segunda-feira, 30 de julho de 2018

COM FALSO MEA CULPA, NEYMAR TOMBOU MAIS ALGUNS CENTÍMETROS

Toque do editor
Se há algo que jamais farei é comentar alguma peça publicitária em particular, pois considero-as todas nocivas: impingem produtos e serviços quase sempre desnecessários, insuflando o consumismo desenfreado, além de incutirem subliminarmente os valores de uma sociedade desumana e injusta ao extremo. 

Caso o Zé Celso Martinez Correa não tivesse afirmado que "os publicitários são filhos de Goebbels", é bem provável que eu mesmo criasse tal frase. Ela simplesmente esgota o assunto.

Mas, o comercial tentando limpar a barra do Neymar, no qual lê uma lenga-lenga piegas que jamais teria capacidade para escrever e que todos sabemos não representar seus reais sentimentos, foi um insulto à inteligência de quantos nos frustramos com o desempenho dele no último Mundial. Então decidi, excepcionalmente, não deixá-lo passar em branco. 

Como não me sentiria bem escrevendo tal crítica, decidi reproduzir a ferina catilinária do roteirista de cinema e TV Tony Goes, que matou a cobra e mostrou o pau....
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COMERCIAL EM QUE DESABAFA É MAIS UMA BOLA FORA DO NEYMAR
Chororô no sábado da eliminação...
Neymar virou um problema para seus patrocinadores. Contratado a peso de ouro por algumas das maiores marcas do mundo, o jogador saiu da Copa do Mundo da Rússia com a imagem chamuscada.

O que derrubou Neymar não foi a derrota da seleção brasileira. O egípcio Salah não conseguiu que seu time passasse da 1ª fase e, mesmo assim, entrou para o ranking dos dez melhores do mundo divulgado pela Fifa (o brasileiro ficou de fora). Cristiano Ronaldo caiu com Portugal nas oitavas de final e assinou um contrato milionário com a Juventus antes mesmo do final do torneio.

Neymar despencou por causa de seu comportamento de prima-dona, sem compensar esses chiliques com gols. À menor resvalada durante um jogo, o rapaz se atira ao chão, se contorce de dor, exagera na encenação. Virou piada a nível planetário.

Um professor de teatro entrevistado pelo jornal The New York Times avaliou a performance do jogador como pífia e não convincente. “Neymar faz o que todos os atores principiantes fazem", disse Jim Calder. "Eles exageram os eventos." 
...e uma alegre noitada de pôquer na 4ª feira seguinte. Serão só as faltas que ele simula?!
Assustada com a súbita queda no valor simbólico de seu garoto propaganda, a Gillette entrou em campo. Durante um intervalo do Fantástico neste domingo (29), o anunciante veiculou um comercial de um minuto e meio (uma duração três vezes maior do que a habitual), em dramático preto e branco, com Neymar recitando em off um texto em que admite alguns erros, mas não chega a pedir desculpas.

Tenho pena do redator que escreveu esse texto. Cada palavra deve ter sido repensada centenas de vezes e submetida ao crivo de muita gente – inclusive ao do próprio Neymar, é claro. Pena que, no final, a coisa descamba, piorando ainda mais a combalida reputação do jogador.

“Eu caí, mas só quem cai pode se levantar”, diz Neymar no fim do comercial. “Você pode continuar jogando pedra, ou pode jogar essas pedras fora e me ajudar a ficar de pé. E quando eu fico de pé, parça, o Brasil inteiro levanta comigo.”

Oi? Quer dizer então que a responsabilidade é nossa? Que temos que ajudar o coitadinho do Neymar a se reerguer, depois dele ter agido feito um moleque mimado durante anos a fio, dando muito pouco em troca aos torcedores de seus times?

O que Neymar tem feito para justificar a paixão dos brasileiros? Nem aqui ele joga mais. Largou o Santos de uma hora para a outra e foi para o Barcelona. Chutou o Barcelona para escanteio e se bandeou para o Paris Saint-Germain, onde ainda não disse a que veio.

Enquanto isso, não perde uma oportunidade de monetizar cada segundo de sua vida pessoal. Solta mal disfarçadas mensagens publicitárias em seus perfis nas redes sociais. Posa em trajes menores ao lado da namorada, a atriz Bruna Marquezine, para uma campanha de uma loja de roupas. E agora deu um jeito de faturar com o vexame que protagonizou no Mundial.

No filme da Gillette, Neymar insiste que ainda é um menino. Não é: é um homem de 26 anos, pai de um filho, que acumulou uma fortuna por seus próprios méritos.

Já passou da hora dele se comportar feito um adulto. Deixar de ser seduzido pelo canto de sereia da publicidade e assessorado por gente que não pensa a médio prazo. Basta conferir a reação largamente negativa dos internautas a esse falso mea culpa: Neymar tombou mais alguns centímetros.

Terá que fazer muito gol para conseguir se levantar. (por Tony Goes)
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Como a bola de ouro ele não vai mesmo ganhar, que tal o Profissionais do
Ano? Desde, claro, que haja prêmio para a peça publicitária mais cínica...

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