segunda-feira, 8 de agosto de 2016

DILMA QUERIA UM PRONUNCIAMENTO DO PAPA FRANCISCO EM SEU FAVOR. RECEBEU UMA BENÇÃO E UM SANTINHO...

Dilma não levou em conta a "liturgia papal"...
Está no Painel (seção de notinhas curtas de política) da Folha de S. Paulo:
"Semanas atrás, Dilma Rousseff fez chegar ao Vaticano um pedido: gostaria de saber se o papa Francisco poderia dar um testemunho público de apoio à presidente afastada. O Alvorada foi informado de que o gesto fugiria muito da liturgia papal.
No lugar de uma manifestação aberta, o pontífice argentino escreveu uma carta pessoal à petista".
É de pasmar a ingenuidade da Dilma! Como pôde imaginar que o líder espiritual do catolicismo tomaria partido contra o presidente em exercício de uma nação católica, apenas para agradar a uma presidente afastada e com ínfimas chances de ser reempossada?!

Ignorará ela que nem mesmo com a Alemanha nazista o papa (Pio II) bateu de frente, sendo até hoje acusado de conivência com o Holocausto?

Que o papa Francisco é tido pelos defensores de direitos humanos da Argentina como um religioso que compactuou com os ditadores de lá (vide aqui)?

O que mais poderia esperar de um político da Igreja (raramente os papas não o são), se não uma benção e um santinho?!

Da mesma forma, ela acreditou que receberia a solidariedade de presidentes e premiês de nações importantes. Todos, claro, permaneceram confortavelmente em cima do muro.
Papa Pio XII: conivente com o Holocausto.

É por esta e outras que eu sempre disse: a Dilma, hoje, é muito mais uma tecnoburocrata do que a revolucionária que foi num passado distante.

Tecnoburocratas constituem uma peculiar espécie de indivíduos capazes de enxergar apenas a realidade dos gabinetes do poder, nos quais enterram a cabeça como avestruzes. Sabem nada das ruas.

Lembro-me que, certa vez, os jenios de Brasília, numa época de inflação alta, resolveram exterminar por decreto os cheques pré-datados. Informaram aos brasileiros que teriam de ir aos bancos depositar ou sacar tais cheques, porque a partir de certo dia (próximo), perderiam a validade.

Conseguiram tumultuar o sistema bancário do país inteiro, obrigando os bancos a permanecerem abertos noite adentro durante vários dias consecutivos. Simplesmente não tinham a mínima noção do estratosférico volume de cheques pré-datados que as pessoas conservavam consigo, à espera do dia acordado para a compensação.

Dilma é assim. E, por ser assim, não percebeu que Lula a escalara para presidente de uma só gestão, incumbida de tomar conta da garrafa até sua volta. Ela bateu o pé e quis continuar. Lula retirou a escada e a deixou pendurada na brocha. Só aguentou 16 meses.

Outra característica de tecnoburocratas: a arrogância. Se ela ouvisse os que entendem do riscado, saberia que injetar investimentos estatais para gerar atividade econômica, sob o capitalismo, acaba é quebrando a economia. Já não dava certo na década de 1950, quando o tal do nacional-desenvolvimentismo estava no seu apogeu. Agora, com a globalização dos mercados, nem pensar!

Há esquerdistas que a desculpam, em nome de presumíveis boas intenções. Eu, não. Se era isso que queria, então fizesse logo a revolução! Ou, como Chávez, que tentasse avassalar os outros Poderes, criando um capitalismo de estado policial

Quebraria também a cara: no primeiro caso, por não ter organizado a massa para poder dar um passo desses; no segundo, porque regimes fechados tanto em termos econômicos quanto políticos não passam de um anacronismo que não virou o século. 

Mas, pelo menos, teria sido coerente. Já tirar do fundo do baú e tentar aplicar um receituário econômico que não deu certo seis décadas atrás (e menos chance ainda teria de dar certo agora) é coisa de quem habita um universo mental paralelo, no qual presidentes da República moldam a realidade do jeito que querem e papas dão tiros no pé para atender pedidos de quem foi expelida do poder.

2 comentários:

Paulo Mascarenhas disse...

O artigo relembra as bobagens cometidas pela equipe econômica da ditadura e o monumental erro da equipe econômica da presidente afastada.

No entanto, acho uma insensatez, um apressamento do blog, basear tão bem elaborado artigo "numa notinha" da Folha, que pode ser mentira da Folha, como já aconteceu com relação a Dilma. Deveria vir de fonte mais confiável para seus leitores.

Dilma mandar sondar o Papa Francisco para saber se ele poderia dar um testemunho público da favor dela, soa tão ridículo, tão sem lógica, que quem sugeriu essa sondagem não passa de um desesperado que perdeu algum gordo cargo comissionado ou um demente.

celsolungaretti disse...

Paulo,

a Dilma várias vezes já mostrou de forma cabal que está desesperada, que faz qualquer coisa para tentar salvar o cargo e que é capaz das avaliações as mais ingênuas possíveis. Esta é congruente com todas as outras.

Às vezes notícias falsas são divulgadas pelos jornalões, mas quando há interesses importantes em jogo; e elas são valorizadas, apresentadas com destaque.

A notinha no Painel está perdida no meio de um monte de outras, ninguém está mais ligando para a Dilma, já que a confirmação do impeachment é favas contadas.

Então, já que não houve desmentido e já que tem tudo a ver com um montão de bobagens e lambanças anteriores, eu a reproduzi.

Para que a companheirada veja o quanto a afastada deixou de agir como uma pessoa de esquerda. Para se eleger, foi servir de azeitona na empada do Edir Macedo. E para tentar salvar o pescoço, recorreu ao Papa, sem sequer perceber que ele jamais a atenderia.

Eu, pelo contrário, continuo considerando que certo mesmo estava o Castro Alves: "Quebrai o cetro do Papa/ Fazei dele uma cruz/ A púrpura sirva ao povo/ Para cobrir os ombros nus".

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