sábado, 22 de agosto de 2020

RECURSOS PARA SOCORRER OS CARENTES DEVERIAM PROVIR DAS GRANDES FORTUNAS E LUCROS ESTRATOSFÉRICOS DOS BANCOS

Em seu editorial deste sábado (22), intitulado Jair Rousseff, a Folha de S. Paulo adverte sobre as consequências do descontrole das contas públicas caso Jair Bolsonaro leve adiante sua intenção populista de comprar o apoio dos coitadezas com esmolas para a população carente e investimentos em infraestrutura, sem ter como bancar essas novas despesas:
"Gastar mais, a esta altura, significa elevar uma dívida pública que ruma a mais de 90% do PIB, criar desconfiança no mercado sobre a solvência nacional, pressionar inflação e juros e solapar o tão almejado crescimento sustentável...
Ao final, os mais prejudicados serão, como de hábito, os pobres e miseráveis..."
Nós, da esquerda, precisamos ter uma visão clara  do que está em jogo, pois:
— sob o capitalismo, tal gastança demagógica realmente agravará a depressão econômica para a qual já nos encaminhamos a passos largos;
 se a inflação disparar, atingindo patamares como os do final do Governo Sarney, os mais prejudicados serão mesmo os pobres e miseráveis;
 evidentemente, os jornalões e revistonas que promovem tamanho alarmismo acerca de tal risco não estão nem aí para os pobres e miseráveis, tentando apenas salvar o capitalismo agonizante;
 noves fora, será insensato colocarmos lenha na fogueira, estimulando um crescimento desmesurado e insustentável de programas assistenciais como o Renda Brasil (com o qual Bolsonaro conta para apagar a memória do Bolsa Família e conquistar o eleitorado petista no Norte e Nordeste); e
 vai ser também um tiro no pé levantarmos a questão de que o combate rigoroso à corrupção política poderá liberar recursos para programas sociais, pois isto daria novo alento ao lavajatismo que já está indo tarde (trata-se de um projeto autoritário bem mais perigoso do que o neofascismo trapalhão de Steve Bannon, Olavo de Carvalho e clã Bolsonaro).

Então, a postura mais coerente para a esquerda será a de simplesmente dizer a verdade ao povo, explicando-lhe que medida nenhuma sob o capitalismo solucionará permanentemente os problemas sociais do Brasil, podendo apenas atenuá-los por prazo limitado (sendo que, esticado demais, o elástico necessariamente arrebentará e aí sobrevirá uma penúria dantesca, como nunca antes enfrentamos).

Então, temos de, aos poucos, ir despertando a consciência popular para o imperativo de superarmos o capitalismo, pois só assim deixaremos de alternar fases um pouco menos aflitivas (como a década passada) com períodos terríveis (como a década que ora está chegando ao fim).

E mostrarmos claramente que a taxação de grandes fortunas e dos lucros estratosféricos que as grandes empresas obtêm no Brasil (com destaque para os bancos, os maiores parasitas do capitalismo) seria a medida imediata e indolor mais propícia nas atuais circunstâncias, pois só perderiam os que já têm demais – e bota demais nisso!.

É óbvio que se trata da melhor bandeira a empunharmos e igualmente óbvio que os poderosos resistirão encarniçadamente a ela. Mas, se o que queremos é abrir os olhos do povo para as verdadeiras raízes de suas aflições, esta será a luta ideal. 

Com a vantagem de que servirá como um divisor de águas para a esquerda, permitindo-nos diferenciar bem quem quer restituir a dignidade ao povo brasileiro e quem quer apenas se dar bem numa sociedade injusta e putrefata. (por Celso Lungaretti) 

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