SERIA CÔMICO, SE NÃO FOSSE TRÁGICO

PIROMANÍACOS INCÓGNITOS -- Respaldada na Lei de Acesso à Informação, a Folha de S. Paulo solicitou ao Exército materiais relativos à guerrilha do Araguaia.

Resposta do Serviço de Informação ao Cidadão do Exército, criado para fingir que cumpre as exigências da nova lei: tais documentos foram totalmente destruídos, pois um decreto ditatorial de 1977  "permitia a destruição de documentos sigilosos, bem como dos eventuais termos de destruição".

Mais: a destruição dos documentos foi feita de tal forma que é impossível identificar os responsáveis pela eliminação, como desejam alguns membros da Comissão da Verdade.

Isto se chama suprimir provas de crimes. Os bandidos comuns sabem muito bem como fazer isto. E alguns incomuns também.

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ESSE CRIME CHAMADO JUSTIÇA -- O Ministério Público acusou Estevan e Sonia Ernandes, os dirigentes máximos da Igreja Renascer em Cristo, de "arrecadarem grandes quantias do fiéis", que eram por eles "ludibriados"; de utilizarem em proveito próprio tais recursos, "desvirtuando as atividades eminentemente assistenciais e aplicando seguidos golpes"; e de lavagem de dinheiro.

O Supremo Tribunal Federal, concedendo habeas corpus proposto pela defesa do casal, determinou o arquivamento da ação penal, em função do seguinte pêlo em ovo: o Ministério Público acusou o casal apenas por lavagem de dinheiro por meio de organização criminosa, mas o dinheiro só poderia ser lavado com a existência de um crime anterior e a denúncia deveria ter especificado qual a irregularidade que foi cometida antes.

O que o STF queria, um tratado completo sobre estelionato, curandeirismo e lavagem cerebral?

Resta colocarmos nossas esperança na justiça divina. Na dos homens, quem tem grana para bancar os melhores advogados sempre acaba saindo pela tangente graças a alguma questiúncula técnica.

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A ÚLTIMA DO SR. OPUS DEI -- Incomodado com a repercussão negativa dos 21 arrastões em restaurantes paulistanos ocorridos no ano de 2012, o governador Geraldo Alckmin determinou... reforço no policiamento em datas especiais como o Natal, Ano Novo, Dia dos Namorados, dos Pais, das Mães, etc.

No restante do calendário, supõe-se que a tropa de choque esteja muito ocupada barbarizando a USP ou expulsando coitadezas de propriedades valiosas para a especulação imobiliária.

Quanto aos ladrões, passarão a programar-se melhor, claro. Vão riscar de sua agenda as datas festivas, concedendo-se um descanso, pois ninguém é de ferro.

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PROCEDÊNCIA MALIGNA -- Na mesma edição da Folha de S. Paulo em que o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos esgota seu arsenal retórico em nova defesa do seu direito de ser regiamente remunerado para defender Carlinhos Cachoeira, o colunista Igor Gielow joga-lhe a incoerência na cara:

"Não deixa de ser irônico ver o ex-chefe de Protógenes e da PF das grandes operações, Márcio Thomaz Bastos, virar o arauto dos direitos individuais ao defender a anulação [das provas da Operação Monte Carlo] ".

Tomo a liberdade de sugerir uma reflexão bíblica ao grande jurista: “Que a vossa palavra seja sim, sim, não, não, pois o que passar disso será de procedência malígna”. (Mateus 5:37)