sábado, 10 de outubro de 2015

A VERDADE É REVOLUCIONÁRIA. O MANIQUEÍSMO, UMA MULETA PARA SIMPLÓRIOS E FANÁTICOS.

A crise de identidade dos 35 anos está sendo pior ainda...
Neste sábado (10) trouxe para cá um artigo magistral de Demétrio Magnoli, pelo qual muitos companheiros normalmente passariam batidos por puro preconceito. Dei-lhes a chance de conhecerem um dos mais eloquentes libelos já lançados contra a guerra ao terror de George Bush e toda a paranoia referente ao terrorismo.

Magnoli é um dos muitos críticos do petismo que estão longe de serem reacionários e/ou vendidos à direita, mas que ficaram com tal pecha graças à faina repulsiva dos assassinos de reputações.

Trata-se de uma das práticas mais chocantes de uma esquerda desvirtuada e aburguesada, que um dia pregou a revolução mas hoje se limita a buscar, manter e tentar expandir seus nacos de poder dentro do capitalismo, pois agora é movida pelo poder, só o poder e nada mais do que o poder; crava os dentes no osso com tal sofreguidão que até os trinca...

É por isto que em 2015 foi escorraçada das ruas; seu habitat natural hoje são os gabinetes luxuosos dos governos e a sede de entidades e sindicatos cada vez mais inócuos e domesticados.

Quanto mais a esquerda chapa branca se afasta da revolução, mais investe no maniqueísmo e na satanização para desqualificar seus críticos e opositores. Como na última campanha presidencial, quando desconstruiu Marina Silva com métodos de fazerem inveja a Joseph Goebbels, seu longínquo inspirador.
O grande guru da rede chapa branca 

Marina marchava para uma vitória inevitável, pois tinha tudo para chegar ao 2º turno, sepultando as chances de reeleição de Dilma Rousseff, já que os tucanos, fora do páreo, necessariamente despejariam seus votos na ex-seringueira. Então, os petistas transtornados com a perspectiva de perderem suas boquinhas e míopes a ponto de não perceberem que seria uma grande roubada governarem o país quando o grande capital exigia um devastador arrocho fiscal (e eles jamais ousariam deixar de atendê-lo!), optaram por desconstruírem-na a qualquer preço. 

Chegaram ao cúmulo de apontá-la como fantoche do Banco Itaú, apenas porque uma herdeira entediada da família proprietária lhe dava apoio, tanto quanto apoiara o candidato petista a prefeito (Fernando Haddad) na eleição anterior. Bastaria um pingo de honestidade e uma pesquisa de três minutos na internet para se constatar que a tal Neca Setúbal não apitava nada nas decisões do grupo, limitando-se a receber sua gorda mesada e gastá-la em cruzadas edificantes. [Paradoxalmente, seria Dilma quem comeria nas mãos do presidente do Banco Itaú, Luís Carlos Trabuco, a ponto de convidá-lo para ministro da Fazenda e, face à recusa, aceitar que ele indicasse para o posto um de seus funcionários menores, o inexpressivo Joaquim Levy].

Isto não impediu que, repetindo dia e noite esta e outras mentiras cabeludas (como a de que a autonomia do Banco Central fosse uma espécie de fim do mundo...), a central de guerra psicológica e desinformação petista acabasse por desviar de Marina votos de classe média em proporção suficiente para alijá-la do 2º turno, assegurando a reeleição de Dilma, seu impeachment vindouro e a destruição do PT, que talvez nunca mais eleja um presidente como consequência de sua extrema desmoralização em 2015. Mágica mais besta, impossível!
E o que foi que a Dilma e o Levy fizeram?!

É da mesma forma, embora com menos fúria homicida, que são tratados muitos intelectuais independentes, como Magnoli, que não rezam sempre pela cartilha petista nem se alinham em todas as questões com a direita. Nos bons tempos da esquerda civilizada, procurava-se atrair pessoas desse tipo, principalmente quando eram brilhantes, ao invés de hostilizá-las encarniçadamente, como se o desejável fosse atirá-las nos braços do inimigo.

Faço questão de registrar que alguns petistas andam incomodados com meus artigos I-N-D-E-P-E-N-D-E-N-T-E-S e começaram a postar comentários na mesma linha goebbelsliana. P. ex., um me acusou de copiar um reaça menor que eu nem sequer conhecia, não aceitou minha negativa, voltou à carga alegando que eu publicara uma imagem qualquer da Dilma que havia saído no blogue do dito cujo e novamente ignorou minha paciente explicação de que garimpo imagens no Google e nunca me interessei por sua proveniência, só por sua pertinência.

Como ele insistisse no seu delírio inicial, deixei de autorizar seus comentários, pois não vejo sentido nenhum em debater com quem quer me fazer passar por mentiroso. Não sou nenhum moleque, tenho uma trajetória de quase cinco décadas de luta contra a direita e seus porta-vozes.

Na esteira veio mais um fanático batendo na mesmíssima tecla e ainda botando outra ovelha negra na relação dos meus pseudos-inspiradores, o Olavo de Carvalho. Seria cômico se não fosse trágico pois, quando alguns esquerdistas fugiam covardemente dos reiterados desafios lançados pelo OC, fui eu que ergui a luva e polemizei com ele, provando que não passava de um tigre de papel (vide aqui).

A mim, jamais intimidarão! Muito menos recorrendo a tolices e chutes na virilha...
A esquerda precisa muito mais de militantes que de votantes

Sempre afirmei que deter presidências da República, para revolucionários, tem importância meramente TÁTICA, não sendo nem de longe para nós um objetivo ESTRATÉGICO.

Quando estão ajudando a alavancar a revolução, devem ser defendidas. Quando se tornam baluartes do neoliberalismo, que os banqueiros as defendam. É simples assim.

Se houver ameaça de tanques nas ruas, arriscarei novamente a vida para evitar outra ditadura. Mas, enquanto a coisa se mantiver nos marcos constitucionais, estarei priorizando é a reconstrução da esquerda, pois depois do tsunami teremos muito o que fazer, juntando os cacos e tentando reencontrar nosso caminho. 

Torço e darei minha melhor contribuição para que a esquerda extraia deste desastroso 2015 a lição de que precisa desesperadamente voltar às raízes, reassumindo suas bandeiras históricas e recolocando como objetivo supremo o fim do capitalismo e a construção de uma sociedade fundada na justiça social e na verdadeira liberdade.

5 comentários:

SF disse...

Li o texto do Magnoli e esse que vc escreveu sobre a Verdade Revolucionária.
Concordo contigo e bloquear agressores, ou mesmo quem você não gosta.
A casa é sua e a porta de entrada é o Respeito. Nem precisaria justificar mais que isto, o mais provem de seu genuíno espírito democrático.

Continuarei seu leitor.

pablo disse...

Eu particularmente peguei certa birra desse cara ao ler um artigo onde insinuava que o Zé Maria, presidente do PSTU, 'acredita até hoje na revolução proletária' por causa do dinheiro do fundo partidário. Um texto baixo, rasteiro, digno da imprensa brasileira.
Li um artigo ontem onde o autor diz que a esquerda deve passar por um refluxo, eu vou além, acho que vai passar por uma depressão. Eu já entrei no clima.

Valmir disse...

Grande Celsão...vai me perdoar o pitaco: mas lembra do depoimento do Gorki quando foi interceder junto a Lenin por alguns escritores injustamente presos e o V.I. respondeu com uma pergunta: qual a intensidade necessária do golpe pra derrubar o inimigo definitivamente??? querendo com isso dizer que não dá pra calibrar a porretada pra por ao chão o inimigo, que no caso se confundia intencionalmente com adversário..quer dizer, isso de nós e eles, da recusa a qualquer espaço para a voz dissidente foi enunciada claramente pelo chefe máximo e continua em vigor até hoje nos lados da sinistra.

celsolungaretti disse...

Valmir, a realidade de um país socialista cercado de inimigos externos e internos por todos os lados é bem diferente dessas que abordei. No tempo de Lênin, se não desculpáveis, alguns excessos eram, pelo menos, compreensíveis. E foi o stalinismo que, em seguida, nos ensinou quais os limites que jamais deveríamos transpor.

Enfim, na década passada eu já colocava, como parâmetro de minha atuação, a defesa dos direitos humanos exatamente no mesmo plano da luta pelos ideais revolucionários. Não vejo o autoritarismo como inerente ao socialismo ou ao anarquismo, pois não foi assim que a coisa começou. Também quanto a isto prego uma volta às origens, e acredito que ela seja possível.

Anônimo disse...

Prezado Celso,

Políbio e Demétrio é um pouco demais. "Manéra", meu chapa.

Entre um e outro, muito bla, bla, bla pra justificar o injustificável.

Isso não é coragem. É burrice.

Ter sido não basta. Dizer que é, muito menos.

Aos atos, então.

Grato pela atenção,

Marco Aurélio
Rio de Janeiro

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