O jornalista brasileiro Carlos Alberto Jr., que trabalhou em vários veículos da grande imprensa e nos últimos anos vem atuando nos EUA como roteirista e diretor de documentários para TV, entrevistou-me nesta semana para seu podcast Roteirices, no qual disponibiliza depoimentos de escritores, jornalistas, cineastas e acadêmicos. O link é este aqui.
Agora são 42 as entrevistas que podem ser acessadas no Roteirices, dentre elas as do Aluizio Palmar, Daniel Aarão Reis, Eumano Silva e Flávio Tavares (para citar os, como eu, ligados à memória dos anos de chumbo).
Durante 85 minutos, fui resumindo uma trajetória de 52 anos, começando pelas ações de conscientização política no Colégio Estadual MMDC, em 1967. Depois vieram:
— a estruturação do movimento secundarista em toda a Zona Leste paulistana;
— a militância na Vanguarda Popular Revolucionária, como comandante de Inteligência em SP e depois no RJ;
— a participação na equipe precursora da instalação de uma área de treinamento guerrilheiro na região do Vale do Ribeira, SP;
— a prisão pelo DOI-Codi/RJ e as torturas que sofri tanto nessa unidade quanto na PE da Vila Militar, durante um período de 70 dias, delas resultando uma lesão permanente;
— a passagem por uma comunidade alternativa e um grupo de resistência cultural;
— algumas tomadas de posição marcantes como jornalista (a solidariedade ao injustiçado Paulo de Tarso Venceslau, p. ex.);
— a atuação como porta-voz informal da greve de fome dos Quatro de Salvador e do Comitê de Solidariedade a Cesare Battisti;
— a criação e manutenção do blog Náufrago da Utopia, uma trincheira dos ideais revolucionários (entendidos como os esforços para uma transformação profunda da sociedade e não para a obtenção de pequenas concessões dos exploradores que minorem o sofrimento dos explorados sem colocar em xeque os fundamentos do esquema de dominação capitalista), etc.
Após mais de meio século de fidelidade às mesmas convicções, na contramão tanto da classe dominante quanto (na maioria do tempo) da tendência dominante da esquerda, o balanço com que encerrei a entrevista foi o de que é possível, sim, um idealista manter-se sempre coerente com seus valores e ir tocando suas lutas, às vezes ao lado de outros, às vezes como lobo solitário.
Após mais de meio século de fidelidade às mesmas convicções, na contramão tanto da classe dominante quanto (na maioria do tempo) da tendência dominante da esquerda, o balanço com que encerrei a entrevista foi o de que é possível, sim, um idealista manter-se sempre coerente com seus valores e ir tocando suas lutas, às vezes ao lado de outros, às vezes como lobo solitário.
Há um preço a pagar, e ele é alto. Mas, quem pretende concretizar as melhores aspirações da humanidade (liberdade e justiça social) não deve esperar que os privilegiados abram generosamente mão de seus privilégios, curvando-se ao bem comum.
Pelo contrário, eles os defendem com unhas, dentes e todas as armas que lhes pareçam necessárias. (por Celso Lungaretti)
Pelo contrário, eles os defendem com unhas, dentes e todas as armas que lhes pareçam necessárias. (por Celso Lungaretti)
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