sábado, 26 de setembro de 2020

O PORCOVARDE QUER MESMO É BATER EM BÊBADO. E FELIPE MELLO, VAI CONFIRMAR QUE JAMAIS SERÁ UM OBDULIO VARELLA?!

P
ersonagem lendário do futebol uruguaio, Obdulio Varela (1917-1996) foi o principal responsável pela vitória de sua seleção contra a do Brasil na Copa do Mundo de 1950, quando só a vitória na final, disputada em pleno Maracanã, lhe daria o título e nosso escrete vinha de acachapantes goleadas sobre a Suécia (7x1) e a fúria espanhola (6x1).

Quando Friaça abriu o placar, aos 2 minutos do 2º tempo, Obdulio usou uma esperteza para evitar que o público de 200 mil pessoas  (!!!) empolgasse nosso selecionado, levando-o a ampliar o marcador: comandou a contestação ao gol, alegando impedimento. 

As queixas exaltadas dos uruguaios calaram o Maracanã, pois os torcedores ficaram apreensivos, temendo a anulação do tento. Quando o árbitro afinal o confirmou, o entusiasmo já arrefecera.

Depois, ao perceber que o truculento lateral Bigode estava utilizando entradas duras para conter o habilidoso ponta-direita Ghiggia, ele peitou o brasileiro; seja esmurrando-o (como reza a lenda), seja com um tapinha cordial no rosto (como sustentaram outros, inclusive o próprio Obdulio, um perfeito cavalheiro). 

O certo é que Bigode passou a jogar apenas futebol e levou um baile do Ghiggia, que centrou para Schiaffino empatar aos 21' e fez o gol da vitória aos 34', invadindo a área pela direita e chutando entre o goleiro Barbosa e a trave, quando este apostou na repetição da jogada anterior e deu um passo (fatal!) à frente para interceptar o possível centro.

Os brasileiros desencadearam então um formidável bombardeio contra a meta uruguaia e o carismático Obdulio liderava seus companheiros, mostrando-lhes a camisa suada e exortando-os a se superarem, apesar de exaustos.

LÍDER DE UMA GREVE HEROICA – Tão grande Obdulio Varella era em campo quanto fora dele. Isto ficou demonstrado quando, aos 33 anos de idade, já em final de carreira, foi um dos líderes de uma longa greve dos jogadores uruguaios, contra a lei do passe que lhes era muito desfavorável e por melhores salários.

Para sustentar sua família durante a paralisação, voltou a trabalhar em alvenaria com seu sogro ("Eu tinha braços, não precisava do futebol para viver").

E mandou de volta um luxuoso jogo de cozinha que os dirigentes do Peñarol enviaram à sua casa, na esperança de convencê-lo a assinar um novo contrato.

A greve foi vitoriosa e Obdulio voltou aos gramados. Não poupou sequer os jornalistas, que haviam publicado intrigas a respeito dos grevistas porque recebiam algum por fora dos clubes: desde então, não se deixou mais fotografar junto com a equipe.

Diz outra lenda que ele, de início, nada queria com a greve, mas um dirigente esportivo teria declarado à imprensa que o movimento era uma roubada, tanto que o Obdulio dele não participava. A indignação com a utilização indevida do seu nome o haveria decidido a comparecer à reunião seguinte dos atletas e assumir um lugar na linha de frente da paralisação.

Mas, por que lembro agora o exemplo do Obdulio, um futebolista verdadeiramente líder? É para mostrar o que se espera de um homem de verdade nessas situações.  

O Palmeiras tem lá seu cabra macho, o Felipe Mello. Já esmurrou adversário em partida da Libertadores; já fez a Seleção Brasileira perder um Mundial por causa de uma agressão estúpida contra um craque; e é um verdadeiro recordista de cartões vermelhos e amarelos.

O que fará ele se a diretoria do Palmeiras decidir mesmo entrar entrar em campo contra o covidado e esfrangalhado time do Flamengo?

Vai, como homem de verdade, comunicar que ele e seus companheiros se recusam a desafiar a peste apenas para ganharem três pontos da forma mais anti-esportiva e indigna possível?

Ou vai balançar o rabo para os insensatos cartolas, dizendo que o time não tem medo de uma gripezinha (uma afirmação celebrizada por seu famigerado ídolo, aquele genocida que usa a faixa presidencial)?

Dedico-lhe a canção abaixo, composta por Guto e Mariozinho Rocha, principalmente por causa dos versos "cabra macho tem aos montes/ o difícil é achar homem".

Que, dependendo da atitude que o capitão palmeirense tomar, poderá ser cantada de outra maneira: "Felipes Mellos têm aos montes/ o difícil é achar Obdulios Varellas". (por Celso Lungaretti)
 

2 comentários:

SF disse...

Não sei pq lembrei de "morituri te salutant",
Essa é a vida dos gladiadores.

celsolungaretti disse...

E o Obdulio seria um Spartacus do século passado...

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