quarta-feira, 10 de abril de 2019

OS POLÍTICOS QUE INCLUÍRAM O INCENTIVO À MATANÇA EM SEUS PROGRAMAS DE GOVERNO AGORA SE CALAM

bruno boghossian
ESTADO QUE FUZILA INOCENTE ABRE
MÃO DE SEU PAPEL NA SEGURANÇA
Primeiro, o Exército fuzilou o carro de uma família no Rio. Foram mais de 80 tiros no Ford Ka em que estavam Evaldo Rosa dos Santos, a mulher, o filho, o sogro e uma amiga. 

Depois de matarem o músico, os militares mentiram. Alegaram que só revidaram um ataque de criminosos, matando “um dos assaltantes”. Por fim, consumada a tragédia, os governantes decidiram ficar calados.

Um Estado que encoraja o bangue-bangue e atira oito dezenas de vezes contra um inocente abriu mão de seu papel na segurança pública.

A morte de Evaldo é mais um sintoma das décadas de fracasso no combate ao crime e à violência, turbinadas pelo estímulo à barbaridade das execuções extrajudiciais.

Os políticos que incluíram o incentivo à matança em seus programas de governo agora preferem o silêncio. 

Aqueles que soam valentes para dizer que a polícia “cancela CPFs” ou manda bandidos “para o cemitério” em suas operações não tiveram coragem de reconhecer o desastre.

Wilson Witzel, o governador que manda “mirar na cabecinha”, disse que não cabia “fazer juízo de valor ou tecer crítica”, porque sua Polícia Militar não estava envolvida no caso.

Jair Bolsonaro também fingiu que não era com ele. Jornalistas perguntaram três vezes ao porta-voz do Planalto o que o presidente achava do episódio. Nas três vezes, ele só respondeu que o governo esperava a conclusão do inquérito para que “tenhamos o caso totalmente elucidado”. Sobre o fuzilamento em si, nada.

O principal plano de políticos que se consideram rigorosos com o crime é distribuir licenças para matar. Num dia, eles sorriem ao condecorar militares e policiais que acertaram bandidos. Noutro, eles se recusam a encarar os abusos e erros cometidos sob essa autorização.

Mortes em conflito deveriam ser tratadas como exceção, não como regra. Governantes que pregam o fuzilamento como política de segurança precisam saber que o assassinato de um inocente na frente do filho de sete anos pode estar dentro do arco de consequências de seus métodos. (por Bruno Boghossian)

2 comentários:

WILLIAM ORTH disse...

Caro Celso. o Ministro da defesa jã se manifestou pelo apoio a prisão de 9 que participaram da ação que culminou com a morte do músico no Rio. Com relação a Doria, ele esta absolutamente certo. Ministério Público, imprensa, e até" especialistas de sofá e ar condicionado" admitiram que a ação da ROTA e COE foi cirúrgica e perfeita dentro da legalidade. As filmagens mostram claramente bando com fuzis ,explosivos tocando o terror. Quem enfrentaria estes cidadãos? Doria falou uma verdade : quem sai armado até os dentes esta disposto a tudo. Pesquisas mostraram e o governador soube surfar bem, 83% por cento do povo Paulista aprovou a operação. Não essa pesquisa o DATAFOICE não fez. Abraço.
PS. gostaria de seu email para adquirir seu livro . Obrigado.

celsolungaretti disse...

Orth,

nem os leitores nem eu entendemos onde é que o Doria entra no assunto tratado no post, já que não há nenhuma citação do nome dele nem alusão ao estado de São Paulo no artigo do Boghossian.

Quanto à tempestade de balas naquele coitado do Rio, é impressionante como o Bolsonaro não encontrou até agora uma palavra sequer para dizer sobre o assunto. Nem reprovou o homicídio bestial, nem manifestou seu pesar à família, nada.

O Brasil está parecendo o velho Oeste.

Meu e-mail é o lungaretti@uol.com.br

Mas, como dizia o Chico Buarque nos velhos e maus tempos, "o correio andou arisco". Se eu não lhe responder logo, é porque a mensagem tomou outra direção. Aí poste um novo comentário, ou me procure no Facebook (https://www.facebook.com/celso.lungaretti) ou WhatsApp (11 94158-6116).

O Brasil está parecendo país ocupado pelos nazistas na década de 1940.

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