FORA DE CONTROLE, ISOLADO E REJEITADO, QUEM SEGURA BOLSONARO?
Mas já acabaram as eleições?, pergunta Bolsonaro, rindo, a uma apoiadora que estava triste com a derrota de Trump, no mesmo dia em que até o general Mourão e a China reconheceram Joe Biden como vencedor das eleições estadunidenses.
Fora de controle e da realidade, cada vez mais rejeitado e isolado aqui e no mundo, rompido com seu vice e ameaçando os Estados Unidos com pólvora, o presidente simplesmente se recusa a admitir a derrota de Trump e a chegada da segunda onda da pandemia de coronavírus, que avança em nove capitais brasileiras.
Na 3ª feira ignóbil em que surtou no Palácio do Planalto, ao reclamar que tudo agora é pandemia e que o Brasil precisa deixar de ser um país de maricas, Bolsonaro extrapolou todos os limites de irresponsabilidade e insanidade no exercício do cargo.
Diante das barbaridades que o capitão vem falando e fazendo nos últimos dias, recomenda-se que nas próximas eleições presidenciais sejam exigidos dos candidatos atestados de sanidade física e mental para poder concorrer.
Enquanto faz companha eleitoral no Palácio da Alvorada, o que é proibido por lei, com seus candidatos derretendo em São Paulo e no Rio, onde o Datafolha registrou esta semana recordes de rejeição ao presidente, os hospitais voltam a ficar lotados de vítimas da covid-19, mas Bolsonaro desdenha do perigo que todos estamos correndo diante da inércia do desgoverno.
Bolsonaro tem certeza que é inimputável, já que mais de 50 pedidos de abertura de um processo de impeachment continuam esperando uma providência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que se finge de morto, mais preocupado com a reeleição do pai que é vereador no Rio.
PAÍS DE MISERÁVEIS — Mesmo sabendo que não há chances de um pedido desses ser aprovado neste momento, enquanto a tropa de choque do centrão velho de guerra não pular do barco, é importante que pelo menos se inicie o processo para amansar o capitão, em sua desabalada carreira para instalar o caos no país.
Vide este comentário do presidente na manhã desta 6ª feira (13), ao deixar o Alvorada:
"E agora tem essa conversinha de segunda onda. Tem que enfrentar se tiver, porque se quebrar de vez a economia, seremos um país de miseráveis. Só isso".
Conversinha? A economia já está quebrada faz tempo e somos cada vez mais um país de miseráveis, desde a posse de Bolsonaro e sua trupe de aloprados, que levou o país de volta ao Mapa da Fome e a cada mês registra novos recordes de desempregados.
Com o ministro da Economia, Paulo Guedes, cada vez mais desmoralizado e sem saber o que fazer, diante da tempestade que se aproxima com o fim da ajuda emergencial, e o presidente só pensando em reeleição, as pessoas começam a se perguntar: quem será capaz de segurar Bolsonaro?
SEGUIMOS TATEANDO NO ESCURO — Os militares, certamente, não o farão, mais preocupados em garantir suas boquinhas no governo.
O STF, comandado pelo pavão Luiz Fux, tampouco o fará, com a nomeação do novo ministro (quem?), escolhido a dedo para garantir maioria ao presidente no plenário, que agora não conta mais com Celso de Mello, o último moicano.
Exaurido, desalentado, sem lideranças políticas no Congresso ou na sociedade civil, o país não parece se animar nem com as eleições municipais de domingo, disputadas apenas nas redes sociais, invadidas outra vez pelo gabinete do ódio, como em 2018.
Estamos no breu absoluto, apenas torcendo e rezando para que esse pesadelo chegue ao fim, se possível antes do tempo regulamentar.
Só não sei como...
Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)
TOQUE DO EDITOR — Concordo com quase tudo, pois o Kotscho continua sendo um mestre do meu ofício. A exceção fica por conta do final desanimado.
Ele está certíssimo ao dizer que há extrema necessidade de que o pesadelo chegue ao fim. Mas, é exatamente por o Brasil estar esfarelando-se a olhos vistos que isto acabará acontecendo, e tudo indica que vai mesmo ser antes do tempo regulamentar.
Pois, com a terrível depressão econômica que o Brasil terá de enfrentar em 2021, ou sairá o Bozo ou o Brasil implodirá. Simples assim.
Quando a coisa chegar ao estágio da explosão social, o sistema, por uma questão de sobrevivência, dará um jeito de devolver o palhaço sinistro à insignificância da qual jamais poderia ter saído. Anotem. (CL)
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