quinta-feira, 13 de junho de 2019

TODOS À GREVE GERAL!

Greve é parar a produção, parar a geração e circulação de capital. A greve é o momento em que o trabalho mostra ao capital a real origem de sua riqueza. 

A greve, no entanto, não é um ato de ruptura revolucionária. Ela é um processo limite da dinâmica burguesa, momento de expressão extrema da insatisfação laboral. A greve não questiona a propriedade privada, mas impõe-se no limite do processo de exploração.

A greve pode mesmo ser considerada um caso extremo da liberdade de expressão, pois é o instante em que o trabalhador usa o próprio corpo para anunciar à classe dominante seu descontentamento. Por isso, a greve acaba sendo um direito no estatuto burguês liberal, direito este negado em regimes ditatoriais. 

Ao longo do tempo, a greve acabou sendo acoplada a uma dinâmica institucionalidade, com o sindicato aparecendo como representante jurídico dos trabalhadores. 

O grande problema disso é justamente que o sindicato, enquanto estrutura jurídica, acabou por criar uma série de interesses próprios, muitas vezes alheios aos dos trabalhadores, daí resultando a docilização do instrumento da greve, regrado ao mínimo nível institucional e, muitas vezes, atropelado em nome de interesses sindicais específicos. 
Não podemos esquecer que a greve geral de 2017 contra a reforma da Previdência, altamente combativa, com adesão maciça ao redor do Brasil, foi logo traída pelas centrais sindicais em troca da manutenção do imposto sindical. Traídos os trabalhadores e traídos os sindicatos, pois, no frigir dos ovos, ficaram mesmo sem o imposto. 

Fato é que muitas greves convocadas pelas grandes centrais brasileiras eram cênicas, com pouco esforço efetivo de mobilização. 

Apesar disso, a greve é um processo combativo construído de fato pelos trabalhadores e pelas trabalhadoras e, por isto, seu impulso pode atropelar a letargia sindical. 

A greve deste 14 de junho de 2019 é mais um processo de mobilização popular contra o projeto de neoliberalismo radical da burguesia brasileira, por hora capitaneado por Bolsonaro e sua trupe de bestas-feras. 

A mobilização teve início em 15 de maio, quando milhões de professores e estudantes fizeram uma gigantesca greve da educação, com passeatas e atos massivos. 

O processo continuou em 30 de maio, com novas manifestações pela educação. Agora, chega a vez de todos os trabalhadores pararem juntos para enviar um recado forte e altivo à plutocracia nacional. 

Não podemos perder a visão geral de que tais mobilizações são mais um capítulo da gigantesca luta de classes iniciada em 2013 e continuada no impeachment, nas ocupações de escolas, na greve dos caminhoneiros e na eleição do neofascista Jair Bolsonaro. 

Nesta luta, a população brasileira, destemidamente, combate as estruturas excludentes, corruptas e genocidas do capitalismo periférico nacional, no qual sua burguesia só pode ter por opção ampliar o saque ao povo e a crueldade de seu Estado racista e assassino. 

Marx já colocava que um trabalhador não revolucionário não era nada, justamente porque no capitalismo ele só pode ser um joguete da espoliação burguesa, alguém considerado por tecnocratas ministeriais como causador do deficit fiscal. 

Mas, para alguém ser revolucionário, precisa adquirir a consciência de classe, a qual não caí do céu, mas é forjada na luta diária. O povo brasileiro, nestes últimos anos, vem forjando sua consciência de classe. 
Para a burguesia brasileira pouco importa que doentes, mutilados, depressivos ou enfermos morram sem sustento. Ela só se interessa por seu lucro e sua boa vida em Miami. Seu projeto é genocida na forma e no conteúdo. 

Reajamos nós, portanto, lançando-nos nessa batalha de vida ou morte! 

À greve! (por David Emanuel de Souza Coelho)

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