É assim que acaba o mundo.
É assim que acaba o mundo.
Não com um estrondo,
mas com um suspiro"
(T. S. Eliot)
Não há mais dúvida de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem como destino imediato a prisão, devendo ser encarcerado já na próxima semana.
Nem a certeza de que, mesmo quando for afinal pautado o julgamento das Ações Diretas de Constitucionalidade que poderão tornar novamente obrigatório um veredito de 3ª instância antes da prisão de um condenado, o Supremo Tribunal Federal voltará atrás de sua decisão de 2016.
Se nenhuma ocorrência imprevista alterar de novo o elenco do STF, a tendência é de continuarem existindo cinco votos contra e cinco a favor da regra vigente, com um ponto de interrogação quanto ao lado para o qual a ministra Rosa Weber concederá a vitória.
Mas, são raros os analistas e os dirigentes políticos que acreditam no cumprimento integral da atual sentença de doze anos e um mês de prisão e das que poderão advir a Lula dos outros oito processos por corrupção a que ele responde.
Um palpite muito ouvido por aí, que alguns poderão qualificar de cínico e outros de realista quando estamos falando de Brasil, é o de que Lula permanecerá em cana até o 2º turno da eleição presidencial e, depois do dia 28 de outubro, darão um jeito de colocá-lo na rua, talvez mediante um indulto presidencial.
Mas, como nunca me senti confortável em cima do muro, não vou sonegar de meus leitores a conclusão óbvia a extrair-se dos últimos acontecimentos, que muitos articulistas de esquerda evitam por contrariar a expectativa dos torcedores: o tempo dos voos altos está definitivamente encerrado para Lula.
Assim como Jânio Quadros depois da renúncia e Fernando Collor após o impeachment, o máximo a que ele pode aspirar doravante é uma prefeitura ou uma posição no Legislativo, e isto só depois de desvencilhar-se do seu emaranhado de processos.
Terá, então, de recomeçar de baixo, talvez ainda septuagenário (está com 72 anos), talvez já octogenário.
Que chances lhe restam de dar uma volta por cima mais prodigiosa ainda que a de Getúlio Vargas em 1950? Praticamente nenhuma.
Lamento que os dirigentes do PT tenham estimulado a ilusão de que ele poderia ser candidato ao Palácio do Planalto em 2018, o que servirá apenas para manter a legenda em evidência até a decisão da Justiça Eleitoral, que inexoravelmente vai enquadrar Lula na Lei da Ficha Limpa.
Aprendizes de feiticeiro tão desajeitados quanto o camundongo Mickey no clássico Fantasia de Walt Disney, eles só têm conseguido colecionar derrotas, frustrar os seguidores e tumultuar o cenário político, sem proveito real para ninguém, nem mesmo para o próprio PT.
O dia 4 de abril de 2018 marcou, melancolicamente, o final de uma época. E, parafraseando o Gilberto Gil, quem não cantou o Lula-lá nem sequer sonhou...
Na década passada, quando o boom das commodities agrícolas permitia tornar ainda mais farto o banquete dos poderosos e, simultaneamente, aumentar um tantinho a quantidade de migalhas na mesa dos explorados, era Lula o presidente. A desigualdade econômica até aumentou, mas os coitadezas porventura tomam conhecimento dessas estatísticas? A conciliação de classe chegou mesmo a parecer viável durante algum tempo...
Na década atual, contudo, houve nova contração do capitalismo e, numa época de vacas magras, deixaram de existir migalhas para farta distribuição à plebe ignara. Pior: os poderosos decidiram retomar as migalhas de que haviam aberto mão no passado recente. Mas, como Lula entregara a faixa presidencial à Dilma, foi ela quem acabou levando, aos olhos das pessoas simples do povo, toda a culpa pela degringola econômica.
Ultimamente, eram os inimigos que mantinham Lula sob os holofotes, a ponto de as pesquisas eleitorais prematuras e inúteis o apontarem como favorito de um pleito que até as pedras das ruas sabiam que ele não disputaria.
Já não conseguindo mais despertar esperanças nem tendo nada de relevante para propor, conseguia manter-se à tona, primeiramente, graças à chantagem emocional da vitimização.
Depois, por verem-no como a alternativa a Michel Temer (um vilão de opereta, que manda muito menos do que qualquer grande banqueiro, mas os banqueiros são alvos inacessíveis para o canhãozinho do PT e de Lula, que há muito desistiram de confrontá-los...), além de candidamente suporem que ele poderia tornar realidade a miragem de uma reversão das reformas que o poder econômico exigiu e fará com que sejam mantidas e aprofundadas pelo próximo governo, custe o que custar!
Enfim, apesar da tediosa mini-temporada de jus sperniandi que estará em cartaz nos próximos dias, o julgamento do habeas corpus do Lula por parte do STF foi o último ato de mais um surto de populismo de esquerda, reformismo e conciliação de classe no Brasil.
Quanto antes a esquerda se convencer de que se tornou obrigatória uma rigorosa avaliação crítica dos caminhos percorridos desde 2002, para identificar os erros cometidos e definir novas estratégia, táticas e padrões de comportamento, melhor!
Pois de nada lhe adiantará enfiar a cabeça na areia como avestruz, relutando em admitir que terá de batalhar pra valer por sua sobrevivência e crescimento político, agora que não conta mais com a zona de conforto da Luladependência.
Nem a certeza de que, mesmo quando for afinal pautado o julgamento das Ações Diretas de Constitucionalidade que poderão tornar novamente obrigatório um veredito de 3ª instância antes da prisão de um condenado, o Supremo Tribunal Federal voltará atrás de sua decisão de 2016.
Se nenhuma ocorrência imprevista alterar de novo o elenco do STF, a tendência é de continuarem existindo cinco votos contra e cinco a favor da regra vigente, com um ponto de interrogação quanto ao lado para o qual a ministra Rosa Weber concederá a vitória.
Mas, são raros os analistas e os dirigentes políticos que acreditam no cumprimento integral da atual sentença de doze anos e um mês de prisão e das que poderão advir a Lula dos outros oito processos por corrupção a que ele responde.
Um palpite muito ouvido por aí, que alguns poderão qualificar de cínico e outros de realista quando estamos falando de Brasil, é o de que Lula permanecerá em cana até o 2º turno da eleição presidencial e, depois do dia 28 de outubro, darão um jeito de colocá-lo na rua, talvez mediante um indulto presidencial.
Lula enfrenta sua hora mais sombria |
Mas, como nunca me senti confortável em cima do muro, não vou sonegar de meus leitores a conclusão óbvia a extrair-se dos últimos acontecimentos, que muitos articulistas de esquerda evitam por contrariar a expectativa dos torcedores: o tempo dos voos altos está definitivamente encerrado para Lula.
Assim como Jânio Quadros depois da renúncia e Fernando Collor após o impeachment, o máximo a que ele pode aspirar doravante é uma prefeitura ou uma posição no Legislativo, e isto só depois de desvencilhar-se do seu emaranhado de processos.
Terá, então, de recomeçar de baixo, talvez ainda septuagenário (está com 72 anos), talvez já octogenário.
Que chances lhe restam de dar uma volta por cima mais prodigiosa ainda que a de Getúlio Vargas em 1950? Praticamente nenhuma.
Lamento que os dirigentes do PT tenham estimulado a ilusão de que ele poderia ser candidato ao Palácio do Planalto em 2018, o que servirá apenas para manter a legenda em evidência até a decisão da Justiça Eleitoral, que inexoravelmente vai enquadrar Lula na Lei da Ficha Limpa.
Aprendizes de feiticeiro tão desajeitados quanto o camundongo Mickey no clássico Fantasia de Walt Disney, eles só têm conseguido colecionar derrotas, frustrar os seguidores e tumultuar o cenário político, sem proveito real para ninguém, nem mesmo para o próprio PT.
O dia 4 de abril de 2018 marcou, melancolicamente, o final de uma época. E, parafraseando o Gilberto Gil, quem não cantou o Lula-lá nem sequer sonhou...
Foi uma estrela que brilhou e logo se apagou, desesperançando o povo sofrido
Na década atual, contudo, houve nova contração do capitalismo e, numa época de vacas magras, deixaram de existir migalhas para farta distribuição à plebe ignara. Pior: os poderosos decidiram retomar as migalhas de que haviam aberto mão no passado recente. Mas, como Lula entregara a faixa presidencial à Dilma, foi ela quem acabou levando, aos olhos das pessoas simples do povo, toda a culpa pela degringola econômica.
A pedra despencou? Vamos empurrá-la de novo! |
Ultimamente, eram os inimigos que mantinham Lula sob os holofotes, a ponto de as pesquisas eleitorais prematuras e inúteis o apontarem como favorito de um pleito que até as pedras das ruas sabiam que ele não disputaria.
Já não conseguindo mais despertar esperanças nem tendo nada de relevante para propor, conseguia manter-se à tona, primeiramente, graças à chantagem emocional da vitimização.
Depois, por verem-no como a alternativa a Michel Temer (um vilão de opereta, que manda muito menos do que qualquer grande banqueiro, mas os banqueiros são alvos inacessíveis para o canhãozinho do PT e de Lula, que há muito desistiram de confrontá-los...), além de candidamente suporem que ele poderia tornar realidade a miragem de uma reversão das reformas que o poder econômico exigiu e fará com que sejam mantidas e aprofundadas pelo próximo governo, custe o que custar!
Enfim, apesar da tediosa mini-temporada de jus sperniandi que estará em cartaz nos próximos dias, o julgamento do habeas corpus do Lula por parte do STF foi o último ato de mais um surto de populismo de esquerda, reformismo e conciliação de classe no Brasil.
Quanto antes a esquerda se convencer de que se tornou obrigatória uma rigorosa avaliação crítica dos caminhos percorridos desde 2002, para identificar os erros cometidos e definir novas estratégia, táticas e padrões de comportamento, melhor!
Pois de nada lhe adiantará enfiar a cabeça na areia como avestruz, relutando em admitir que terá de batalhar pra valer por sua sobrevivência e crescimento político, agora que não conta mais com a zona de conforto da Luladependência.
Começar de novo, sem o teu fascínio: vai valer a pena ter sobrevivido!
Nenhum comentário:
Postar um comentário