terça-feira, 2 de outubro de 2018

O VALE-TUDO ELEITORAL TEM DEDO NO OLHO, CHUTE NA VIRILHA E DESFAÇATEZ ILIMITADA

Sempre combati a censura, primeiramente por princípio; e também por haver sido uma de suas vítimas menores.

É que a ditadura militar, afora os quatro processos que me moveu por subversão, também me fez perder tardes inteiras com um quinto, totalmente descabido, relativo à minha atuação jornalística (a acusação não tinha nem pé, nem cabeça, mas a lengalenga se arrastou por um tempão e só no julgamento o Ministério Público finalmente reconheceu o óbvio, recomendando minha absolvição). 

Então, tenho autoridade moral de sobra para dizer que a pendenga Folha de S. Paulo x STF não passa de uma Batalha de Itararé, aquela que não houve.

O ex-presidente Lula teve sua candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral porque a corte entendeu que sua condenação na Justiça Comum o privara desse direito, de acordo com a Lei da Ficha Limpa.

Ora, se não pode ser candidato, evidentemente também não pode influenciar em grande estilo o resultado do pleito.

Nem de longe ele está sendo censurado, pois recebe visitas aos montes e esses visitantes dão a público tudo que ele que divulgar. Afora as cartas escritas dentro da prisão e amplamente divulgadas fora dela.

Se, além dessa situação tão especial, nem de longe estendida a outros presos, autorizar-se a realização de uma entrevista alguns dias antes do 1º turno, com direito à entrada na prisão da entrevistadora e "respectiva equipe técnica, acompanhada dos equipamentos necessários à captação de áudio, vídeo e fotojornalismo", o que se criará é, obviamente, um fato eleitoral de primeira grandeza. 

Publicada na véspera ou no dia do pleito, com o previsível estardalhaço, inevitavelmente influenciará decisões de votos. E dará a um cidadão que a Justiça Eleitoral considerou não estar no gozo de seus direitos políticos peso decisivo numa eleição presidencial! 

Como todos sabemos que Lula nada terá a dizer que já não haja dito zilhões de vezes e seus pombos-correios não cansam de repetir para os brasileiros, o que se quer é apenas criar um tipo de showmício às vésperas da eleição. 

A Folha clama por liberdade de expressão, mas o que realmente almeja é a liberdade de espetacularização da política, o que tem mais a ver com business jornalístico do que com quaisquer convicções ideológicas.

Sendo o Jair Bolsonaro um presidenciável totalmente inaceitável para os civilizados, eu até poderia ver bons olhos algo que servisse para diminuir o risco de uma invasão bárbara. Mas, não com tanta desfaçatez e de forma tão oportunista!
Passemos para outra distorção: concordo em gênero, número e grau com a avaliação de que a impugnação de 3,6 milhões de eleitores por não terem cadastro biométrico é uma aberração e, mais do que qualquer urna eletrônica, coloca a eleição sob suspeita, pois até as pedras das ruas nordestinas sabem que a grande maioria votaria no Lula.

E mais uma: salta aos olhos e clama aos céus que o juiz Sérgio Moro decidiu quebrar neste exato instante o sigilo de trechos da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci para causar consequências eleitorais. 

Desse jeito, vou acabar acreditando que os paladinos da Lava-Jato querem mesmo é que o candidato da suástica tupiniquim chegue ao Palácio do Governo, conforme afirmou um colunista do qual discordo em 99% das vezes (será esta a exceção que serve para confirmar a regra?).

A atual eleição está sendo muito educativa: põe a nu, elevadas à máxima potência, as mazelas da democracia burguesa.

É uma lástima que, pela desgraceira que a eleição de um nazista destrambelhado tenderia a causar, eu não possa, desta vez, recomendar a meus leitores o voto nulo. Sinto-me lesado...

5 comentários:

Henrique Nascimento disse...

Essa atitude do Moro em liberar a delação do Palocci é de uma irresponsabilidade sem tamanho. Ele ainda não engoliu as bravatas que o Lula expelia antes da prisão. Claramente, é uma resposta à atitude do Lewandowski em liberar a entrevista com o Lula. Mais nebulosidade numa situação já super sensível.

David Emanuel disse...

Celso, discordo. Apesar de concordar com vc que uma entrevista de Lula serviria para interferir nas eleições, Lula possui sim direito a dar entrevistas. Aliás, inúmeros presos Brasil afora exercem esse direito normalmente. Ele foi impedido de se candidatar, não de interferir nas eleições.

celsolungaretti disse...

David, ele funcionar como cabo eleitoral de dentro de uma prisão, mobilizando toda uma infra-estrutura paga pelo contribuinte para alavancar o business da Folha, é uma situação totalmente inusitada desde que construíram a primeira cadeia no Brasil.

Na prática, uma avacalhação da Justiça, levando água para moinhos golpistas. Cada besteirinha dessas os ajuda a convencer os simplórios de que o mar de lama não terá punição à altura

E a Folha é useira e vezeira em posar de defensora da democracia praticando puerilidades. Quem não a conhece, que a compre.

O Márcio Moreira Alves também tinha todo direito de, num discurso que deveria passar despercebido, recomendar às moças para não namorarem com militares. Deu no que deu. Duas dezenas de companheiros que eu conheci pessoalmente morreram por conta do pretexto que ele levianamente forneceu ao inimigo.

Vandeco disse...

A realidade nua e crua de "marketing politico" é que o Lula, o grande cabo eleitoral de Bolsonaro, conseguiu mais um cabo eleitoral para o Bolsonaro, O Ricardo Lula, digo Lewandowski. No final de semana o #Elenão também deu uma grande força para o Bolsonaro. O pessoal do PT e seus satélites esqueceram que o brasileiro ainda é muito conservador, religioso (os evangélicos que o digam) e por ai vai. Tenho notícias que até no nordeste a casa está caindo. O nordestinos da área rural e pequenas cidades estão aderindo ao Bolsonaro.

celsolungaretti disse...

Muita água ainda vai passar debaixo da ponte. Mas, num ponto você está certo: Caetano há meio século cantava "Viva palhoça, ça, ça, ça, ça" e nada mudou, aqui continua um grotão.

Lewandowsky é um petista reaça. Em todas as votações do Caso Battisti, alinhou-se com a Itália. Ao tomar a palavra, deixava claramente transparecer seu ódio pela esquerda revolucionária.

São os companheiros de viagem atraídos pelo PT depois que desistiu de transformar o Brasil.

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