(continuação deste post)
O absolutismo é tosco, daí não servir à exploração capitalista em situações de normalidade; mas, nem por isto deixará de usar a força quando necessário. Não é, contudo, o que ora ocorre no Brasil.
O capitão Boçalnaro, o ignaro e, principalmente, os seus fanáticos e desavisados seguidores, querem repetir exemplos históricos ultrapassados e estão absolutamente enganados (entre os seus 33% de apoiadores nem todos são fanáticos, há também os mal informados do tipo maria-vai-com-as-outras).
Tal como os nazistas e fascistas, os mitômanos fanatizados acreditam equivocadamente que podem agredir impunemente, seja com seus zurros fascistoides (pela via virtual ou em pessoa) ou fisicamente, atônitos profissionais: enfermeiros que protestam contra as más condições de trabalho e jornalistas que cobrem as manifestações.
Tão tacanhos quanto bestiais, erigem em alvos, no último caso, não necessariamente repórteres que possam amedrontar o poder democrático-burguês, mas também fotógrafos e motoristas que em nada incomodam seus mandantes e instigadores. Cães danados são assim, mordem o primeiro que veem pela frente.
Tão tacanhos quanto bestiais, erigem em alvos, no último caso, não necessariamente repórteres que possam amedrontar o poder democrático-burguês, mas também fotógrafos e motoristas que em nada incomodam seus mandantes e instigadores. Cães danados são assim, mordem o primeiro que veem pela frente.
Quem mandou matar a vereadora Marielle Franco? A mesma intolerância fascista que assassinou Rosa Luxemburgo há cem anos na Alemanha, barbarizou no último domingo (3) o fotógrafo Dida Sampaio, do Estadão.
Mas o Brasil não é uma republiqueta das bananas, nem estamos na primeira metade do século 20, de tantas e tão traumáticas guerras por hegemonia capitalista e política.
Os tempos são outros do ponto de vista dos ensinamentos históricos, ainda que a tragédia humana venha se intensificando, seja como consequência da debacle capitalista ou de uma crise sanitária antes inimaginável.
Boçalnaro é incompetente e historicamente ultrapassado como golpista.
Mente e se desmente por ele mesmo em razão de sua primariedade intelectual, ainda que tenha muita esperteza e faro para oportunismos políticos rasteiros. É a contradição em pessoa.
Diz que é um outsider que luta contra a velha política, ainda que, como político, haja trocado NOVE (!) vezes de partido, tenha passado quase trinta anos no parlamento sem nunca destacar-se pela contribuição ao trabalho legislativo, apoiando em votações as proposições de tudo quanto era corrupto do parlamento: desde Paulo Maluf até Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto, seus antigos líderes e atuais articulares partidários.
Aliás, sua função sempre foi corporativista, além de constantemente agredir adversários parlamentares e outros com expressões chulas (e até fisicamente, como fez com o senador Randolfe Rodrigues quando a Comissão Nacional da Verdade visitava as antigas instalações do DOI-Codi/RJ).
Patetada golpista do último domingo: radicalização. |
Diz-se defensor da carta magna mas, num ato falho, afirmou ser ele mesmo a Constituição. Isto, claro, não o impede de orquestrar pelas redes sociais (alimentadas por seu gabinete do ódio instalado no Palácio do Planalto) agressões diárias aos poderes instituídos por esta mesma Constituição.
Afora estimular e participar de manifestações flagrantemente hostis ao parlamento e à corte suprema de justiça do país, nas quais são exibidos cartazes e faixas pregando o fechamento de ambos e uma intervenção militar armada.
Afora estimular e participar de manifestações flagrantemente hostis ao parlamento e à corte suprema de justiça do país, nas quais são exibidos cartazes e faixas pregando o fechamento de ambos e uma intervenção militar armada.
Num dia afirma que que sua paciência chegou ao fim quanto ao que considera ingerência indevida dos poderes Legislativo e Judiciário na sua gestão, acrescentando que povo está ao seu lado (uma generalidade falaciosa, segundo as pesquisas de opinião pública) e, pior, que tem o apoio das Forças Armadas. Invariavelmente, no dia seguinte ministros militares lançam notas desmentindo quaisquer intenções golpistas e reiterando o respeito às instituições republicanas.
As insistentes afirmações em público insinuando que os fardados o acompanhariam numa quartelada que nem sequer está na cogitação deles representa um mico que deveria indignar até seus apoiadores mais fanáticos, pela enganação que representam; mas fanatismo não aceita reflexão em contrário!
Diante do DOI-Codi, mostrando como agia o DOI-Codi... |
Empunha (emprestada) a bandeira do combate à corrupção, para logo adiante, quando um dos seus filhos zero à esquerda é pilhado na prática da rachadinha (pagamento de uma comissão mensal, por parte dos servidores em cargos de confiança, ao responsável por suas nomeações), ao invés de repudiar energicamente tal prática, prefere:
— trocar o policial federal encarregado das apuração do caso;
— e, ainda, transferir de ministério, reestruturar e renomear o Conselho de Controle de Atividade Financeira, órgão até então encarregado da apuração desta modalidade de crime.
Outros muitos exemplos de autocontradição poderiam ser citados (ele não se emenda, portanto somente se engana quem é ingênuo ou quer mesmo ser enganado, pois isto lhe convém).
Mas, convenhamos, nada diferente se poderia esperar de quem:
— sempre fez apologia do torturador e assassino Brilhante Ustra;
— amiúde elogia o golpe militar de 1964 e reclama de terem sido poucos os assassinatos ´de opositores cometidos pelo regime ditatorial deveriam ter sido 30 mil, nas contas dele);
— homenageia e condecora, por intermédio de seus filhos (igualmente políticos do baixo clero parlamentar), notórios milicianos, inclusive um que acabara de ser condenado por homicídio;
"apologia do torturador e assassino Brilhante Ustra" |
— planejou atentado à bomba e foi por isso punido pelo próprio Exército a que diz pertencer ideologicamente (comprometendo a idoneidade de muitos altos militares democratas, que sentem-se constrangidos com suas fanfarronices militares); e,
— agora dá claros exemplos de onde quer chegar, não deixando dúvidas sobre seus propósitos absolutistas.
Diante disso quem se declara seu aliado está conivente com seus propósitos absolutistas, seja por ingênua ignorância, seja por possuir índole totalitária (confessa ou enrustida).
Mas o capital, em crise, não deseja aventuras que possam entornar o caldo.
A nós, os anticapitalistas, que queremos uma ordem social assentada sobre parâmetros de novos e justos modos de produção social e de uma ordem jurídico-organizativa horizontalizada e gerida pelos seus próprios donos (os que com seus esforços, proveem coletivamente essa mesma produção social), nos cabe:
— ao mesmo tempo em que denunciamos as nefastas intenções boçalnarianas de poder absolutista, trabalharmos por sua destituição preventiva; e
— denunciarmos a impossibilidade de vir a existir verdadeira justiça social sob a ordem democrático-burguesa, para que não insuflem falsas ilusões no povo sofrido.
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