domingo, 15 de abril de 2018

O ESTADO NÃO PASSA DE UM SERVO DO PODER ECONÔMICO: EXERCE A OPRESSÃO SEM SOBERANIA DE VONTADE – 2

(continuação deste post)
Maria Luíza fez greve de fome contra o boicote que sofria...
Muitos outros grandes e pequenos exemplos poderiam encher as páginas de um livro sobre a nossa experiência administrativa, que me expôs o conteúdo da opressão social inerente ao exercício da administração de um aparelho de Estado, que sob qualquer forma política sempre serve ao capital, de onde obtém o seu sustento financeiro. 

Mas, a título de mera explicitação, basta citar dois fatos elucidativos da administração popular:
1.  Após melhorarmos (dentro do possível) as finanças públicas, com medidas austeras de coibição da corrupção; 
— promovermos a eliminação de cabides de emprego e de funcionários fantasmas (ou seja, que não davam as caras no serviço mas recebiam salários regularmente); 
— passarmos a efetuar somente gastos compatíveis com a arrecadação; e
— não fazermos campanha à reeleição com dinheiro da máquina administrativa ou com propinas de empresários, acabamos derrotados pelo então candidato do PMDB, Ciro Gomes. 

Vale acrescentar que, desligados do PT, fomos obrigados a concorrer por um partido recém-fundado (o Partido Humanista, que não vingou); e que Gomes foi apoiado pelo hoje tucano Tasso Jereissati. 

Os fados concorreram para o sucesso de sua gestão. Pôde contar com o bom legado administrativo que recebeu de nós, beneficiou-se da nova realidade de autonomia financeira estabelecida na Constituição Federal de 1988 e o Governo Sarney, num passe de mágica, liberou as verbas de muitos projetos que mantinha engavetados... 
...do governo do filhote da ditadura José Sarney.

O afortunado Gomes acabou sendo avaliado como o melhor prefeito do Brasil, deslanchando então sua carreira política.
2. A grande imprensa fortalezense, movida pelos interesses empresariais que a sustentam e também pelo rancor de jornalistas que deixaram de prestar serviços profissionais à prefeitura, moveu contundente campanha difamatória contra a gestão de Maria Luíza.

A sórdida empreitada de destruição de imagem contou com o apoio da esquerda e da própria direção do PT, já que Lula fazia muitas restrições ao candidato indicado pela Administração Popular (eu). Os ataques contra a honra da prefeita foram na linha das fake news

Podemos, enfim, concluir que a administração de qualquer aparelho de Estado que adote uma postura de não conciliação com tudo de podre que permeia a sociedade mercantil republicana, e que se rebele contra a lógica impositiva da boa administração político-financeira do Estado, terá como consequência:
a) o descrédito popular pelo não atendimento satisfatório das demandas sociais, por mera impossibilidade financeira de tal atendimento. Afinal, o aparelho de Estado, nos países da periferia capitalista, serve primordialmente para manter a cara estrutura jurídico-institucional-militar de dominação, justificando a extorsiva cobrança de impostos de um povo já exaurido pela extração de mais-valia e desnível de renda, e não para satisfazer plenamente as necessidades sociais; 
b) a falência financeira pelo garroteamento do crédito, pelo afastamento dos investidores, pela consequente depressão econômica, pela ainda maior falência do Estado e pelo desemprego cada vez mais acentuado; 
"qualquer piparote jurídico-constitucional"
c) a expulsão do governo por qualquer piparote jurídico-constitucional, seja pelo poder político, seja Judiciário, ou ainda por golpe militar.   
AS PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR — Diante disso tudo, se pergunta: 
— por que votar? 
— por que querer participar do processo eletivo para governar o aparelho de Estado, que é anti-povo por natureza conceitual e constitutiva?
— por que assumirmos a incumbência de administrar um organismo estatal falido, cuja dívida pública é impagável, e que está a impor ao governante de plantão medidas econômico-administrativas anti-povo, como é o caso da administração do déficit fiscal e da previdência social?
— por que aceitarmos a redução dos direitos trabalhistas como forma de fazer face à concorrência internacional de mercado que impõe redução dos custos do trabalho abstrato?
— por que tentarmos melhorar as relações de trabalho abstrato quando, na verdade, deveríamos suprimi-la e criarmos uma relação diferenciada de produção, capaz de satisfazer necessidades humanas ou invés de priorizar a impossível (no estágio atual) realização de lucros, que são cada vez mais escassos?  
— por que termos que pagar uma dívida pública cujos juros são de R$ 400 bilhões anuais, a nós impostos pelo sistema financeiro internacional sob pena de nos tornarmos insolventes e arcarmos com todas as penas decorrentes de uma inadimplência? 

Que os capitalistas queiram administrar esse podre poder é compreensível pois, afinal, estarão a defender a cidadela de proteção dos seus privilégios, o Estado, que é o instrumento jurídico-institucional-militar da coerção tácita do capital.

Mas, para quem se pretende defensor dos interesses populares e emancipacionistas, de que servem todos esses objetivos político-administrativos? 

Valerá a pena conservarmos mesquinhas dotações de recursos advindos do Estado sob a justificativa de seu uso em defesa do povo, ipso facto legitimando a ordem jurídico-constitucional opressora? 

Qualquer que seja a alegação para tentar justificar o injustificável, será motivada por grave equívoco de análise ou por oportunismo vil. (por Dalton Rosado)

3 comentários:

Anônimo disse...

***
Depreende-se dos seus textos que vivemos numa feroz ditadura do capital financeiro internacional (a banca) que se tornou hegemônico como meio de reprodução do capital, uma vez que a produção e logísticas automatizadas são eliminadores de emprego e, por consequência, da mais valia. Ou seja, não existe lucro industrial, mercantil, de serviços, pois se resumem a um único ganho: o lucro financeiro.
Você também defende que o dinheiro é a forma-valor, dotada do fetichismo da mercadoria, que mesmeriza todos e reduz tudo a sua lógica perversa.
Que essa banca tem como fim precípuo promover a concentração contínua da riqueza. Objetivo que é, em síntese, suicida para a própria banca.
Que ironia, ao invés da Internacional, temos a banca internacionalista que domina os estados, meros títeres dos seu objetivo único: deixar todo mundo pobre.
Esses caras são inteligentes, sabem tanto quanto nós que o fim final será a destruição da sua ordem política e econômica.
Será que eles não estão fazendo nada?
Eu daria mais atenção às criptomoedas e sua recentes paridades com as moedas fiduciárias.




celsolungaretti disse...

RESPOSTA ENVIADA PELO DALTON:

Caro leitor anônimo,

não há dúvidas de que a manipulação monetária estatal em estreita sintonia com o sistema financeiro internacional é o que está dando uma sobrevida ao capital, uma vez que a chamada economia real (produtora de mercarias) já não fornece o volume de valor válido (aquele advindo dessa mesma produção de mercadorias) no nível exigido pela dinâmica da auto-reprodução do capital, que deve ser constante e crescente sob pena de perecer.

Tal manipulação tem provocado o aumento da miséria nos países periféricos do capitalismo, entre os quais o Brasil está inserido, em que pese a sua imensa riqueza material que é eclipsada pelos critérios da riqueza abstrata (dinheiro e meradorias). O capital financeiro é tão nocivo quanto o capital industrial ou comercial, e todos vivem da exploração do trabalho abstrato, sem grandes diferenças quanto às suas naturezas constitutivas.

Mas essa manipulação tende a chegar ao momento da verdade, no qual teremos um colapso na dimensão dos números estratosféricos e artificiais que hoje dominam a economia mundial.

As criptomoedas são decorrentes de manipulações que setores do mercado financeiro que desejam enriquecimento fácil diante da fragilidade do sistema financeiro bancário e estatal em gerir as suas próprias economias. São tão ou mais frágeis que as moedas que representam, ou seja, são a abstração da abstração, e já estão caindo no vazio de suas inconsistências.

Quem agora vem aplicando nesse tipo de moeda, seja para fugir do fisco, das caras taxas bancárias, ou como modo de esconder dinheiro ganho dentro do que o sistema considera como modo criminoso e marginal (o crime oficial de extração de mais-valia é aceito como honesto), está correndo riscos de ter prejuízos no futuro. Esse tipo de moeda terá o mesmo fim das moedas que formam as suas carteiras.

Agradeço a participação. Dalton Rosado.

celsolungaretti disse...

UM COMPLEMENTO QUE O DALTON ACABA DE MANDAR PARA A RESPOSTA AO LEITOR ANÔNIMO:

OBSERVAÇÃO: 1 (um) bitcoin foi cotado em US$ 14.269,64, em dezembro de 2017, para no início de abril/2018 ser cotado a US$ 6.938,73, um prejuízo de 50% para os investidores desse período.

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