terça-feira, 5 de abril de 2016

O QUE ESTÁ EM JOGO: TEMER OU NOVA ELEIÇÃO?

Como os leitores assíduos estão cientes, a preferência deste blogue é que a atual crise econômica, política e moral tenha a melhor solução possível a esta altura do campeonato: a realização de uma nova eleição presidencial, pois o Brasil precisa –e muito!–  ser passado a limpo.

Trata-se de posição que assumi num artigo de 11 de março; desde então, manifestaram-se na mesma linha o Clóvis Rossi, a Folha de S. Paulo no seu editorial de anteontem e a Rede Sustentabilidade ontem. Se a bola de neve crescer, poderá gerar uma nova diretas-já, para cumprir o que deixamos de fazer em 1984: dar ao povo o direito de decidir o destino do País num momento crítico.

Continuarei, claro, publicando textos interessantes de outros autores, mesmo que não estejam alinhados com a solução defendida pelo blogue. Caso deste abaixo, cuja análise de situação é bem próxima, mas um tanto desesperançado demais para meu gosto. Enquanto há chance de vitória, por pequena que seja, devemos tentar. 

A queda de Dilma, só um milagre evitaria e religião não é a minha praia. Já a nova eleição ainda está ao nosso alcance, depende de nossos esforços, otimismo e perseverança. Quem ainda guarda a lembrança do último governo peemedebista (o de Sarney), sabe qual o pesadelo nos espera agora, se não dermos os passos certos.

HERANÇA DILAPIDADA

Uma das leis de ferro da política é aquela que assevera que governos que não tenham sustentação acabam caindo. A queda pode materializar-se de diversos modos. Há desde os golpes de Estado clássicos, com tanques nas ruas e tudo, até insurreições populares, como vimos na Argentina em 2001, passando por acordões de elites, assassinatos políticos e mesmo soluções institucionais, como o impeachment ou a destituição judicial.

No limite, o governo pode até cair sem cair, que é o que ocorre quando uma administração já não tem condição nenhuma de gerir o país, mas a sociedade não encontra uma maneira de resolver o impasse, de modo que as forças da inércia prevalecem. É claro que um governo que não governa deixa de ser um governo.

O cardápio só traz pratos indigestos. A dupla renúncia (de Dilma e Temer), como quer a Folha, seria dos menos intragáveis, mas me parece uma possibilidade extremamente remota. Exigiria um nível de desprendimento que não vejo nos personagens envolvidos. Em seguida, numa escala que combina palatabilidade com probabilidade, vem o impeachment.

Ele tem a vantagem de ser uma saída prevista pela Constituição e muito mais civilizada que o assassinato, mas com a desvantagem de entregar o poder ao PMDB, um partido que está tão metido quanto o PT nos malfeitos que deflagraram a crise. O ponto é que, a essa altura, a situação econômica é tão ruim que mesmo uma mudança incerta parece preferível à certeza de manter o statu quo.

Meio a contragosto –prefiro sempre ver mandatos chegarem à sua conclusão–, começo a achar que o impeachment é uma solução aceitável. Dilma teve a chance de fazer um bom governo –ela própria disse ter recebido uma herança bendita e teve apoio de todos os setores–, mas fracassou. Deve assumir seus erros. Seu direito de concluir o mandato não é maior que o direito de milhões de brasileiros a um governo funcional.

3 comentários:

Anônimo disse...

Se o impeachment da Dilma Rousseff não passar o assassinato dela, mesmo menos civilizado, é aceitável?

Se temos Marinhos, Frias, Mesquitas, Civitas, Machados de Carvalho, Sirotkys, Skafs, Josés Serras, Aécios Neves, Marinas Silvas, Fernandos Henriques, Eduardos Cunhas, Micheis Temers, Ronaldos Caiados, Reinaldos Azevedos, Diogos Mainardis, Elianas Cantanhêdes, Mervais Pereiras, Olavos de Carvalhos, etc. de um lado eu ficaria no mínimo constrangido em cerrar fileira com este pessoal. Poderiam pensar que considero Suzana Vieira e Alexandre Frotas como melhores atores e Lobão como cantor... só isto seria vergonha suficiente para cobrir a cara com um saco de papel.

celsolungaretti disse...

Jorge,

eu sou sempre otimista: tenho a certeza de que haverá nova eleição, o que será a melhor forma de corrigir os terríveis danos do estelionato eleitoral de 2014. O Brasil está parado há 15 meses porque Dilma imitou o nazista Goebbels para ganhar a eleição e depois resolveu aplicar a política econômica dos seus adversários, dando uma guinada de 180º com relação aos seus compromissos de campanha.

E é uma besteira sem tamanho você querer me intimidar com essas listinhas de nomes. O PT hoje é tão nocivo que possui inimigos em todos os quadrantes do espectro político. Eu o combato em nome dos valores da esquerda revolucionária, à qual ele deixou de pertencer há muito tempo. Essa gente o combate em nome do capitalismo. A diferença é total.

Valmir disse...

nunca pensei ver petistas fazendo o mesmo papel que ja foi de malufistas e colloridos...
mas o paralelo que me choca mesmo são os simbólicos: como o jetski foi o veiculo aquático simbolo da era collorida em sua jactância cafajeste e escrota; o lulopetismo tem no ...pedalinho o seu jetski .. tempos estranhos, muito estranhos.

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