hélio schwartsman
PELO FIM DAS FRONTEIRAS
Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista puramente racional, ela é a solução para vários problemas globais. Mas, como o mundo é um lugar menos racional do que deveria, pessoas que buscam refúgio em outros países costumam ser recebidas com desconfiança quando não com violência, o que diminui o valor da imigração como remédio multiuso.
No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra seria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria o PIB mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos estejam inflados, só uma fração de 10% já significaria um incremento da ordem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis).
Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob sistemas que os impedem de ser produtivos.
Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob sistemas que os impedem de ser produtivos.
Um estudo de 2016 de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um trabalhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem e transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 mil.
A imigração se torna ainda mais tentadora quando se considera que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que enfrentam o problema do envelhecimento populacional.
Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser maltratados e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especialmente se vêm em grandes números. Isso está acontecendo até no Brasil, que não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que estão em operação aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que membros de outras tribos eram muito mais uma ameaça do que uma solução.
De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigração, tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangeiros dê pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los com inteligência, minimizando choques culturais e distribuindo as famílias por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É tudo o que não estamos fazendo. (por Hélio Schwartsman)
7 comentários:
Que ironia um socialista aprovar e reproduzir argumentos pró-capitalistas para defender a liberdade das pessoas fugirem dos países socialistas. Não deixa de merecer parabéns! ��
Venezuela, um país socialista?! Nem a pau, Juvenal!
O Marx concebia o socialismo como um estágio superior de evolução da humanidade, não como um retrocesso à barbárie.
E no socialismo é o proletariado organizado que está no poder, não uma camarilha de trogloditas que só nele se sustenta por meio do uso desmedido e bestial da força.
O blog deixa bem claro seu compromisso com a justiça social, a liberdade, os direitos humanos e o pensamento crítico.
Na Venezuela não existe liberdade, nem respeito aos direitos humanos, nem qualquer coisa que remotamente se possa chamar de pensamento crítico.
E nem mesmo justiça social, a menos que se esteja falando de dividir igualitariamente a penúria.
Por um lapso, aprovei um comentário do Vandeco, mas depois percebi que o texto não era do Vandeco, mas sim de um jornal eletrônico, daí tê-lo deletado.
Não houve má fé do Vandeco: ele copiou e colou os parágrafos iniciais, depois deu o link do restante. Mas, o padrão adotado aqui é o mesmo dos veículos de imprensa: nenhum deles aceita que se utilizem citações de outros veículos para colocar em xeque seus conteúdos.
Este espaço, portanto, é exclusivamente para comentários escritos pelos próprios leitores, não para leitores copiarem o que encontram por aí e virem colar aqui.
Caro Celso Lungaretti,
Compreendi perfeitamente suas colocações. Continuarei a postar as minhas opiniões e peço desculpas pela falha.
Não houve falha nenhuma, Vandeco. Você repetiu um procedimento muito comum na web.
Mas, os portais, blogs e sites que aceitam esta prática criam uma situação delicada, pois não têm controle sobre o que foi trazido até eles. Não sabem se é um conteúdo que tem credibilidade ou uma mera picaretagem. E ficaria complicado apurar, em cada caso, qual o perfil do portal, site ou blog de origem (além de poder provocar uma polêmica desgastante com o dito cujo).
Houve um tempo no Orkut em que as viúvas da ditadura colavam em todas as comunidades políticas, o tempo todo, textos copiados do Ternuma, do site do Brilhante Ustra e de outras latas de lixo virtuais, referentes ao tema que o internauta abordara no seu post. Ficar respondendo àquilo nos fazia perder tempo inutilmente. Não responder parecia falta de argumentos. Era um tremendo mico.
Então, achei importante evitar que isso se repetisse aqui. Meu problema não era com seu comentário em si, mas com o precedente que abriria se começasse a admitir aqui o recorta-e-cola.
Um abração e ótimo domingo.
A ironia do Anônimo esta se referindo ao fato de você ter postado um artigo do Hélio Schwartsman, considerado um economista de viés neo-liberal. Nessas horas não existem ideologias, é uma questão humanitária. Ele(a) se esquece que o Brasil é um grande exportador de emigrantes também.
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