A EQUIVOCADA BIPOLARIZAÇÃO DO ATUAL EMBATE POLÍTICO – Estamos diante da debacle capitalista e da inconsciência social sobre a natureza desse fenômeno que aflige a maior parte da população mundial. Ao invés de nos debruçarmos sobre a sua dinâmica, estudando-a cientificamente, há um consenso unânime (e, portanto, burro, como diria Nelson Rodrigues), de que só a política pode resolver os nossos problemas sociais.
Isto se dá porque clarear e desvendar o conteúdo do quarto escuro no qual estão guardados os segredos da subjugação social é tema tabu, sendo qualquer tentativa de seu entendimento vista como uma heresia, um sacrilégio.
É mais cômodo mudar o local da cama, tirando-a de baixo da goteira, do que consertá-la definitivamente.
Destarte, verificamos a existência de uma falsa dicotomia. Face à falência sistêmica e à perspectiva de um colapso do modelo político-econômico atual, de um lado se colocam os Bolsonaro, Trump e Hitler da vida, que transferem culpas e aferram-se a falsos moralismos, insistindo na manutenção:
— de uma disciplina comportamental e hierárquica, sob a égide da obediência cega a fundamentos equivocados;
— de uma disciplina comportamental e hierárquica, sob a égide da obediência cega a fundamentos equivocados;
— de uma disciplina comportamental que aprisiona o pensar;
— de uma obediência hierárquica cega, segundo a qual ordens são ordens e não cabe aos subalternos quaisquer questionamentos sobre seus conteúdos;
— do respeito a valores e virtudes morais hipocritamente consagradas;
"Elegemos a pessoa que obedecerá àqueles que mandam" |
— do respeito as direito de propriedade acima de tudo e sem qualquer hipoteca social; e
— de uma alta eficiência produtiva de mercadorias, entre outras baboseiras conservadoras cuja superficialidade hipócrita a História já nos demonstrou e sob a qual se disfarça a mesquinhez humana.
Do outro lado estão os defensores do Estado de Direito, consistente em princípios republicanos burgueses ou sociais-democratas que desconhecem a hipossuficiência da política na capacidade de superação dos males do capitalismo.
— de uma alta eficiência produtiva de mercadorias, entre outras baboseiras conservadoras cuja superficialidade hipócrita a História já nos demonstrou e sob a qual se disfarça a mesquinhez humana.
Do outro lado estão os defensores do Estado de Direito, consistente em princípios republicanos burgueses ou sociais-democratas que desconhecem a hipossuficiência da política na capacidade de superação dos males do capitalismo.
Tal corrente de pensamento e postura social se traduz no respeito às instituições do Estado e na crença de que seja possível chegar-se ao bom discernimento político sobre a condução dos negócios estatais, deixando que a vida mercantil seja regulada pelos pretensamente virtuosos mecanismos de mercado.
O processo eleitoral é o mecanismo jurídico-constitucional de legitimação do acesso ao poder político estatal submisso ao poder econômico e, portanto, sem soberania de vontade.
Quando o poder econômico sente-se ameaçado em face de sua decomposição como modo de mediação social minimamente eficaz, como agora ocorre, as salvaguardas estatais jurídicas e militares estão sempre à disposição para a restauração da ordem ameaçada.
É graças a isto que cada vez mais se acentuam as descrenças no processo eleitoral, corporificadas na abstenção ao ato de votar, na anulação do voto e no voto em branco.
A inconsciência social sobre os mecanismos de dominação é a causa primária da aceitação da dominação patrocinada por um modo de mediação social segregacionista e que agora se inviabiliza por seus próprios fundamentos.
Mas um dos mecanismos de quebra desse estágio de inconsciência social pode ser a negação do voto. Mesmo porque a ditadura (que sempre impõe o silêncio das baionetas à pretensamente livre manifestação popular nas urnas) não é a única consequência à negação do dito cujo.
Não se pode conceber que apenas uma ou outra coisa sejam possíveis, que a participação social nos nossos destinos apenas possa ocorrer dentro do processo eleitoral capitalista.
Não se pode conceber que apenas uma ou outra coisa sejam possíveis, que a participação social nos nossos destinos apenas possa ocorrer dentro do processo eleitoral capitalista.
Pelo contrário, tal participação hoje é ilusória e só se tornará real quando estivermos sob um modo de produção social no qual os indivíduos sociais se reconheçam como seus condutores, e não como meros artífices de uma produção que não lhes pertence (como ocorre no capitalismo).
É o modo de produção social que define o caráter da sociedade e molda o seu arcabouço jurídico-constitucional; no caso da produção social capitalista, a política é apenas o canal de legitimação formatador do poder do Estado a serviço do capital.
O eleitor é feito de inocente útil pelo capital. Mude-se o modo de produção social e restará modificada toda forma de mediação e organização social.
A atual forma de participação política resume-se à escolha de algo que já foi anteriormente escolhido de forma impositiva. É como se comer num restaurante no qual o cardápio é restrito e fixo, na base do aproveite e coma, enquanto ainda você ainda pode se servir.
4 comentários:
Textão sem coerência.
Afinal, não devemos votar porque assim seremos inocentes úteis?
Mas qual argumento decisivo e cabal nos apresenta Dalton?
Sim, o sistema que criou a possibilidade de o ser humano se libertar do trabalho escravo é mau!
Na opinião do articulista, óbvio.
Que se a gente votar, então o trabalho e a construção de quem de quem faz não será entregue a quem nada fez e nem quis?
Ou então um preço deixará de ser definido por um burocrata, pois o mercado não é digno?
Menos, está bem?
Caro Abdias,
primeiramente não é o objeto teleológico do sistema capitalista que criou a possibilidade do ser humano se libertar do trabalho escravo, mas a dinâmica de suas contradições internas.
O capitalismo é escravista indireto (diferentemente do feudalismo, que era escravista direto), mas, como todo regime de submissão, ele traz no seu cerne algo que é o aspecto mais precioso da racionalidade humana: a capacidade de se insurgir contra a opressão.
Você confunde trabalho abstrato, produtor de valor, com a ontológica interação metabólica do ser humano com a natureza para obter a satisfação de suas necessidades. Não trabalhar, ou seja, não positivar a categoria capitalista trabalho, não significa deixar de produzir socialmente.
A questão que se coloca não é quem vai definir o preço (que é dinheiro especulativo de mercado, algo diferente de valor, ainda que expresse valor), mas superar as categorias capitalistas valor e preço. Você não entendeu que se pode viver sem valor econômico, daí a ontologização que você faz de uma forma de relação social apenas histórica e que agora entrou na fase de sua inviabilidade como modo de mediação social.
A incoerência que você afirma existir do meu texto deriva da sua própria incompreensão sobre a matéria em discussão. Não se trata de incoerência de conceitos, mas de desconhecimento científico dos conceitos em apreciação de sua parte.
Um abraço e espero que você estude a crítica economia política bem fundamentada e, assim, compreenda as razões pelas quais vivemos tão miseravelmente.
Dalton Rosado
Digitando no meu tablet bugado fica difícil desenvolver argumentos sólidos.
Seu texto é incoerente na medida em que baseia-se numa sociedade que não existe e nunca existiu.
Ou seja, não sabendo como viver bem nesta sociedade então inventa outra!
Vou-me embora para Pasárgada. Já dizia o Manoel.
Nós, os antigòes, sabemos como viver bem e honestamente, mesmo num esgoto moral e social com o nosso.
Conscientes das limitações, entedemos o verdadeiro sentido da vida, do amor e do trabalho.
Lemos o Grande Livro da Natureza, que é prenhe de Sabedoria.
Para uma vida feliz, basta conhecer e praticar os 10 mandamentos.
Dos Salmos, basta ler e observar o número 01 e terá boa caminhada entre as gentes.
E de Confúcio a máxima: pagar o Bem com Bem e o mau com Justiça (que também é um bem).
A vida é boa e breve, para quem sabe ver a bondade e a brevidade desse minúsculo instante de consciência no Cosmos.
Assim, a vida é bela, para quem tem olhos para ver a beleza que existe nela.
Parece que ainda não possuis tal olhar, por isso achas que vivemos miseravelmente.
Retribuo o forte abraço.
Caro Abdias,
é necessário se compreender que as sociedades mediadas pela forma-valor (dinheiro e mercadorias) nem sempre existiram. Aliás, aqui no Brasil, até a chegada dos portugueses há 518 anos apenas, viviam milhões de índios que desconheciam o dinheiro, e viviam bem, segundo relato de Pero Vaz de Caminha para o Rei de Portugal, no qual afirma existirem “belas índias com suas vergonhas desnudas”. Imagine se eles tivesses o conhecimento que hoje temos!
Numa sociedade que você mesmo afirma ser um esgoto moral e social, não pode haver vida saudável. Será que termos 21.000 assassinatos só nos cinco primeiros meses de 2018; grande parte da população vivendo em favelas sem as mínimas condições de habitabilidade urbana aceitável; 13,7 milhões de desempregados e outros tantos subempregados; sem educação e atendimento médico eficiente; entre outras tantas mazelas sociais tão evidentes não é viver miseravelmente?
A sociedade que almejo deverá ter consciência sobre si mesma e usar todo o conhecimento adquirido pela humanidade em seu próprio proveito, e não para beneficiar apenas uma pequena parte dela (percentualmente falando).
Deus não poderia ser sádico.
Um abraço, Dalton Rosado
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