segunda-feira, 26 de novembro de 2018

ARTICULAÇÃO DE FRENTE PARLAMENTAR PROPOSTA POR CIRO SINALIZA FIM DA HEGEMONIA PETISTA NA ESQUERDA

O principal proponente dessa frente foi o Ciro Gomes
Deu no Painel Político da Folha de S. Paulo:
"A articulação para formar uma frente de esquerda sem o PT avançou na Câmara e também no Senado. Entre os deputados, as conversas entre PDT e PSB estão nos ajustes finais, e o PC do B, que ainda era dúvida, caminha para fechar com eles.

No Senado, as tratativas se desenrolam entre PDT, PSB, PPS e Rede. Líderes desses partidos marcaram uma reunião dia 5 de dezembro, no apartamento de Katia Abreu. Na ocasião, pretendem discutir os termos de um manifesto.

Os idealizadores da frente dizem que não se trata de um movimento para a simples exclusão do PT, mas de criar um grupo que possa atuar de maneira independente do governo, sem que isso seja vinculado aos partidários de Lula, vistos como pontas de lança de uma oposição sistemática e acrítica".                                                                                   
Demorou uma eternidade para o resto da esquerda bem comportada (aquela que trocou a revolução por eleições) desistir de acompanhar o PT em sua trajetória descendente. Precisou chegar ao fundo do poço. 

Aí, com a entrega do poder à extrema-direita, caiu-lhe a ficha de que os campeões de derrotas na presente década não estavam aptos para reconduzi-la à superfície, daí a decisão de desembarcar do trem fantasma.

O aspecto positivo é que o esvaziamento do PT reduz as chances de a esquerda atuar de forma insensata contra o Governo Bolsonaro, um saco de gatos altamente disfuncional (vide este e este artigos), que, em médio prazo tende a desconstruir-se por si só e ser levado de roldão por suas contradições.

O que imantou tal ajuntamento de forças díspares e até antípodas (os ultraliberais de Paulo Guedes ao lado dos nacionalistas-estatizantes da quota militar? Não tem como dar certo!) foi encararem a esquerda como inimiga comum. 

Então, quando Bolsonaro sentir-se tão bloqueado em suas iniciativas quanto Jânio Quadros estava em 1961, todos os seus instintos o levarão a apostar no confronto e na radicalização. 

Tomara que, uma vez na vida, não caiamos como patinhos na jogada do pior inimigo, ou seja, que nos abstenhamos de ajudá-lo a criar cenário favorável a um autogolpe! Precisamos aprender a só travar batalhas decisivas no terreno e no momento que escolhermos. 

Mas, como o PT há muito toma decisões levando em conta apenas suas conveniências enquanto partido, é bem provável que tente repetir a jogada do Fora Temer!, quando colocou seu bloco na rua para esvaziar um governo de centro-direita e, en passant, retirar o foco de seus erros crassos no processo de impeachment e das cobranças que lhe faziam de uma abrangente autocrítica.

O tiro saiu pela culatra: destruídos os direitistas civilizados, a disputa seguinte se deu entre a esquerda e a ultradireita. Cansei de alertar que foi exatamente assim que procederam os comunistas alemães na década de 1930, atacando os partidos moderados a partir da esquerda enquanto os nazistas o faziam a partir da direita. 

Só que, esvaziado o centro, quem prevaleceu no confronto aberto entre esquerda e direita foi Hitler E o resultado desastroso de lá acaba de se repetir aqui; tiramos zero em História Mundial.

A minha esperança é de que, das cinzas do PT e do inconformismo de companheiros que já haviam desencanado das ilusões democratico-burguesas e agora verão ser imposto ao Brasil o maior retrocesso político, econômico, social, cultural e moral desde o golpe de 1964, emerja uma nova esquerda. 
Uma esquerda de verdade, que resgate a opção revolucionária, a o espírito de luta e a integridade moral que nos eram inerentes outrora, mas que deixamos de mostrar nas últimas décadas. 

Será positivo se viermos a ter uma frente parlamentar de esquerda com um mínimo de discernimento político, depois das enormes lambanças cometidas no passado recente.

E melhor ainda se começarmos a reconstruir a esquerda revolucionária, focada numa transformação em profundidade da sociedade brasileira ao invés de contentar-se com a ilusão de poder que a democracia burguesa proporciona e com as migalhas que o poder econômico está disposto a conceder aos explorados para manter tal ilusão. (por Celso Lungaretti)

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