A
frustração por haver deixado escapar uma Copa tida como ganha em 1998
ainda se fazia sentir nas eliminatórias para o Mundial seguinte.
Em suas 18 partidas o Brasil foi dirigido por nada menos do que quatro técnicos: Luxemburgo, Candinho, Leão e Felipão. Acabou por garantir sua vaga apenas na última rodada, ficando 13 pontos atrás da Argentina e só três à frente do Uruguai (repescagem) e da Colômbia (desclassificada).
Luiz Felipe Scolari, técnico de conceitos rústicos e muita força de caráter, era malvisto pela cartolagem, pois não tinha perfil de títere.
Assombrados pelo fantasma da desclassificação, os dirigentes, entretanto, acabaram cedendo à pressão dos torcedores, para quem, depois do fracasso de Luxemburgo, Felipão se tornara unanimidade -- como consequência, principalmente, de seu ótimo currículo nos mata-matas da Copa Libertadores da América.
Não foi nada além de razoável (três vitórias e três derrotas), mas segurou o rojão num momento crítico, bem de acordo com sua imagem de homem forte.
De quebra indispôs-se com Romário, por suposta ou real má vontade do baixinho com o escrete. Afastou-o definitivamente, apesar do seu pedido de desculpas público e do lobby de cartolas & imprensa esportiva.
Situação paradoxal: queda de braço entre um técnico que era preferência nacional e um jogador, idem.
Para dar a volta por cima, Felipão fez uma jogada arriscadíssima, contrapondo um mito a outro mito: escolheu Ronaldo Fenômeno como seu artilheiro, embora este viesse em maré de fracassos, contusões graves e longos períodos de convalescença, desde a fatídica final contra a França em 1998.
Com seu carisma e extrema habilidade motivacional, aproveitou as críticas à Seleção para fechar o grupo em torno de si. Era a Família Scolari lutando contra tudo e contra todos.
E a sorte o bafejou: não só Ronaldo renasceu das cinzas na Copa da Coréia do Sul/Japão, como a Seleção teve a tarefa facilitada por enfrentar as galinhas mortas que pediu a Deus.
Treinou contra a China (4x0), Costa Rica (5x2) e desperdiçou duas vezes a oportunidade de golear a incipiente Turquia, vencendo-a apenas por 2x1 na 1ª fase e 1x0 na semifinal (gol de Ronaldo, em bela arrancada pela meia-esquerda).
Nas oitavas-de-final, a Bélgica chegou a dar algum trabalho a são Marcos (um dos destaques da campanha), mas Rivaldo e Ronaldo resolveram. 2x0.
O único adversário de verdade foi o das quartas-de-final: a Inglaterra de Beckham, Owen e Campbell, que sobrevivera ao grupo da morte na 1ª fase (vencendo a Argentina, empatando com Suécia e Nigéria) e vinha de golear a Dinamarca. Não havia favorito.
Uma rara falha de Lúcio propiciou gol a Owen, mas o personagem do jogo seria Ronaldinho Gaúcho:
Em suas 18 partidas o Brasil foi dirigido por nada menos do que quatro técnicos: Luxemburgo, Candinho, Leão e Felipão. Acabou por garantir sua vaga apenas na última rodada, ficando 13 pontos atrás da Argentina e só três à frente do Uruguai (repescagem) e da Colômbia (desclassificada).
Luiz Felipe Scolari, técnico de conceitos rústicos e muita força de caráter, era malvisto pela cartolagem, pois não tinha perfil de títere.
Assombrados pelo fantasma da desclassificação, os dirigentes, entretanto, acabaram cedendo à pressão dos torcedores, para quem, depois do fracasso de Luxemburgo, Felipão se tornara unanimidade -- como consequência, principalmente, de seu ótimo currículo nos mata-matas da Copa Libertadores da América.
Não foi nada além de razoável (três vitórias e três derrotas), mas segurou o rojão num momento crítico, bem de acordo com sua imagem de homem forte.
De quebra indispôs-se com Romário, por suposta ou real má vontade do baixinho com o escrete. Afastou-o definitivamente, apesar do seu pedido de desculpas público e do lobby de cartolas & imprensa esportiva.
Situação paradoxal: queda de braço entre um técnico que era preferência nacional e um jogador, idem.
Para dar a volta por cima, Felipão fez uma jogada arriscadíssima, contrapondo um mito a outro mito: escolheu Ronaldo Fenômeno como seu artilheiro, embora este viesse em maré de fracassos, contusões graves e longos períodos de convalescença, desde a fatídica final contra a França em 1998.
Com seu carisma e extrema habilidade motivacional, aproveitou as críticas à Seleção para fechar o grupo em torno de si. Era a Família Scolari lutando contra tudo e contra todos.
E a sorte o bafejou: não só Ronaldo renasceu das cinzas na Copa da Coréia do Sul/Japão, como a Seleção teve a tarefa facilitada por enfrentar as galinhas mortas que pediu a Deus.
Treinou contra a China (4x0), Costa Rica (5x2) e desperdiçou duas vezes a oportunidade de golear a incipiente Turquia, vencendo-a apenas por 2x1 na 1ª fase e 1x0 na semifinal (gol de Ronaldo, em bela arrancada pela meia-esquerda).
Nas oitavas-de-final, a Bélgica chegou a dar algum trabalho a são Marcos (um dos destaques da campanha), mas Rivaldo e Ronaldo resolveram. 2x0.
O único adversário de verdade foi o das quartas-de-final: a Inglaterra de Beckham, Owen e Campbell, que sobrevivera ao grupo da morte na 1ª fase (vencendo a Argentina, empatando com Suécia e Nigéria) e vinha de golear a Dinamarca. Não havia favorito.
Uma rara falha de Lúcio propiciou gol a Owen, mas o personagem do jogo seria Ronaldinho Gaúcho:
- carregando a bola do meio-de-campo até a entrada da área, serviu Rivaldo livre, para empatar;
- cobrando falta da zona morta (na
intermediária, junto à lateral), acertou chute primoroso, encobrindo o
goleiro Seaman, que esperava um cruzamento; e
- foi expulso logo em seguida por causa de uma solada, mas os dez restantes souberam segurar o 2x1.
Depois
de fazer a lição de casa contra a Turquia, teve pela frente uma
Alemanha que nem sequer cogitava chegar à final: seu objetivo era
preparar o time para a Copa seguinte, que iria disputar em casa.
O jogo aconteceu em 30/06/2002 e terminou em vitória, com autoridade, do Brasil de Marcos; Cafu, Lúcio, Edmilson, Roque Jr. e Roberto Carlos; Gilberto Silva, Kleberson e Ronaldinho Gaúcho (Juninho Paulista); Rivaldo e Ronaldo (Denilson).
Já criara mais chances no 1º tempo, quando Kleberson acertou o travessão e Oliver Kahn, o melhor goleiro do Mundial, andou fazendo defesas difíceis.
Decidiu no 2º. A tarefa foi facilitada por uma inusitada falha de Khan, que bateu roupa num chute forte mas defensável de Rivaldo, deixando Ronaldo à vontade para abrir o marcador.
A Alemanha teve de sair para o jogo e, em rápido contra-ataque pela direita, Kleberson cruzou, Rivaldo deixou passar e Ronaldo colocou no canto: 2x0.
Terminou a campanha com estatísticas invejáveis:
- só vitórias, como em 1970 (quando um campeão jogava seis vezes, e não as atuais sete);
- melhor ataque (18 gols);
- artilheiro (Ronaldo, 8);
- um dos vice-artilheiros (Rivaldo, 5, na companhia de Miroslav Klose, da Alemanha);
- uma das melhores defesas (4 gols sofridos, atrás apenas da Alemanha, 3); e
- melhor saldo de gols (14) de um campeão nos 19 Mundiais até hoje disputados.
Sem
ser um esquadrão dos sonhos, como os de 1958, 1970 e 1982, soube fazer
valer a experiência e a qualidade técnica do seu elenco.
E, como dizia Napoleão Bonaparte, a sorte é fundamental, seja para oficiais numa guerra ou para técnicos num Mundial.
Felipão gastou toda que tinha -- daí sua estrela nunca mais haver brilhado com a mesma intensidade.
E, como dizia Napoleão Bonaparte, a sorte é fundamental, seja para oficiais numa guerra ou para técnicos num Mundial.
Felipão gastou toda que tinha -- daí sua estrela nunca mais haver brilhado com a mesma intensidade.
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