dalton rosado
O CAPITAL É CRIMINOSO
"A corrupção é uma praga apodrecida da sociedade, é um pecado grave que brada aos céus porque mina as próprias bases da vida pessoal e social.
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A corrupção impede olhar para o futuro com esperança porque, com a sua prepotência e avidez, destrói os projetos dos fracos e esmaga os mais pobres.
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É um mal que se esconde nos gestos diários para se estender depois aos escândalos públicos..." (papa Francisco)
No meu último artigo publicado nesta trincheira de luta do pensar crítico social que é o blog Náufrago da Utopia, lembrei a fábula de Esopo (O escorpião e a rã) sobre a natureza comportamental imutável de algo que é intrinseca, essencial e naturalmente definido e estabelecido.
Mal ele acabava de entrar no ar e eis que nos deparamos com as notícias produzidas pelo jornalismo investigativo (quantos jornalista já morreram por conta de denúncias das falcatruas capitalistas!) sobre envolvimento do sistema bancário internacional com a lavagem de dinheiro em larga escala.
Não me surpreendi com a notícia. E não por considerar a agiotagem mais pecaminosa do que a extração de mais-valia na produção industrial. Não, o processo é o mesmo.
O sistema financeiro apenas vende dinheiro, que é uma mercadoria, e espera a remuneração do capital pelo mesmo motivo daqueles que investem dinheiro na produção visando ao lucro e se apropriando do tempo de trabalho (dinheiro) do trabalhador assalariado.
Um é agiota da multiplicação do dinheiro a partir do aluguel do próprio dinheiro para a produção de mercadorias; o outro, um agiota que usa a produção de mercadorias para multiplicar o próprio dinheiro.
Eles repartem a acumulação do capital extraído de quem o produz, o trabalhador produtor de valor pelo trabalho abstrato (as diferenciações de proporções caso a caso não alteram essa essência comportamental e sua lógica).
O industrial cujos recursos estão investidos na produção de mercadorias é constantemente pressionado para aumentar o seu capital sob pena de ficar para trás na corrida concorrencial de mercado, e usa (e é obrigado a usar) os mais sórdidos mecanismos de sobrevivência para sair vitorioso nessa guerra.
Aliás, o empresário industrial ou comercial, diante da atual debacle capitalista, pressionado por uma legislação que defende os parcos direitos obtidos pela civilização (e que as poucos vêm sendo corroídos ou varridos de cena pela lógica capitalista, como os direitos trabalhistas e previdenciários nos últimos anos), ou burla a lei e sobrevive, ou é levado à falência.
O diferença entre o empresário financeiro e o empreendedor industrial ou comercial é o risco. O primeiro tem sempre maiores garantias de sucesso, mas somente até o dia do juízo final capitalista.
É pura hipocrisia do empresariado dizer que atua com espírito humanista (mesmo que tenha esse sentimento), de vez que o regime de concorrência de mercado o obriga a deixar o coração na prateleira quando exerce a sua função de empreendedor.
Com o capital financeiro não é diferente. Tanto que hoje, no Brasil e no mundo, avança cada vez mais a monopolização do setor por parte dos grandes bancos que compram as cartas patentes de seus concorrentes menores, autofagicamente concentrando a atividade financeira.
Aqueles bancos municipais de outrora já não mais existe; e os que cresceram a ponto de incomodar os grandes, logo recebem ofertas de compra tentadoras às quais se curvam por temerem a avassaladora força político-econômica dos tubarões do sistema financeiro.
Mas, os gigantes têm pés de barro e, citando também um velho provérbio japonês, quanto maior a nau, maior a tormenta.
O grande colapso do capitalismo vai começar quando o artificialismo do sistema de crédito bancário (ou sistema financeiro, como é mais conhecido) ficar demonstrado, em razão dos créditos podres que detêm, relativamente à dívida pública crescente e impagável.
Já observamos um processo de rolagem contínua da dívida pública, cujos juros são até negativos para os países detentores de moedas fortes. Isto está a carrear dinheiro das aplicações financeiras para ativos de risco (como as aplicações financeiras nas bolsas de valores em ações de empresas que já veem diminuídos os seus lucros e distribuição de dividendos).
Mas, os lucros obtidos nas bolsas estão também diminuindo, principalmente nos mercados acionários da periferia do capitalismo, como é o caso de Brasil, que nos últimos doze anos amargou prejuízo de pouco mais de um terço nos investimentos.
[Só alguns especuladores ganham na compra e venda imediata de ações, e isto por possuírem informações de cocheira, tais quais os apostadores de corridas de cavalos...]
Os prejuízos dos aplicadores nas bolsas só não estão maiores porque a lei da oferta e da procura por ações tem mantido artificialmente as cotações, demonstrando para os mais atentos a irracionalidade da relação preço/lucro do valor das ações.
A conclusão a se tirar de tudo isso é que o capital está desempregado, como consequência do desemprego estrutural que atinge a todos, mas principalmente àqueles que o sustentam: os trabalhadores.
Aqueles têm apenas para vender ao capital a sua força de trabalho abstrato produtor de valor!!! (por Dalton Rosado)
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