sábado, 23 de janeiro de 2021

É DEUS MESMO QUEM ESTÁ INSPIRANDO A EXTREMA-DIREITA? OU SERÁ ASMODEUS?

rui martins
A DOUTRINA DIVINA DO AUTORITARISMO
Vamos limpar a cabeça e repensar tudo.

Quem eram os grandes apoiadores de Trump nos Estados Unidos? Os supremacistas brancos, sem dúvida, como mostram as fotos e filmes feitos durante a invasão do Capitólio. Eles se julgam os melhores, os superiores, e integram as diversas tendências da extrema-direita.

Mas, não são os únicos a preferirem governos anti-democráticos, dominadores, por redundância racistas, autoritários, machistas e intolerantes. 

Um politólogo estadunidense da Universidade de Massachusetts, Matthew MacWilliams, demonstrou, na sua tese de doutorado, ter sido a atração do autoritarismo de extrema-direita o fator determinante da escolha de Trump, nas primárias do Partido Republicano. E essa preferência foi marcante não só entre os supremacistas, como entre os afroamericanos e os chamados latinos.

Ademais, pesquisas feitas nos anos 1950 teriam também mostrado, já naquela época, uma atração por políticos de tendência autoritária por estadunidenses de origem mexicana. 

A tese, cujo título é Autoritarismo Estadunidense nos Negros e Brancos, parece absurda, porém explicaria a popularidade e mesmo um certo fanatismo por Trump, entre as minorias por ele insultadas, xingadas, menosprezadas e diminuídas, como os hispânicos, os muçulmanos e os asiáticos. E inclusive entre as mulheres.

Para não ficar só nos EUA, feitos os ajustes necessários, a eleição de Bolsonaro se deveu justamente aos seus fanáticos eleitores por ele desprezados, os pobres. Ainda hoje ao apoiarem Bolsonaro, grande parte é atraída por sua imagem autoritária, que se volta contra tudo, contra a ONU, contra a OMS, contra a existência de um vírus, contra a ciência. 

Essa oposição quase demente, de um presidente grotesco e ridículo, contra as organizações mundiais, incentivada pelas redes do ódio e
fake news, gera o mesmo paradoxo do Trump estadunidense –os rejeitados adoram seu algoz!

Nos Estados Unidos, as mulheres brancas suportam o comportamento misógino do líder autoritário porque compartilham do seu poder na relação de domínio com as mulheres negras? 

Desse estranho compartilhamento do exercício do poder e submissão participariam também os latinos, chamados de traficantes, criminosos e violadores por Trump, que se sentem superiores aos negros? E assim por diante?

De onde vem isso? Da colonização, da escravidão ou de uma educação de sujeição à classe dominante? Ou também da religião? Na tese do professor MacWilliams, a influência da religião na vida dos afromericanos é determinante, devido ao aprendizado da submissão e obediência, que leva ao culto da extrema-direita autoritária. 

A conclusão é alarmante – os ovos da serpente nazifascista poderiam estar sendo chocados nos altares e nos púlpitos das igrejas.

No Brasil, não se precisa ir longe para saber terem sido os evangélicos os grandes eleitores de Bolsonaro. Os fanáticos adoradores do
mito, talvez nem tenham percebido terem sido também vítimas do caos, do desgoverno e do genocídio, ainda engambelados por pastores em nome de um Deus todo poderoso. 

Os crentes não morrem como os infiéis –são chamados por Deus, por intermédio do coronavírus, e deixam a vida terrena para subirem aos céus. Para aqueles cuja hora da gloriosa morte ainda não chegou, Deus cura.

A ideia de Deus todo-poderoso também poderia justificar e estar subjacente no comportamento de muitos fiéis. Deus, símbolo de bondade e justiça, tem também a imagem do ditador e juiz supremo, de cujas sentenças não se pode apelar. É ele quem fixou em definitivo os conceitos de Bem e do Mal, é o ditador supremo

Trump seria um eleito ou imitador, Bolsonaro seria o messias enviado. Não esqueçamos, já era assim na Idade Média. (por Rui Martins)

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