"Você tem um conjunto de situações gravíssimas e, ao mesmo tempo, um presidente alheio a isso. Não vejo como ele possa preservar e consolidar sua base política.
Seria falso dizer que seu governo acabou em termos formais. Mas, em termos materiais, de poder, sim, porque ele objetivamente não dirige nem o governo dele.
Te dou três exemplos: ele quer demitir Paulo Guedes e não pode, ele quer demitir Sergio Moro e não pode, ele quer demitir Mandetta e não pode. Que poder é esse? Como pode um presidente ser mais fraco do que seus três ministros?
Está claro que seu poder real se esvai. Se isso vai levar a uma definição formal, hoje é cedo pra prognosticar" (Flávio Dino, governador do Maranhão)
"Cai, cai, cai, cai/ Eu não vou te levantar/
Cai, cai, cai, cai/ Quem mandou escorregar?"
6 comentários:
Celso,
Bolsonaro só não demitiu os três ministros porque estes aceitaram a fritura diária. Guedes quer tocar o projeto neoliberal até onde puder; Moro não tem para onde ir; Mandetta visivelmente não quer continuar, mas se recusa a pedir demissão, além de ter sido aconselhado por pessoas do seu círculo próximo a continuar no governo.
Bolsonaro não os mandou embora porque não quis ou faltou coragem, mas isso não significa que ele não tem o poder de fazê-lo. Infelizmente ou não, ele governa.
Abç
OBS.: ESTE COMENTÁRIO É DO LEITOR CÁSSIO. CHEGUEI A POSTÁ-LO, APAGUEI-O POR ENGANO QUANDO FUI APAGAR A RESPOSTA IMPERFEITA QUE EU DERA, MAS CONSEGUI RECUPERAR O SEU TEXTO.
Cássio,
a minha avaliação é outra.
O pibinho o fez perceber que o Guedes lhe vendera pastel de vento e o Bozo, depois de tomar um pito do Olavo de Carvalho, resolveu ir para o "tudo ou nada" no dia 15. Sabia que o coronavírus ia desencadear uma recessão que inviabilizaria de vez sua esperança de fazer a economia voltar a crescer e, com isto, suas chances de reeleição.
Naquele domingo, ele queria era preparar o caminho para o autogolpe. Mas, deu tudo errado, o ato foi um fracasso, ele perdeu a cabeça e, com aquele espetáculo grotesco de espalhar vírus para todo lado, comprometeu-se irremediavelmente com o negacionismo da pandemia.
O Trump, mentalmente mais equilibrado, foi capaz de voltar atrás. O Bozo redobrou a aposta e foi se afundando cada vez mais.
Ontem o mandato dele esteve por um fio. Se ele tivesse realmente exonerado o Mnadetta, quem teria caído é o próprio Bozo.
Mas, o recuo foi humilhante e sua desmoralização chegou a tal ponto que ele não tem mais salvação: é um morto esperando para ser enterrado.
E, como é escravo de seu desequilíbrio psíquico, não passará muito tempo até ele dar outro espetáculo desses. Acabará caindo ainda neste ano. Provavelmente ainda neste semestre.
Quem viver, verá.
Celso,
Que o Bozo está pedindo para ser derrubado, é fato.
O meu ponto é que, até que aconteça, ele continua mandando - nenhum general realmente manda no presidente.
E é justamente por mandar e desmandar que ele promove tamanha bagunça. Seja como for, é evidente que o presidente ainda ostenta popularidade suficiente par se manter no cargo.
Será preciso uma saída costurada dentro de diversos poderes e com o imprescindível apoio do poder econômico. Coisa que não é fácil de se fazer, mesmo porque a Fiesp ainda é bem ou mal representada pelo governo.
Outra questão que me preocupa é a reação que as massas bolsonaristas fanáticas teriam à derrubada do Bozo... é preciso colocar isso no cálculo.
Um forte abraço,
Cássio
Avalio que o palhaço se pareça cada vez mais com o Jânio Quadros, tão reacionário quanto o atual. Não vivi aquela época pré-golpe 64, minha avaliação se baseia na literatura, mas acredito que "forças ocultas" virão.
Henrique, comparado com o Bozo, o Jânio Quadros era um Einstein.
Ele tinha razoável cultura, expressava-se muito bem e era osso duro de roer nos debates. Criou um personagem atraente em termos populistas, mas era pura encenação.
Conheci o produtor de TV que fazia os teipes de sua propaganda eleitoral. Contou-me que ele chegava uma meia-hora antes, lia os jornais do dia, escolhia um assunto para explorar e, sem anotações nem ensaios, ia e gravava direto, preenchendo perfeitamente o tempo de que dispunha. Nunca precisava repetir.
Também tinha um tio-avô que liderava o comitê janista no bairro do Belém. Ele confidenciou que, em dia de comício, o Jânio ia com terno escuro e espalhava talco nos ombros, para parecer caspa. Queria que o povo o visse como um igual.
Algo assim como o Perón arrancando o paletó no meio do discurso, jogando no chão e prosseguindo em mangas de camisa, para delírio do público (daí veio a designação de "descamisado").
A tentativa de autogolpe do Jânio foi mesmo atabalhoada. Mas, nem de longe se pode compará-la à ralé miliciana.
Cássio,
quando o PT perdeu o eleitorado de classe médio e tentou sustentar-se com o Norte e Nordeste, eu tive certeza de que marchava para a derrocada. Os pobres enchem urnas, mas é o pessoal intelectualmente articulado que forma a opinião da sociedade; aos poucos, ele vai influenciando o resto.
Então, os 30% de zumbis não significam nada. O fato de que agora a classe média se voltou contra o Bozo significa tudo.
Ademais, o cara não tem a mais remota estrutura psíquica, psicológica e intelectual para enfrentar duas crises bravas ao mesmo tempo, a sanitária e a econômica. Perderá a cabeça muitas vezes nas próximas semanas e vai cavar sozinho sua sepultura política.
Mantenho minha opinião: ele não chegará a 2021 como presidente e o mais provável é que seja afastado ainda no presente semestre.
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