que deveriam promover as privatizações, saíram do governo; nenhuma privatização importante foi realizada; os dirigentes de estatais importantes como Banco do Brasil e Petrobrás foram demitidos; e a sua política econômica liberal, deixada de lado.

E quem agora dá as cartas no preço dos combustíveis por lá é o nacionalismo populista eleitoreiro, e que se dane o liberalismo econômico, afinal o poder é bom para quem o exerce fisiologicamente e para se eleger é preciso conquistar a simpatia dos eleitores incautos, uma vez que o autogolpe (fechamento das instituições burguesas, parlamento e Supremo Tribunal Federal) não deu certo.

Mesmo falido, o posto Ipiranga continua aberto, até porque os financiadores do sistema de crédito financeiro brasileiro e mundial precisam ter alguém de sua confiança que neutralize, pelo menos em parte, os arroubos nacionalistas e eleitoreiros do mico. Lembram-se do debate ficcional e hipotético que travei com Paulo Guedes neste blog?

Só não sabia que o Paulo Guedes era fisiológico tal qual o centrão (que está sempre ao lado do governo, desde que sejam satisfeitos os seus interesses fisiológicos e macroeconômicos).


Não podendo fazer vingar o autogolpe, o genocida mudou sua estratégia de governo e de manutenção no poder, aliando-se ao que demagogicamente dizia combater.

Assim, passou a atuar sob novas diretrizes:
 adotou a velha política do toma-lá-dá-cá;
 rasgou a cartilha do liberalismo de mercado;
 tentou comprar os votos dos coitadezas do capitalismo com rações emergenciais e subsídios empresariais para os preços das commodities;
 nomeou procuradores, ministros de Estado e para o STF indivíduos que acredita lhe serem terrivelmente servis;
 deu emprego para tudo que é militar pijamado ou ainda fardado (durante a ditadura militar generais da reserva já eram empregados nas diretorias da grandes empresas como testas-de-ferro);
 defendeu o armamento aberto para todos, na esperança de que uma população armada e manipulada por sua cantilena nacionalista o mantenha no poder no caso de haver uma derrota eleitoral ou impeachment;
  minimizou a crise sanitária, contestou a ciência e sabotou a vacinação tanto quanto onde pôde;
 desembestou a devastação ecológica na Amazônia;
 negou os ganhos civilizatório nos costumes;
 juntou-se a auto-nomeados pastores evangélicos corruptos e com eles se faz batizar um crença religiosa que jamais foi a sua. Ufa!

Hoje em dia, quando estou recluso na prisão domiciliar da pandemia que já matou muitos conhecidos meus e celebridades por todos nós conhecidas, não mais me encontro pessoalmente com todos aqueles que retrucaram meus prognósticos; não posso ouvir suas desculpas esfarrapadas ante o rumo dos acontecimentos.
Acho mesmo que devem estar jogando a culpa no Congresso, no STF,  na imprensa, etc., que não estariam deixando o governo acertar. 

É o comportamento dos bolsomicos que tenho observado nas redes sociais. Quando não se quer fazer autocrítica por motivos inconfessáveis, o melhor (ou pior?) é transferir a responsabilidade pelos próprios erros e idiossincrasias para quais quaisquer outros, e que engula a lorota quem quiser...

A verdade é que o capitalismo seja ele exercido politicamente pelos socialistas; nacionalistas militares; liberais ortodoxos; sociais-democratas; ditadores populistas, nazistas e fascistas; marxistas-leninistas-stalinistas ou maoístas, e tudo que é istas que conservem suas contraditórias categorias e as mantenham intactas termina sempre em fracasso.

Tal como o leite, as frutas e o açúcar que as adoça, substâncias que juntas e batidas num liquidificador transformam-se numa massa homogênea de outra natureza, o capitalismo, mesmo que sob  orientações políticas as mais diversas, transforma-se, sempre, numa massa homogênea de resultados catastróficos para o povo, além de agora acarretar também a destruição ecológica do Planeta Terra. 

Na primeira reunião familiar que fizermos pós-pandemia, eu contarei a continuação das conversas. (por Dalton Rosado)

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