terça-feira, 7 de abril de 2020

COMO PODE UM PRESIDENTE SER MAIS FRACO DO QUE SEUS TRÊS MINISTROS?

"Você tem um conjunto de situações gravíssimas e, ao mesmo tempo, um presidente alheio a isso. Não vejo como ele possa preservar e consolidar sua base política.

Seria falso dizer que seu governo acabou em termos formais. Mas, em termos materiais, de poder, sim, porque ele objetivamente não dirige nem o governo dele. 

Te dou três exemplos: ele quer demitir Paulo Guedes e não pode, ele quer demitir Sergio Moro e não pode, ele quer demitir Mandetta e não pode. Que poder é esse? Como pode um presidente ser mais fraco do que seus três ministros? 

Está claro que seu poder real se esvai. Se isso vai levar a uma definição formal, hoje é cedo pra prognosticar" (Flávio Dino, governador do Maranhão)
"Cai, cai, cai, cai/ Eu não vou te levantar/ 
Cai, cai, cai, cai/ Quem mandou escorregar?"

6 comentários:

celsolungaretti disse...

Celso,

Bolsonaro só não demitiu os três ministros porque estes aceitaram a fritura diária. Guedes quer tocar o projeto neoliberal até onde puder; Moro não tem para onde ir; Mandetta visivelmente não quer continuar, mas se recusa a pedir demissão, além de ter sido aconselhado por pessoas do seu círculo próximo a continuar no governo.

Bolsonaro não os mandou embora porque não quis ou faltou coragem, mas isso não significa que ele não tem o poder de fazê-lo. Infelizmente ou não, ele governa.

Abç

OBS.: ESTE COMENTÁRIO É DO LEITOR CÁSSIO. CHEGUEI A POSTÁ-LO, APAGUEI-O POR ENGANO QUANDO FUI APAGAR A RESPOSTA IMPERFEITA QUE EU DERA, MAS CONSEGUI RECUPERAR O SEU TEXTO.

celsolungaretti disse...

Cássio,

a minha avaliação é outra.

O pibinho o fez perceber que o Guedes lhe vendera pastel de vento e o Bozo, depois de tomar um pito do Olavo de Carvalho, resolveu ir para o "tudo ou nada" no dia 15. Sabia que o coronavírus ia desencadear uma recessão que inviabilizaria de vez sua esperança de fazer a economia voltar a crescer e, com isto, suas chances de reeleição.

Naquele domingo, ele queria era preparar o caminho para o autogolpe. Mas, deu tudo errado, o ato foi um fracasso, ele perdeu a cabeça e, com aquele espetáculo grotesco de espalhar vírus para todo lado, comprometeu-se irremediavelmente com o negacionismo da pandemia.

O Trump, mentalmente mais equilibrado, foi capaz de voltar atrás. O Bozo redobrou a aposta e foi se afundando cada vez mais.

Ontem o mandato dele esteve por um fio. Se ele tivesse realmente exonerado o Mnadetta, quem teria caído é o próprio Bozo.

Mas, o recuo foi humilhante e sua desmoralização chegou a tal ponto que ele não tem mais salvação: é um morto esperando para ser enterrado.

E, como é escravo de seu desequilíbrio psíquico, não passará muito tempo até ele dar outro espetáculo desses. Acabará caindo ainda neste ano. Provavelmente ainda neste semestre.

Quem viver, verá.



Cássio disse...

Celso,

Que o Bozo está pedindo para ser derrubado, é fato.

O meu ponto é que, até que aconteça, ele continua mandando - nenhum general realmente manda no presidente.

E é justamente por mandar e desmandar que ele promove tamanha bagunça. Seja como for, é evidente que o presidente ainda ostenta popularidade suficiente par se manter no cargo.

Será preciso uma saída costurada dentro de diversos poderes e com o imprescindível apoio do poder econômico. Coisa que não é fácil de se fazer, mesmo porque a Fiesp ainda é bem ou mal representada pelo governo.

Outra questão que me preocupa é a reação que as massas bolsonaristas fanáticas teriam à derrubada do Bozo... é preciso colocar isso no cálculo.

Um forte abraço,
Cássio

Henrique Nascimento disse...

Avalio que o palhaço se pareça cada vez mais com o Jânio Quadros, tão reacionário quanto o atual. Não vivi aquela época pré-golpe 64, minha avaliação se baseia na literatura, mas acredito que "forças ocultas" virão.

celsolungaretti disse...

Henrique, comparado com o Bozo, o Jânio Quadros era um Einstein.

Ele tinha razoável cultura, expressava-se muito bem e era osso duro de roer nos debates. Criou um personagem atraente em termos populistas, mas era pura encenação.

Conheci o produtor de TV que fazia os teipes de sua propaganda eleitoral. Contou-me que ele chegava uma meia-hora antes, lia os jornais do dia, escolhia um assunto para explorar e, sem anotações nem ensaios, ia e gravava direto, preenchendo perfeitamente o tempo de que dispunha. Nunca precisava repetir.

Também tinha um tio-avô que liderava o comitê janista no bairro do Belém. Ele confidenciou que, em dia de comício, o Jânio ia com terno escuro e espalhava talco nos ombros, para parecer caspa. Queria que o povo o visse como um igual.

Algo assim como o Perón arrancando o paletó no meio do discurso, jogando no chão e prosseguindo em mangas de camisa, para delírio do público (daí veio a designação de "descamisado").

A tentativa de autogolpe do Jânio foi mesmo atabalhoada. Mas, nem de longe se pode compará-la à ralé miliciana.

celsolungaretti disse...

Cássio,

quando o PT perdeu o eleitorado de classe médio e tentou sustentar-se com o Norte e Nordeste, eu tive certeza de que marchava para a derrocada. Os pobres enchem urnas, mas é o pessoal intelectualmente articulado que forma a opinião da sociedade; aos poucos, ele vai influenciando o resto.

Então, os 30% de zumbis não significam nada. O fato de que agora a classe média se voltou contra o Bozo significa tudo.

Ademais, o cara não tem a mais remota estrutura psíquica, psicológica e intelectual para enfrentar duas crises bravas ao mesmo tempo, a sanitária e a econômica. Perderá a cabeça muitas vezes nas próximas semanas e vai cavar sozinho sua sepultura política.

Mantenho minha opinião: ele não chegará a 2021 como presidente e o mais provável é que seja afastado ainda no presente semestre.

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