quarta-feira, 22 de maio de 2019

O BRASIL NÃO É PARA PRINCIPIANTES – 1

No mundo inteiro, os países que integram o grande oceano de pobreza mundial experimentam as agruras de um modelo de mediação social baseada no dinheiro e mercadorias que já não reproduz a massa global de valor necessária para a sustentação social minimamente viável. 

Tais países, o Brasil incluso, compõem o cinturão de dificuldades econômicas que circunda as ilhas de prosperidade. 

Devido à dessubstancialização do valor das mercadorias ocasionado pela utilização tecnológica da microeletrônica na produção das ditas cujas (robotização, informática, comunicação via satélite e descobertas científicas da nanotecnologia), o capital se depara com uma contradição inconciliável: como sobreviver a este impasse causado por seus próprios fundamentos? 

O problema tem sido administrado com a emissão de dinheiro sem valor, principalmente pelos países de moedas ditas fortes, mundialmente aceitas, bem como mediante a emissão dos títulos da dívida pública que têm provocado o estratosférico endividamento estatal mundial.

A artificialidade deste modo de mediação social mundial está convulsionando a periferia capitalista, pois esta não consegue competir no mercado mundial de alta produtividade tecnológica; nem produzir para a sua própria subsistência sob o critério da produção mercantil; nem tem à mão os mecanismos cambiais e de crédito dos países de economias fortes. 

A insatisfação popular resultante só é contida por governos autoritários ou pela alternância entre propostas populistas de direita e de esquerda que se revezam cansativamente no poder, sem nenhuma alteração substancial para o povo. Trata-se do eterno pêndulo da ineficácia

Impera no mundo o desemprego estrutural causado pelo desequilíbrio entre a dispensa de trabalho abstrato (a Ford acaba de anunciar o fechamento de 7 mil postos de trabalho nas suas unidade mundo afora) e a abertura de novas vagas. A defasagem é constante e crescente.

Neste quadro de dificuldades mundiais o Brasil está especialmente ferrado, apesar de suas imensas potencialidade materiais.

Oitava economia do mundo, o Brasil é um país meramente periférico em termos de renda per capita: ela é baixa, considerados os critérios pouco aferidores da verdade social adotados nesse tipo de cálculo que divide linearmente o Produto Interno Bruto pelo número de habitantes.  

Existe, p. ex., uma defasagem entre o cálculo da renda per capita/PIB, que é de R$ 32.747,00 para o ano de 2018; e a realidade da renda média domiciliar per capita  brasileira (a qual não obedece aos cálculos lineares acima, levando em consideração também a concentração de renda), que, segundo o IBGE, é de R$ 1.373,00.  
Há sérios entraves atrapalhando uma melhora do quadro brasileiro:
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— aqui historicamente vem se perpetuando uma excessiva burocracia cartorial, causadora de estagnação;
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— tem-se o cidadão como desonesto até que prove o contrário e isto causa imensas dificuldades de encaminhamento da vida social;
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— a carga tributária é onerosa demais e incrivelmente diversificada, a ponto de o contribuinte nem sequer saber quantos tipos de impostos tem de pagar;
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— é forte a influência de uma formação corporativista que privilegia o particular em detrimento do coletivo;
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— sobrevivem resquícios de uma colonização predatória, de forma que se disfarça uma segregação racial sob a forma de aceitação de convivência harmoniosa (os descendentes de índios e negros, majoritariamente, estão relegados aos indicadores mais sofridos da população);
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— a elite (política e empresarial) é conservadora e oportunista, pronta para dar o bote sempre que possível;
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— o Poder Judiciário é caro e moroso, sem o sentimento de servidor público contributivo para o mais alto múnus social (ademais, uma onipresente ânsia de poder por parte dos operadores do Direito vem tendo impacto dos mais negativos na função jurisdicional); 
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— os juros aqui praticados são altos e os pagos sobre a dívida pública brasileira, altíssimos, porque o País não tem credibilidade junto aos agiotas internacionais (e nunca a terá!);
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— os custos de produção e níveis de produtividade brasileiros são (em grande parte devido aos fatores acima elencados) incompatíveis como o que é exigido pela concorrência de mercado mundial, etc., etc., etc.
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Para piorar as coisas, o Brasil pratica um capitalismo burro, na contramão do capitalismo dito inteligente (oportunista, manipulador do câmbio e de impostos), o qual, mesmo assim já é nocivo por sua própria natureza. 

Definitivamente o Brasil não é um país para amadores como o capitão presidente Boçalnaro, o ignaro(por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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