"...quase todos os hinos nacionais falam de guerra..." |
Entretanto, a lógica das relações sociais internacionais denuncia uma contradição implícita entre o sentimento patriótico e a boa convivência com os demais patriotas estrangeiros.
Tal como ocorre no interior dos países, onde a cisão social promovida pela lógica das relações sociais sob a forma-valor estabelece cidadãos de primeira classe, os bem aquinhoados, e os de segunda classe, os trabalhadores assalariados de baixa renda (a grande maioria), as relações comerciais internacionais estabelecem uma disputa mercadológica pela riqueza abstrata que se constitui como verdadeira guerra de interesses econômicos entre nações ricas e pobres.
Cada Estado defende os interesses privados ou estatais das suas empresas contra as empresas estrangeiras, visando à maior arrecadação de impostos, embora o Estado nacional, a pátria, esteja, agora, na globalização do capital, sofrendo uma fragilização inerente à emigração e decomposição do próprio capital, ou propiciando a formação de blocos, como a União Europeia.
"...embora a rima ajude..." |
Assim, o sentimento patriótico, que obedece à lógica de disputa mercadológica da riqueza abstrata, na qual cada mercadoria persegue a hegemonia de mercado, é parte da causa do empobrecimento das pátrias perdedoras dessa disputa fratricida.
A crítica ao patriotismo pode parecer absurda, pois contraria uma lógica que vem sendo positivada nas nossas mentes nos últimos séculos; e isso porque a aceitação da contrariedade significa uma postura de necessária ruptura com tudo que até então nos foi ensinado como bom.
Defesa de cultura regional e preservação de sentimentos atávicos não devem ser confundidas com patriotadas próprias de posturas xenófobas. É graças a isso quase todos os hinos nacionais falam de guerra, pois é esse o sentimento indutor da separação patriótica.
O senso comum entende que o conceito de patriotismo é cláusula pétrea da melhor compreensão de organização social; questioná-lo corresponde uma heresia, assim como alguém dizer que é contra “a lei da gravidade”.
Por Dalton Rosado |
O patriota não é um idiota (embora a rima ajude), mas apenas alguém que foi massacrado por uma positivação conceitual que ora se torna insustentável graças à falência do modelo social do qual tal qualificação e conceito fazem parte.
O mundo deve ser uno, sem fronteiras, etnicamente harmônico, culturalmente diverso, e solidário na produção de bens e serviços necessários ao consumo.
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