segunda-feira, 11 de setembro de 2017

NAS URNAS VAI DAR CENTRO-DIREITA EM 2018. TEREMOS DE CONSTRUIR NOSSA OPÇÃO NAS RUAS!

Wishful thinking é o que mais se vê nas redes sociais
Os internautas que se viciaram no wishful thinking (pensamento que não passa de uma expressão de desejo) abundante em outros espaços virtuais têm uma certa dificuldade em entender que o objetivo deste blogue não é martelar versões e antevisões fantasiosas para, por força da repetição, impingi-las aos leitores, mas sim esmiuçar o que ocorreu/ocorre e projetar cenários futuros com chances reais de ocorrerem. 

Aqui se estimulam a reflexão e o pensamento crítico, ao invés de formar prosélitos que digam amém a quaisquer tolices que os dirigentes partidários afirmem.

Quando sabemos para onde marcham os acontecimentos, podemos interferir para tentarmos melhorar as opções.

Se nos limitarmos a tranquilizar nossos seguidores, escondendo-lhes a gravidade das situações como se fossem crianças a serem poupadas das verdades desagradáveis, nós e eles quebraremos a cara adiante.
Irrealismo e teimosia tornaram mais contundente a queda
Lembram-se da Dilma? "Eu não vou cair!", berrava, para convencer os outros e, provavelmente, também a si própria. Esborrachou-se ela e os que seguiram sua orientação, esborracharam-se juntos.

No mesmo domingo (17/04/2016) em que, numa sessão tragicômica, a Câmara Federal aprovou a abertura do processo do impeachment, já escrevi que seria inútil tentarmos simplesmente impedi-lo, dando murro em ponta de faca.

Propus que a Dilma renunciasse, para que toda a esquerda pudesse unir-se numa campanha por eleição direta para presidente, enquanto ainda havia tempo para a viabilizar. Assim, mesmo que viéssemos a ser derrotados, pelo menos teríamos reagrupado nossas forças e iniciado a reação.

Já com a opção de se percorrer até o mais amargo fim as etapas legais do impeachment, a derrota seria acachapante, total. Como foi, sem nenhum episódio de resistência popular digno de nota. Um vexame.

Assumiu Temer e eu passei a pregar uma incisiva autocrítica da esquerda, que certamente desembocaria no reconhecimento de que não será nos jogos de cartas marcadas dos três Poderes que venceremos a guerra contra o Estado burguês. 
Na democracia burguesa não temos vez

Então, era mais do que hora de abandonarmos as ilusões eleitoreiras e voltamos a organizar os explorados para a luta contra o capitalismo em escala nacional.

Alertei, ainda, que a chance de vitória na eleição presidencial de 2018 era ínfima e que Lula seria abatido em pleno voo (graças às denúncias e processos por corrupção) se e quando os inimigos considerassem necessário.

Mas a esquerda desvirtuada, que tenta perpetuar as práticas reformistas e populistas apesar do desastre de 2016, continuou insuflando em seus públicos os mais inverossímeis sonhos de uma noite de verão. 

E eles agora viraram pesadelos de uma noite de inverno, com o PT, na surdina, já estudando outras candidaturas possíveis, enquanto os partidos aliados cogitam o lançamento de candidatos próprios.

Quanto à melhora da situação econômica, é outra bola que tenho cantado aqui desde o ano passado. Por quê? Porque a atual recessão se deve mesmo a causas estruturais, mas um fator conjuntural a maximizou: a péssima gestão da economia sob a gerentona Dilma.

Era previsível que, não havendo mais risco de extemporâneos arroubos nacionais-desenvolvimentistas em pleno século 21, os empresários recomeçassem, timidamente, a investir. 

E é igualmente previsível que se disponham até a dar uma cota de sacrifício para que haja um pequeno boom econômico no ano que vem, no sentido de influenciar as eleições, como fizeram em 1970. Eleitor brasileiro vota na centro-direita quando tem um pouquinho a mais de grana no bolso.

O roteiro até pareceu que fosse mudar com o complô Janot-Joesley-Globo, mas a tentativa golpista ia na contramão da tendência dominante entre os donos do PIB, daí eles terem preferido sustentar Temer. 

O analista Vinicius Mota resume bem o quadro atual:
No Maracanã: o ditador Médici surfando nas ondas do milagre.
"O delator que encurralou Temer, Joesley Batista, foi desmoralizado e preso. Palocci endossou a acusação da Procuradoria contra Lula. A economia entrou em recuperação, com a perspectiva de que inflação e juros continuem baixos por longo período. A centro-direita voltou a dar as cartas de 2018".

Que tal cairmos na real, convencendo-nos de que a esquerda não vai mesmo fazer o próximo presidente (e, mesmo que o fizesse, tenderia a repetir os mesmíssimos erros dos governos petistas, tentando domesticar a besta-fera capitalista ao invés de acumular forças para sua superação)?

Não é disputarmos eleições nossa verdadeira prioridade neste momento, mas sim reconstruirmos a esquerda, sob novas perspectivas estratégicas e táticas. Enquanto não o fizermos, estaremos empurrando a pedra até o topo da montanha apenas para vê-la desabar pelo outro lado.

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