Os comunistas Friedrich Engels e Karl Marx... |
A proposta de ambos era a de um melhor aproveitamento do potencial produtivo existente, direcionando-o para a promoção da felicidade coletiva, ao invés de desperdiçá-lo em privilégios para uns poucos e parasitismo generalizado.
A hipótese anarquista nunca foi testada: não houve país em que cidadãos livres organizassem a economia e a sociedade sem a tutela do Estado.
A hipótese marxista não foi testada da forma como seus enunciadores previam: em países cujas forças produtivas estivessem plenamente desenvolvidas.
Nas duas nações que realmente contam, a revolução teve de cumprir uma etapa anterior, qual seja a de acumulação primitiva do capital, já que se tratava de países ainda desprovidos da infra-estrutura básica para uma economia moderna.
Acabaram tendo de exigir esforços extremos dos trabalhadores; e, como eles não se dispunham livremente a isto, a URSS e a China, cedendo ao imperativo da sobrevivência, coagiram-nos a dar essa quota de sacrifício.
Ou seja, tornaram-se tiranias. Uma mais brutal e assassina, a stalinista. A outra mais messiânica e fanática, a maoísta.
Sobreviveram exatamente até cumprirem a função por elas assumida, de trazer países atrasados até o século XX. A partir daí, entretanto, passaram a emperrar as forças produtivas, ao invés de as deslanchar.
O socialismo real da União Soviética e satélites caiu de podre no final da década de 1980, com as nações voltando ao capitalismo.
Sobreviveram exatamente até cumprirem a função por elas assumida, de trazer países atrasados até o século XX. A partir daí, entretanto, passaram a emperrar as forças produtivas, ao invés de as deslanchar.
O socialismo real da União Soviética e satélites caiu de podre no final da década de 1980, com as nações voltando ao capitalismo.
O maoísmo tentou ainda resistir aos ventos de mudança com a revolução cultural, em vão. Depois de uma luta travada na cúpula, sobreveio o pior dos mundos possíveis, um amálgama de capitalismo de estado na economia e ditadura do partido único na política.
De 1989 para cá não surgiu uma proposta revolucionária alternativa, capaz de vingar nos países economicamente mais desenvolvidos –aqueles que, segundo Marx, traçam o caminho que depois é seguido por todos os outros.
Inexiste hoje uma estratégia que contemple a concretização simultânea das três bandeiras principais do marxismo e do anarquismo: a promoção da justiça social, o estabelecimento da liberdade plena e o incremento da civilização.
Unir essas três pontas soltas, na teoria e na prática, é nossa principal tarefa nos dias de hoje.
FLERTANDO COM O APOCALÍPSE
Até lá, devemos esforçar-nos para, pelo menos, não nos tornarmos agentes do despotismo e da barbárie.
O capitalismo globalizado é tão decadente, putrefato e destrutivo quanto a escravidão nos estertores do Império Romano. Já não oferece valor positivo nenhum à sociedade, só os negativos.
É mais um motivo para não nos comportarmos como a imagem invertida de nossos inimigos.
Se a indústria cultural deles se tornou totalmente parcial e tendenciosa, não é justificativa para substituirmos a reflexão pela propaganda em nossos meios de comunicação, martelando falácias, recorrendo à mais rasteira demagogia, endeusando líderes, exagerando acertos e minimizando/escondendo erros.
A imprensa burguesa se desacredita e desmoraliza a olhos vistos. Temos de ocupar esse espaço vazio, mostrando-nos capazes de cumprir melhor as três funções do jornalismo: informar, formar e opinar.
E não deixarmos que a função opinativa impregne tudo e determine o conteúdo das outras duas. Se eles não mais dispõem de credibilidade, só teremos a ganhar zelando religiosamente pela nossa.
E não é qualquer forma de luta que nos serve, como serve para eles.
Os EUA não hesitaram em fazer do povo japonês uma cobaia dos efeitos de petardos atômicos, detonando-os para, principalmente, servirem como efeito-demonstração: queriam intimidar Stalin. Para o fim alegado de forçar a rendição japonesa, hoje está mais do que provado, os holocaustos de Hiroshima e Nagasaki eram desnecessários.
Se houve uma verdadeira lição desses episódios terríveis, é a de que nunca mais as armas atômicas devem ser utilizadas, contra ninguém, absolutamente ninguém!
Então, por piores que sejam as atrocidades cometidas por Israel, ainda assim não há hipótese que justifique a defesa de projetos nucleares por parte de revolucionários, mesmo que os ditos cujos estejam direcionados contra o estado judeu.
Até porque, como será impossível evitar a retaliação, o que está em jogo é a destruição simultânea de dois países e seus povos, afora os efeitos devastadores sobre as nações vizinhas e seus povos.
Até porque, como será impossível evitar a retaliação, o que está em jogo é a destruição simultânea de dois países e seus povos, afora os efeitos devastadores sobre as nações vizinhas e seus povos.
Quanto ao equilíbrio do terror –a tese de que, se nações inimigas possuírem armas nucleares, nenhuma as ousará disparar–, foi exatamente a que quase levou à destruição da humanidade em 1962.
Pois, por nela acreditarem, os cientistas responsáveis pela bomba estadunidense vazaram o know-how para os soviéticos.
Como consequência, na crise dos mísseis cubanos estivemos a um passo de uma guerra atômica que, provavelmente, teria extinto a espécie humana. Fomos buscar a salvação na bacia das almas.
Ao invés do equilíbrio do terror, a opção mais sensata é limitarmos o ingresso de nações instáveis no clube atômico. Quanto às que já entraram, infelizmente não há e é pouco provável que venha a existir um consenso entre os países mais poderosos no sentindo de desarmá-las (começando por Israel, país useiro e vezeiro em dar demonstrações de força brutais).
A verdade inescapável é que, quanto mais países dispuserem de armas nucleares, maiores serão as chances de que venham a ser utilizadas.
Pensadores como Norman O. Brown veem o capitalismo, em última análise, como um instrumento cego da destruição da humanidade. Isto se torna bem plausível se considerarmos, p. ex., as alterações climáticas e a devastação de recursos naturais essenciais à nossa sobrevivência.
Pensadores como Norman O. Brown veem o capitalismo, em última análise, como um instrumento cego da destruição da humanidade. Isto se torna bem plausível se considerarmos, p. ex., as alterações climáticas e a devastação de recursos naturais essenciais à nossa sobrevivência.
Para nós, os empenhados na construção de um mundo melhor, o desafio é evitarmos que o enterro do capitalismo venha a ser também o da espécie humana.
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