ricardo kotscho
MAIS ARMAS, MENOS EDUCAÇÃO
O gigante adormecido está acordando, após o corte de 30% nas verbas da Educação, em meio à corrida armamentista desencadeada por Bolsonaro.
Desde a manhã de 2ª feira, quando centenas de estudantes cariocas protestaram contra o presidente em frente ao Colégio Militar (vide foto acima), onde ele participava de uma cerimônia, manifestações de professores e alunos se alastram pelo país.
Embora desta vez os meios de comunicação escondam os protestos, ao contrário do que aconteceu em 2013, alunos, estudantes e funcionários já saíram às ruas em São Paulo, Curitiba, Salvador, Niterói e em Passos, no sul de Minas.
“A gente vai lutar com todas as nossas forças pelo direito de estudar numa instituição de ensino de qualidade e manter nosso campus aberto”, diz Giovana Assis, aluna do Instituto Federal de Passos, onde o MEC cortou R$ 16 milhões, o que corresponde a 40% da verba deste ano.
O Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica convocou para o próximo dia 15, 4ª feira, o Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação, que também já está mobilizando as entidades estudantis de todo o país.
Segundo o Sinasafe, este dia servirá como esquenta para a greve geral do dia 14 de junho convocada pelas centrais sindicais.
Com a oposição partidária e parlamentar ainda na tela de repouso, limitada a alguns deputados como Ivan Valente, Alessandro Molon e Paulo Teixeira e outra meia dúzia de quixotes, mais uma vez são os estudantes e professores que saem à frente na defesa dos seus direitos e da democracia.
Na mesmo dia dos protestos no Rio, milhares de manifestantes foram às ruas em Salvador contra o corte de R$ 3,7 milhões na Universidade Federal da Bahia.
Na quarta-feira, estudantes e professores promoveram a Marcha da Ciência contra os cortes de verbas da Educação, na avenida Paulista, em São Paulo, ao mesmo tempo em que o movimento Lutar e Educar, ligado à Universidade Federal do Paraná, protestou em Curitiba, assim como aconteceu na Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
Bolsonaro abriu várias frentes de batalha ao mesmo tempo. Talvez sem se dar conta, além de confrontar o alto pijamato dos generais para defender o guru Olavo de Carvalho, o presidente jogou o povo das universidades contra o governo, com a entrada em cena de Abraham Weintraub, o alucinado novo ministro da Educação que resolveu declarar guerra ao marxismo cultural.
Ao decretar o liberou geral de armas e munições, o capitão reformado arrumou confusão também com a bancada evangélica, uma das bases de sustentação do seu governo, que já se declarou contrária às medidas.
Aonde ele quer chegar?
Eleito por 57 milhões de brasileiros num colégio eleitoral de 147 milhões (ou seja, 89 milhões não votaram nele), o presidente se dirige cada vez mais aos chamados bolsonaristas de raiz das redes sociais, liderados por seus filhos, e esquece de governar o país.
Em pouco mais de quatro meses de mandato, corre de um lado para outro para apagar incêndios, provocados por ele mesmo, sem conseguir apresentar um programa de governo.
A crise muda de patamar quando sai dos gabinetes e da internet para as ruas, como já começa a acontecer.
Com o desemprego crescente, a economia paralisada e sem perspectivas de melhorar, uma base parlamentar fragmentada comandada por amadores e o PIB em queda, a unica iniciativa do governo até agora foi cortar verbas, fechar conselhos e destruir programas sociais.
Diante deste cenário tenebroso, a sociedade civil está começando a se reorganizar e dar sinais de vida como aconteceu em 1984, já no fim da ditadura militar. A diferença é que agora o governo está só começando.
Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)
12 comentários:
Uma pergunta que não quer calar, porque nesse ato estudantil que está sendo organizado não se forma uma ampla unidade composta pelos mais diversos segmentos da sociedade civil, porque não tentar mobilizar juntos, movimentos sociais, as classes artísticas, intelectualides, sindicais, lideranças políticas e outras??
Porque não aproveitar o momento de descontentamento geral? Porque centenas de lideranças não estão trabalhando com o objetivo de mobilizar 500 mil pessoas num ato contra tudo que está ai?
Admiro e respeito a luta dos estudantes, mas sem uma ampla unidade, capaz de constituir uma grande, não vamos atingir os nossos
objetivos
"mulheres perigosas: a piriguete no imaginário popular"...é o titulo de uma tese de mestrado tipica de um estudante que custa 50.000 reais ao ano aos cofres públicos, ao povo...
o corte é desse tipo de "educação"..
Valmir,
a agiotagem legalizada do sistema financeiro é, disparada, a maior algoz da economia popular e ninguém fala nisso.
Os cortes na Educação não tem nada a ver com economia de recursos, são escrachadamente políticos.
A direita que está no poder Executivo não tem nada a ver com Roberto Campos ou Delfim Netto, não passa de uma horda de fanáticos destrambelhados, tangidos pelas besteiras do Rasputin da Virgínia.
Só falta gritarem "Abaixo a inteligência! Viva a Morte!", como os fascistas espanhóis do tempo do Franco.
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Celso, você é um revolucionário e, por esse viés, tende a ver a "luta" como manifestações públicas, discursos inflamados e mobilizações.
Então, o companheiro Kotscho manda um artigo e você publica, sem nem sequer acrescer os seus comentários.
Assume-o como se de sua lavra fosse, porém, examinemos.
Quem organiza a manifestação é um sindicato de sigla quilométrica "Sinasafe" que está entre os dezessete mil outros que eram subsidiados pelo imposto sindical.
A quem servem?
Qual mobilização real fará essa pelegada para ser anunciada como "o acordar do gigante adormecido"? No máximo algum barulho repercutido por eles mesmos e nada mais.
O povo está desmobilizado por causa do completo desvirtuamento que sofreu o movimento sindical.
O Kotscho sabe disso, assim, seu texto parece mais uma peça propagandista do que algo que deva ser levado a sério. Nenhum gigante está a ser acordado, posto que "gigante" não é, Apequenou-se a muito tempo...
O seu idealismo é louvável, Celso, mas... já deu aulas?
Se sim, sabe muito bem que os "estudantes" vão para a sala de aula conversar, namorar e (agora) teclar no celular. Quase nenhum estuda, faz o esforço ou tem a disciplina para aprender. A fala de Giovana, transliterada por Kotscho, é o seu supremo cinismo, ou ignorância do que é ensinar nos dias de hoje.
Mas vamos ao integrante do governo Lula... (Kotscho)
Você sabe que a opção Fernandaica, Lulaica e Dilmaica foi de financiar o ensino pago (as Uniesquinas) tirando dinheiro da Universidade pública para entregar a elas via FIES e outros programas de financiamento?
E que aumentava todo ano o limite do que podia ser financiado, provocando uma bolha de deseducação (pelo menos financeira) e encarecimento (induzido pelo estado) no preço das mensalidades dessas instituições?
Fala-se mal do Gilmarzão, mas quem botou dinheiro nas faculs dele, foi o governo a quem Ricardo K. serviu. E R.K. é consciente disso.
Que moral tem para falar algo a respeito de Educação?
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A inteligência não precisa de muito para aprender, deixe que ela se vira.
Se um governo patrocina mestres e incentiva o estudo, deveria optar pelo ensino público, gratuito e universal.
Com férrea disciplina e severa avaliação do aprendizado do aluno.
Só passa quem sabe, se não, repete até aprender ou desistir.
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Feliz de quem encontra um Mestre! Ele ensina como se aprende, com seu próprio exemplo.
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Agora, colocar jovens sem proteção, no meio da rua, para apanhar da polícia e criar um factoide.
O que você acha que é? Luta? Revolução?
Daniel Cohn Bendit está lá, mamando na teta, até hoje, já os bestas que morreram ou ficaram feridos no movimento que ele liderou... estão na mesma ou pior.
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A Revolução agora é outra, Celso.
SF,
o momento atual é imensamente maior do que essas preocupações: o começo do fim de um governo que, se conseguisse seus intentos, promoveria terríveis banhos de sangue e devastaria o Brasil de uma tal forma que levaríamos meio século para voltar ao estágio de civilização (em si insatisfatório) no qual estávamos.
Em 1968 eu percebia claramente que a bandeira do movimento estudantil, de luta contra "a tecnicização e elitização do ensino" que o acordo MEC-Usaid alegadamente promoveria era uma forçação de barra. No mínimo, os efeitos se fariam sentir um tempão depois, o que as liderenças estudantis omitiam.
Mas, e daí? O autoritarismo do governo golpista merecia, sim, ser contestado. E graças a esse começo de mobilização meio mandrake, 1968 acabaria sendo o ano mais libertário da história brasileira desde o fim do século 19.
Então, em vez de criticar o que aquela moçada fez, vamos é incentivar muitos outros estudantes, de muitas outras faculdades e colégios, a fazerem o mesmo.
Ou você prefere que o horroroso Governo Bolsonaro acabe tão somente graças a jogadas das elites insatisfeitas, sem o mínimo de participação da sociedade, como se percebe hoje que há grande chance de vir a acontecer?
O reerguimento do movimento estudantil é extremamente necessário. Eu o apoio sem restrições.
O que o ministro estava dizendo é que, de cada R$ 100 gastos com a universidade, federal, 11,67% compõem os gastos discricionários, que podem ser livremente exercitados pela instituição. Os outros 88,33% compõem as despesas fixas, não passíveis de corte ou contingenciamento. Logo, 30% de 11,67% correspondem aos tais 3,5% do total.... - Veja mais em https://reinaldoazevedo.blogosfera.uol.com.br/2019/05/10/pantomima-estupida-weintraub-os-30-os-35-chocolates-e-as-mentiras/?cmpid=copiaecola
A mídia está fazendo tempestade em copo d'água e desinformando a população e os estudantes, principalmente os estudantes que não estudam.
Valmir, você é louco ou se faz? Acredita em boataria de internet claramente descolada da realidade, coisa irritante e repetitiva deste 2015, deveria ter vergonha na cara você e demais bolsominions que fazem esse papel de louco. Além de ser um moralismo chato, se estarrecer com sexo e nudez, até parece que os próprios bolsominions nunca viram alguém nu na vida, seriam um bando de celibatários. Cê acha que eu vendo cigarros na Universidade Federal do Amazonas pelado? Cuidado, esses descolamentos da realidade de vocês ainda vai resultar em camisa-de-força!
O que acho mais engraçado é que na internet de 2013 o povo queria mais dinheiro pra educação, e antes disso o sonho de todo brasileiro era poder ir à universidade. Mas agora de repente gritam nas redes sociais que desprezam universidades e educação, que estranho, não? Ou esse amor orgásmico por um político ridículo foi capaz de fazer o povo mudar de idéia, ou os perfis falsos estão forjando um pensamento coletivo. Quero ver aonde esse delírio chamado bolsonarismo vai levar o povo a fazer.
SF, pelo visto cê também não deu aulas, dizer que estudantes universitários não estudam é leviano, como repetia um certo candidato há quatro anos atrás. Aprovação automática existe no ensino fundamental, mas não existe nas universidades. Tenho familiares que estudam em particulares por bolsa e eles não podem deixar de estudarem de jeito nenhum: se tirarem nota baixa, adeus vaga. Cê é mais um descolado da realidade que acredita numa realidade paralela inventada pelos robôs das redes sociais, sinto muito.
"A inteligência não precisa de muito para aprender, deixe que ela se vira." É sério essa loucura? Deixa alguém aprender medicina ou engenharia na UniFacebook, pra você ver se vai dar certo! Hahaha... é cada uma...
Aqui quem fala não é nenhum bobalhão, é um ativista também dedicado na luta pela educação. Tenha um bocado mais de respeito, faça o favor.
Não importa o que eles dizem, é corte do mesmo jeito, além de ficarem toda hora dizerem uma coisa e depois inventarem que disseram outra, só pra se fazerem de coitadinhos ou dizer que os outros que seriam os malvados que não entendem eles, isso é proposital pra irritar os seguimentos, é a única coisa que faz esse governo tosco, fora falarem de forma petulante, sempre querendo implodir e criar contenda. Tão mexendo com o formigueiro e ainda querem pagar de coitados, aí já é demais!
Obs: o último comentário é resposta ao Vandeco.
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Alessandro, por favor, não me compreenda mal.
Dei umas aulas sim. De matemática. Por absoluta falta de quem o fizesse nos confins do Brasil onde vivi. Isso, por pouco tempo. E foi um erro extrapolar minha experiência com os alunos.
Os pontos centrais do que eu quis dizer, são:
O ensino deve ser público, universal e gratuito. Não deveria nem sequer ser permitida a abertura de escolas particulares. Ao mesmo tempo, porém, não deve haver aprovação sem avaliação criteriosa. Só passa quem sabe o saber que a escola tem a oferecer.
Ao criar os FIES e outras bolsas esmolas o governo, ao qual R.K. serviu criou uma bolha, inflou o preço de Uniesquinas, endividou as famílias e baixou o nível do ensino. R.K. serviu a esse governo. Desconfio do que ele escreve.
E o terceiro ponto que explicitarei agora é: os educadores não podem utilizar a mesma estratégia de pressão que as outras categorias.
Quando os caminhoneiros ameaçam parar o governo gela, mas quando os professores e alunos param o governo festeja e pensa: bando de bobalhões! Não veem que é justamente isso que eu quero!
Se fossem inteligentes ensinariam mais, estudariam mais!
Já os caminhoneiros não tem mestrado, mas sabem onde está a força que eles tem.
Por isso, debocho da veleidade de um sindicato querer mobilizar os estudantes e professores e usar formas de pressão que são justamente as que tiram a força dos educadores e educandos.
Scientia potentia est!
Sem exercer seu mister que ciência terá o estudante e que poder tem o professor?
Nós não podemos desprezar ou criticar todos aqueles que participaram do governo x ou y, se você tem antipatia por x ou y. O Ricardo Kotscho é um exemplo. Ele é um cara que merece respeito e reconhecimento, na minha opinião. Além disso, ele ficou pouco tempo no governo Lula, até a metade do primeiro mandato, se eu não me engano.
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