(continuação deste post)
"QUERO QUE TODOS POSSAM COMPRAR SEUS FUZIS" — Hitler era armamentista. Ao assumir o poder na Alemanha (que, depois da derrota na 1ª Guerra Mundial, ficou proibida de fabricar armas de guerra), logo apressou-se em iniciar um programa armamentista sob disfarce.Sem que o mundo soubesse sem margem para dúvidas, tornou a Alemanha detentora de impressionante poderio bélico-militar, que já denunciava os seus intentos de revanche, alimentado pelas frustrações remanescentes da derrota alemã na guerra da qual Hitler participara como cabo (Bolsonaro também tem DNA militar, como capitão).
O mundo ficou perplexo quando constatou o poderio militar da Alemanha nazista nas anexações de territórios dos países vizinhos (República Tcheca, Eslováquia, Polônia, Áustria), mas já era tarde.
Boçalnaro, o ignaro, não difere em nada de Hitler quanto ao seu discurso armamentista. Quando diz querer "que todos possam comprar seus fuzis”, ele está incitando a população a armar-se, na provável suposição de que. a partir daí e de uma lavagem cerebral doutrinária neointegralista, possa contar com ela para um confronto com as instituições democrático-burguesas, não no sentido do avanço horizontalizado do poder popular, mas do poder verticalizado ditatorial que não aceita interferências.
Como cada pessoa poderia utilizar suas quatro armas (tal decreto foi revogado) |
A pretensão dele e de seu ministro da Justiça Sergio Moro, em ampliar o poder discricionário da repressão militar ao crime, oportuniza o clima de tensão sobre uma população economicamente exaurida pelo capitalismo selvagem (de lei da selva, não dos silvícolas que ora são atingidos nos seus direitos ancestrais à terra) que perpassa todo o programa econômico de seu governo.
Hitler também perseguiu os ciganos, judeus e comunistas, enquanto Boçalnaro vitupera obsessiva e cansativamente Cuba e Venezuela como comunistas, embora estejam longe de serem exemplos da partilha comunista idealizada pelo Marx esotérico.
A obsessão boçalnarista pelo tema morte está invariavelmente presente nos seus discursos, quando inverte o conceito de defesa da vida pela prática da morte, tal qual fazia o seu congênere hitleriano.
E o soldado que entrega o ouro pro inimigo, o que é? |
Diz Boçalnaro: “O soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde”, reforçando a ideia absurda de indução à guerra como forma de combate aos males sociais e afirmação do nacionalismo retrógrado.
Sabemos estar vivendo em meio a uma guerra urbana graças ao aumento vertiginoso de assassinatos de bandidos, de inocentes e de militares.
O pensamento boçalnarista, antes de buscar as causas mais profundas e de base da violência social em todos os estados brasileiros, prefere tentar impor uma impossível paz pelas armas, daí sustentar que “a árvore que não der frutos, deve ser cortada e lançada ao fogo” (usando interpretação do seu fundamentalismo bíblico distorcido e rasteiro).
Em seguida, conclui “Eu sou favorável à pena de morte” (alguém dele esperaria outra postura?).
Os genocidas matam milhões em nome da vida.
Hitler era flagrantemente racista e xenófobo. Perseguiu, como dissemos, ciganos e judeus; desejava que a raça ariana germânica, descendentes dos celtas) dominasse a mundo, e considerava os eslavos (russos e poloneses) como sub-raça.
Mas não parava por aí: era também homofóbico.
Röhm, morto pelos preconceituosos |
Viam-na como uma decadência dos costumes germânicos. Para eles, era inaceitável a convivência do nacional socialismo com a homossexualidade, pois isso prejudicaria a necessária reprodução e perpetuação da raça ariana (um absurdo próprio ao desvario totalitário racista!).
Líderes nazistas importantes que eram homossexuais sofriam perseguições. Caso de Ernst Röhm (chefe das temíveis SA, a primeira milícia do partido nazista), que foi assassinado em 1934 na chamada Noite das Facas Longas, em grande parte por preconceitos decorrentes de sua orientação sexual.
No Brasil, onde o boçalnarismo também tem muitas afinidades com milícias, a homofobia é outro ponto em comum. Uma das frases mais criticadas do Boçalnaro vai exatamente nesta direção (“O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro, ele muda o comportamento dele. Olha, eu vejo muita gente por aí dizendo: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem”).
Entre dar um couro (leia-se porrada) e assassinar, como fazem os homofóbicos neointegralistas que atiram nos homossexuais por crime de ódio, a distância é pequena. Boçalnaro insere-se entre os que, tal como os nazistas e neointegralistas, consideram o homossexualismo como um desvirtuamento comportamental inaceitável.
Além de ser uma postura odiosa com relação aos que têm uma preferência sexual diferente da que o seu neointegralismo considera como unicamente aceitável, o seu pronunciamento temerário, preconceituoso, perigoso e inoportuno é mais uma manifestação explícita de sua ignorância e despreparo para o cargo que exerce. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)
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