Diversos jornalistas, inclusive o nosso bom Rui Martins diretamente de Berna (vide o post dele aqui), preocupam-se com a possibilidade de estar-se iniciando uma nova caçada às bruxas do jornalismo. Tranquilizo-os: o que ora ocorre é apenas uma intimidação inconsequente.
O ministro da Justiça (?) André Mendonça também pretendeu investigar um artigo do Hélio Schwartsman (leia aqui meu relato sobre tal precedente), mas sua iniciativa nem sequer chegou a ser apreciada por nossa corte suprema, que necessariamente a rechaçaria. No meio do caminho, o STJ já se encarregou de esclarecer que se tratava de uma iniciativa inconstitucional, pois violaria o direito de opinião.
O mesmo acontecerá com a nova investida. Não passa de um pastel de vento, uma vez que um governo agonizante não tem como impor seus caprichos a jornalistas eminentes como o Ruy Castro. O mais provável é que o Mendonça esteja apenas tentando tanger a imprensa à autocensura, como comentou comigo o Rui Martins.
E, ídio por ídio, o senso comum basta para concluirmos que, bem mais grave do que o suicídio (o próprio suicida decide se quer morrer ou não) são o homicídio (quando se impõe a morte a quem não a deseja) e o genocídio (o homicídio em larga escala).
Então, soa até anedótico chiarem contra uma suposta instigação ao suicídio cujo alvo brasileiro seria um governante que, por inépcia ou má fé, causou o óbito de dezenas de milhares de cidadãos deste país que sobreviveriam ao coronavírus se aqui tivessem sido adotadas as providências básicas para o combate à pandemia recomendadas pela OMS e aprovadas por todo o mundo científico.
Se um Ruy Castro alemão, lá por 1942, lançasse um artigo recomendando ao Adolf Hitler que se matasse e o genocida-mor do século passado decidisse acatar tal conselho, o que mereceria esse jornalista: execração ou aclamação?
Para finalizar: não aguento mais tanta sinistrose e paranoia a respeito de uma repetição de 1964. Houve alguma chance de isso acontecer em 2019, no auge da onda ultradireitista, mas, agora que ela já morreu na praia, o que está em pauta é uma repetição de 1985. (por Celso Lungaretti)
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