quarta-feira, 13 de novembro de 2019

BRASIL POSSUI 206 BILIONÁRIOS E 13,5 MILHÕES DE DESGRAÇADOS EM MISÉRIA EXTREMA. LULA PREGA A CONCILIAÇÃO – 2

(continuação deste post)
Retórica inflamada, mas sua visão é essencialmente capitalista  
Lula contrapõe o tenente prematuramente expelido do Exército, que nunca pegou no pesado e nem sequer fez qualquer discurso propositivo enquanto esteve no parlamento, a si próprio, que trabalhou por anos a fio como metalúrgico de base até se tornar torneiro-mecânico em curso no Senai; ao fazê-lo, também está glorificando o trabalho abstrato produtor de valor, célula mater do capitalismo.

Falta-lhe a percepção de que os dois projetos de governo (liberal conservador e social-democrata populista) se inserem num mesmo espectro de tentativa de salvação e manutenção da ordem capitalista em depressão globalizada, com diferenciações políticas apenas cosméticas. 

Não, Lula, os 22 milhões de empregos que você diz ter criado na década passada esvaíram-se tão logo a marolinha da economia mundial se transformou em tsunami para o Brasil, e jogou na rua da amargura cerca de 13 milhões de trabalhadores ainda na metade do Governo Dilma Rousseff (aquele do qual você pretendeu ser ministro para se tornar imune aos ataques da institucionalidade burguesa que não admite ser governada por sociais-democratas com bandeiras vermelhas, por mais desbotadas que estejam). 

Os empregos com que você acena para um futuro governo seu ou de qualquer poste que lhe sirva de ersatz não levam em conta a conjuntura de depressão econômica mundial. 
"os 22 milhões de empregos que Lula diz ter criado esvaíram-se"

Mais: é demagógico ignorar que os novos modos de produção industrial estão desempregando massivamente metalúrgicos para usar robôs nas fábricas de automóveis e metalúrgicas nas quais você trabalhou. 

Mais ainda: sua visão, em última análise, nada mais é do que uma visão capitalista,  por não considerar a superação do trabalho abstrato como condição de emancipação da sociedade em geral.

A questão, Lula, não é preservar o trabalho, os trabalhadores e seu partido, mas superar a todas essas categorias e instituições do capital, coisa que a essência da sua postura política jamais poderá aceitar. 

Quando afirma para os seus apoiadores que devem respeitar o mandato eletivo do capitão Boçalnaro, o ignaro, você está, na verdade, preocupado com que o jogo eleitoral se mantenha incólume, já que anseia por sua volta a um poder que é por natureza opressor dos trabalhadores, após o desgaste inevitável do governo que aí está. 

Deve ter ficado evidente para você que, com o (des)governo atual, se repetirá o ocorrido com os governos do PT tão logo as condições da depressão capitalista passaram a atingi-los, deixando os respectivos estados e municípios quase ou totalmente falidos; ainda que tudo saia de acordo com seus planos, o problema virá depois, já que nada do que você vem afirmando desde a volta à liberdade indica que tenha encontrado uma solução mágica para romper tal círculo vicioso.
Lula recomenda respeito ao mandato de um apologista de torturas e atrocidades
Aliás, não se podia esperar outra coisa de você, mesmo quando perseguido pela democracia burguesa e seus aparatos institucionais, senão a submissão incondicional à institucionalidade e ao podre poder político e financeiro que ela confere ao seu partido, garantindo-lhe uma importância no cenário político nacional que não mais teria se dependesse unicamente do idealismo dos voluntários, como nos velhos tempos. 

A sua auto-alardeada pobreza não impede o uso e a franquia de jatinhos que a estrutura política e partidária toda lhe permite obter. Não subestime a nossa capacidade de compreender o que está em curso. 

Concordo que o Bolsonaro é um palavrão em si, conforme você afirmou; mas, para você, superação dos trabalhadores enquanto categoria capitalista e nas suas condições de eternos explorados, abrindo caminho para sua emancipação, é também palavrão. Só que, mesmo estando fora do seu vocabulário, nós insistimos em pronunciá-lo. 
Alianças com os Delcídios da vida envergonharam militância do PT
Retirar direitos dos trabalhadores por meio dos poderes Executivo e Legislativo é uma imperiosa ordem do capital aos seus serviçais políticos. É por isto que tanto os seus mandatos como os de Dilma Rousseff foram marcados por um sem-número de medidas constrangedoras, que indignaram correligionários a ponto de provocarem desfiliações. 

Afora o mico que representava para militantes sinceros pertencerem a um partido que tinha aliados com os maus bofes de Delcídio do Amaral, Sérgio Cabral e Roberto Jefferson, dentre outros da mesma laia.

Os juros bancários extorsivos no cartão de crédito e outras operações financeiras lesivas aos cidadãos, contra os quais você reverberou em seu discurso, são os mesmos dos seus tempos de governança, que propiciou taxas de lucro inimagináveis aos sistema bancário. Aliás, com Henrique Meirelles como presidente do Banco Central, nada poderíamos esperar de diferente.

Vamos ficar por aqui, e deixar as promessas demagógicas de melhora das condições de vida do povo brasileiro para o processo eleitoral desde já em curso, e que visa novamente polarizar entre o nefasto conservadorismo assumido e a social-democracia exaurida. 
"Não servir de escada para a legitimação dos podres poderes"

Mas, cuidado com a voz das ruas! Ela rugiu em 2013 durante o governo Dilma Rousseff, está derretendo o neoliberalismo chileno e tem se feito ouvir em países com governos díspares como os da Bolívia, Equador, Peru, Venezuela, Argentina, cujos povos já não se conformas com o eterno pêndulo da ineficácia entre direita e esquerda institucional, ambas dependentes, na essência, do capitalismo em fim de feira.

De resto, não termino sem antes afirmar que isto jamais ocorrerá com o meu voto, pois venho me abstendo de servir de escada para tanto oportunismo eleitoral e legitimação dos podres poderes. (por Dalton Rosado)

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