quarta-feira, 2 de outubro de 2019

QUALQUER SEMELHANÇA ENTRE O PLÍNIO SALGADO E O JAIR MESSIAS BOLSONARO JAMAIS SERÁ MERA COINCIDÊNCIA – 3

(continuação deste post)
Nazismo: trabalhadores escravos numa fábrica da Siemens
Infelizmente, o discurso superficial e leviano do bolsonarismo ainda cala fundo em muitas mentes conservadoras e igualmente ignorantes, que acreditam no retrocesso civilizatório como solução para o futuro (!) e desconhecem a negatividade do passado que defendem.

Muitos outros aspectos de identidade com a doutrina nazista poderiam ser ainda identificados na doutrina bolsonariana, que é indubitavelmente neointegralista (tal corrente ideológica, do alto do seu nacionalismo conservador, moralista e adepto de disciplinas rígidas de comportamento, defendia coisas muito assemelhadas ao que hoje é pregado pelo presidente Boçalnaro, o ignaro). 

Plínio Salgado, o líder dos integralistas brasileiros (os camisas verdes, que até nos uniformes seguiam o estilo nazista) cujas teses estão agora revividas, hoje seria um perfeito ministro plenipotenciário do Governo Boçalnaro.

Mas quero terminar esse artigo para falar de uma semelhança fundamental, que é, antes de tudo, capitalista na essência, e que se associa ((contraditoriamente, porque o capital é internacional) ao nacionalismo patriótico defendido por Hitler e Boçalnaro.  

Trata-se da defesa sub-reptícia do trabalho escravo. 
Entrada do campo de concentração de Auschwitz

Hitler obrigava os seus milhões de presos das guerras de ocupação e racismo a servirem de trabalhadores escravos nas centenas de campos de concentração, nas frentes de guerra, nas fábricas de bens de consumo e armamentos, etc. 

Na entrada dos campos de concentração se lia a frase Arbeit macht frei (O trabalho liberta).

Boçalnaro é defensor explícito da redução dos direitos trabalhistas como forma de se viabilizarem direitos básicos, num reconhecimento implícito da natureza do capitalismo liberal, no qual se aceita a escravidão como opção mínima de sobrevivência.  

Isto transparece na frase boçalnarista “é melhor ter menos direito e emprego do que todos os direitos e desemprego”, que o  ignaro autor deve ter derivado dos conceitos tacanhos do seu ministro da Economia Paulo Guedes.

É como se eles considerassem que a parca e deficiente comida servida aos escravos dos campos de concentração devesse ser considerada uma opção indispensável à conservação da vida. Ou seja, como se fosse um benefício (!!!).

Não é por menos que Boçalnaro entende que o trabalho de crianças possa ser educativo; Hitler, vale lembrar, também convocou a juventude nazista para morrer na guerra.
Tanto foi prejudicado que se tornou um pária da civilização!

Seu descendente ideológico brasileiro admite ver os jovens nas atividades produtivas capitalistas como educação moral e profissional, conforme se pôde inferir de uma das suas repulsivas afirmações. 

Não. A redução de direitos trabalhistas e previdenciários apenas denuncia a falência do próprio regime de trabalho abstrato (que precisamos superar, ao invés de procurar melhorá-lo). 

Ele clama por outro contrato social de produção, da mesma forma que a comida fornecida para manter vivos os escravos dos campos de concentração nem de longe representava um raio de liberdade. 

O nazismo nasceu, cresceu e morreu (mas agora quer ressuscitar) sob a infâmia e a opressão desvirtuadas como se fossem conceitos virtuosos, e se beneficiou do silêncio temeroso de muitos que intimamente condenavam ou desconfiavam suas falácias, até se constatar, tardiamente, a monstruosidade trazia embutida.

Alguns que ousaram contestar publicamente Hitler foram assassinados, como o jornalista alemão Carl Albert Fritz Gerlich, um dos exterminados na prisão em Dachau, primeiro campo de concentração nazista (de 1933). Presto-lhe aqui minha homenagem póstuma pela coragem. 

Gerlich, jornalista martirizado pelos nazistas
Ainda que possamos considerar que a depressão capitalista de hoje em muito se assemelha à de 1929/1930, a verdade é que a atual ocorre num momento histórico que já não propicia facilmente a perpetuação de regimes ditatoriais, razão pela qual os governantes de ultradireita têm fôlego curto.

É pouco provável uma repetição dessa mesma história, com os neointegralistas brasileiros (doutrinariamente adeptos do neonazismo) consolidando as suas teses de retrocesso civilizatório, morte e sujeição. 

Mas, devemos ficar atentos. (por Dalton Rosado)

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