sexta-feira, 29 de novembro de 2013

"MOBY DICK" DISSECA OS LÍDERES MESSIÂNICOS E CATASTRÓFICOS

Adaptação cinematográfica clássica de um clássico da literatura, o Moby Dick de 1956 (que vocês podem assistir, completo e legendado, na janelinha abaixo) é praticamente insuperável, em função da excelência da trinca de grandes talentos que reuniu e da perfeita sinergia que se verificou entre eles: 
  • o diretor John Huston, cuja alma de aventureiro lhe permitia valorizar como ninguém as histórias de homens que se propõem desafios quase inalcançáveis e desenvolvem esforços descomunais para concretizá-los -caso também dos fundamentais O tesouro de Sierra Madre (1948) e O homem que queria ser rei (1975).
  • o roteirista Ray Bradbury que, como escritor, foi um dos pais das novelas de sci-fi, tendo praticamente lançado a tendência de enfocar mais as consequências dos avanços científicos sobre os homens e a sociedade, do que embasbacar-se com as geringonças futuristas, como fazia Isaac Asimov. Sem Bradbury não teriam existido Philip K. Dick, Robert Silvelberg, Robert A. Henlein e outros autores que, basicamente, projetaram no futuro, amplificadas, as inquietações e ameaças do presente. Gente desse quilate não trabalha mais para Hollywood, privando o cinema comercial das centelhas de vida inteligente que lhe serviam como álibi para a infinidade de tralhas que despejava nas telas.
  • e Gregory Peck, o ator que parece ter nascido para interpretar o Capitão Ahab. É difícil imaginarmos algum outro ator que tivesse não só a competência artística, mas também o enorme carisma que o papel exige.
A insânia do projeto de Ahab e a liderança messiânica que exerce, envolvendo a marujada na sua idéia fixa e fazendo com que ela marche passivamente para a própria destruição, é o cerne desta obra-prima de Huston. 

Neste sentido, pode-se dizer que inspirou outro filme seminal: Aguirre, a cólera dos deuses (1972), de Werner Herzog. E que ambos foram fortemente inspirados por Adolf Hitler, o homem que mesmerizou o povo alemão e arrastou-o para o mais amargo fim.

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