segunda-feira, 29 de abril de 2019

O MUNDO ESTÁ PRENHE DE REVOLUÇÕES – 5

(continuação deste post) 
Haiti 2019: miséria e convulsão social.
A América Central, com seus 20 Estados independentes e 7 regiões dependentes aos Estados Unidos, França, Reino Unidos e Holanda, tem uma população na casa de 92 milhões de habitantes.

Sua representatividade no cenário econômico mundial é pouca e alguns dos seus países apresentam baixíssimos Índices de Desenvolvimento Humano. 

Caso do Haiti, cujo IDH, calculado em 0,498, o situa na 168º colocação do ranking mundial. Chega a ser chocante o desnível sócio-econômico existente entre nações do continente americano! 

O Haiti é o país mais pobre das Américas, com uma população de 10,4 milhões de habitantes, formada por 90% de negros; seu PIB nominal é de US$ 18,5 bilhões e a renda per capita, de US$ 1,78 mil (lembrando que o cálculo de renda per capita não leva em conta as desigualdades de renda, tratando-se apenas da divisão do PIB pela população, dá para se imaginar a extrema miséria em que sobrevivem os haitianos mais pobres).    

A Guatemala, país onde outrora existiu a exuberante e desenvolvida civilização pré-colombiana dos maias (destruída pelos civilizados europeus), é o país mais populoso da América Central, com 17,2 milhões de habitante; PIB de USS 145,5 bilhões (pelo PPC) e renda per capita de cerca de USS 8,4 mil. O IDH guatemalteco, 0,650, é o 127º do mundo, explicando muito bem o desespero do seu povo.
Hondurenhos acampados em Tijuana: tentam entrar nos EUA.

Não é por menos que observamos hoje as levas de desesperados contingentes humanos da América Central a correrem imensos riscos tentando ingressar nos Estados Unidos, em busca da sobrevivência e esbarrando nas fronteiras da segregação que dividem o reduzido mundo populacional dos ricos do imenso mundo populacional dos pobres. 

Países centro-americanos como Honduras (8,0 milhões de habitantes); El Salvador (6,3 milhões de habitantes); Nicarágua (6,0 milhões de habitantes) e a ilha da Jamaica (3,0 milhões de habitantes) seguem o mesmo padrão de pobreza e de regimes autoritários, corruptos e opressores que caracterizam a periferia do capitalismo.

Nesse contexto, embora sejamos críticos da opção capitalista de Estado do regime cubano (o qual é cada vez mais oprimido por embargos econômicos e pelas regras absolutistas do  capital que lhe impõem subordinação à volta gradual às regras de mercado), devemos afirmar, em contraponto à tendenciosidade reacionária da imprensa tradicional, que os números da sócio-econômicos de Cuba são de fazer inveja aos seus vizinhos centro-americanos, pois detém renda per capita de US$ 10,2 mil, PIB nominal de US$ 68 bilhões e IDH de 0,777, ocupando o 73º lugar no ranking mundial.  

A América do Sul, com sua população de pouco mais de 400 milhões de habitantes distribuídos por 12 países e 7 territórios, tem extensão territorial correspondente a 12% da superfície terrestre do nosso planeta. 
Desmatamento na Amazônia legal cresceu 54% entre jan/18 e jan/19
Sua importância estratégica no cenário geopolítico decorre mais mais da sua potencialidade de riquezas materiais e vasto território do que, propriamente, de suas riquezas abstratas.

A floresta tropical amazônica, por sua exuberância territorial, biodiversidade e riquezas minerais, ainda com baixíssima densidade demográfica, apresenta aspectos relevantes no contexto ecológico mundial. 

Tida como o pulmão do mundo, a região amazônica é detentora das maiores reservas hídricas da Terra, mas vem sendo devastada pela exploração predatória tanto dos seus recursos florestais como da extração mineral. Trata-se de um reflexo tristemente desolador da lógica capitalista, que tudo decompõe em favor da lucro ecocida. 

Com o Brasil agora submetido a um governo com prevenção ideológica contra qualquer questionamento das agressões à natureza, estamos a assistir ao desmonte dos já parcos mecanismos de controle; a impressão é de um liberou geral para tudo o que representa ganância mercantilista de exploração predatória.
"um liberou geral para a ganância mercantilista"
As recentes ações governamentais, no campo da preservação ambiental, vão exatamente na contramão daquilo que a consciência ecológica mundial em formação recomenda como modo de convivência comercial sustentável. 

Isto, ao invés de alavancar nosso desenvolvimento econômico como anseiam o ministro Paulo Guedes, a direita e também a esquerda estatista, pode é nos criar dificuldades ainda maiores (vide, p. ex., a recente ameaça comercial de cientistas integrantes de organismos da União Europeia). 

Dissemos neste artigo recente que tratou da identidade entre Brasil, Argentina e Venezuela, que:
"O Brasil (...) padece sob uma taxa de desemprego renitente, situada em torno de 11% (que corresponde a um total de 12 milhões de trabalhadores aptos ao trabalho, mas submetidos ao desespero de não poderem vender a única coisa que têm, a força de trabalho).  
Pagamos juros altos, que correspondem ao dobro de todos os custos referentes à previdência social (suprimi-los, portanto, tornaria desnecessária a reforma previdenciária!).
"filhos desequilibrados e deslumbrados"
E ainda temos um agravante: elegemos um presidente primário, que parece usar aquelas viseiras laterais que impedem a visão periférica, além de influenciado por filhos desequilibrados e deslumbrados com as perspectivas do poder. O resultado é um governo desconexo"
O quadro político-econômico brasileiro é desolador, uma vez que estamos sendo dirigidos por um desgoverno que se digladia entre correntes internas de pensamentos obtusos. Fizeram uma população desinformada e desesperada crer que bastaria um combate rigoroso à corrupção para as dificuldades brasileiras terem fim, mas agora se apercebe que o buraco é bem mais embaixo. 

Entre agressões verbais feitas tanto por um filho do capitão presidente Boçalnaro, o ignaro quanto pelo guru exotérico presidencial auto-exilado Olavo de Carvalho ao vice-presidente General Mourão e militares, justamente num governo que emprega predominantemente generais da reserva nos seus escalões superiores, podemos compreender bem a dimensão da desconexão governamental. 

Simultaneamente se tenta socar goela dos brasileiros empobrecidos abaixo a fantasia de que a reforma da previdência social é a varinha de condão capaz de promover a retomada do desenvolvimento econômico num mundo em recessão econômica.

Os dirigentes governamentais não esclarecem (embora o devessem fazer por honestidade informativa) que:
— a reforma da previdência nada mais é do que a restrição de direitos constitucionalmente consagrados como cláusula pétrea, em obediência às ordens da ditadura falimentar do capitalismo e seu Estado; e 
"cantilena falaciosa repetida milhares de vezes"
— que, apesar de melhorar as contas públicas com o sacrifício de uma população já exaurida, isto não representará receita nova, mas tão somente a eliminação de gastos numa rubrica que é mais fácil de ser enxugada eliminada sem retaliações mercadológicas e financeiras dos agentes econômicos.

O povo mais uma vez é chamado a se sacrificar com a promessa de dias melhores, ou seja, uma cantilena falaciosa que, repetida milhares de vezes pela mídia de informação sistêmica, tenta nos convencer de que o que é mau é bom, e que o mal é um bem. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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