quinta-feira, 26 de abril de 2018

É HORA DE REVERMOS PLANOS: A ECONOMIA BRASILEIRA DEVERÁ MESMO ESTAR EM ALTA DURANTE O PERÍODO ELEITORAL.

"Brasileiro vota com o bolso"
Segundo o que informa Fernando Canzian, que já foi agraciado com quatro Prêmios Esso de Jornalismo e é colunista da Folha de S. Paulo, deverá mesmo virar realidade a minha previsão de que as eleições 2018 transcorrerão num cenário de melhora dos indicadores econômicos. 

Isto favorecerá os candidatos moderados, identificados com o sistema, enfraquecendo em idêntica medida os que corporificam a insatisfação com o sistema, como Jair Bolsonaro.

Mas, antes que os leitores me acusem de cabotinismo, admito que atirei no que vi e deverei acertar no que não vi.

Baseava-me no mau desempenho da economia e amargor generalizado no ano de 1969: os brasileiros temiam se posicionarem abertamente contra a ditadura, mas os resmungos a boca pequena eram inequívocos e incisivos.

Aí, em 1970, despencou uma montanha de dólares no nosso país (os investimentos diretos estadunidenses equivaleram à soma dos dez anos anteriores!),  a classe média sentiu-se chegar ao paraíso e sobrou um pouco até para os trabalhadores, tanto que o ditador Médici era ovacionado quando ia assistir a partidas de futebol no Maracanã.

Presumi que, após o grande capital ter mandado a Dilma Rousseff para casa, certamente completaria o serviço, investindo para criar um milagrezinho brasileiro no próximo semestre, nem que fosse uma mera bolha de consumo que, após influenciar o voto em outubro, estourasse poucos meses depois.
Com economia em alta, Médici era ovacionado no Maracanã
Agora, não há mais como saber se isto aconteceria ou não, pois, segundo Canzian, o efeito se produzirá de forma natural, por motivos exclusivamente de ordem econômica:

"...um novo ciclo de crescimento mundial vem dobrando a esquina... [e dele nos beneficiaremos com o] dinheiro que virá com o aumento da demanda mundial e valor das commodities que produzimos. O preço do petróleo já subiu quase 50% no último ano e há tendência de alta moderada para metais e produtos agrícolas.

O Centro Brasileiro de Infraestrutura projeta que o petróleo trará quase R$ 60 bilhões em receitas novas para a União, estados e municípios em royalties e leilões de exploração. Isso é piso. Podem ser mais vários bilhões dependendo do dólar e das exportações.

O Rio, abre alas da quebradeira nacional, será um dos mais beneficiados pelo dinheiro do petróleo. Foi assim no ciclo anterior de alta, quando ampliou gastos (principalmente com servidores) em cima de receitas não recorrentes. O estado quebrou quando o preço caiu.

O resto do país também terá alguma folga com o aumento da arrecadação que essa renovada demanda mundial por commodities vai gerar...
Fernando Canzian: crescimento poderá ter pernas curtas

...Esse novo ciclo de crescimento global pode ter pernas curtas, pois está apoiado em um inédito despejo de dinheiro barato no mercado que bancos centrais de EUA e União Europeia promoveram para tirar suas economias da Grande Recessão mundial a partir de 2008.

Ainda não sabemos quanto tempo isso vai levar. Mas com o crescimento global agora sincronizado haverá aumento da demanda e, consequentemente, da inflação nesses países.

Quando seus bancos centrais tiverem que subir ainda mais os juros para conter isso, a massa de dinheiro barato que hoje financia países como o Brasil encolherá e migrará para lugares mais arrumados que o nosso..."

Enfim, a conclusão que eu tirava antes ganha mais força agora: nosso lado cometerá erro crasso se apostar numa insatisfação generalizada do povo para reconquistar a Presidência da República. O brasileiro vota com o bolso e, se estiver sentindo as coisas melhorarem, não elegerá nem Bolsonaro nem quem a esquerda escolher para substituir Lula.

Portanto, de nada adianta insistirmos na estratégia, táticas e formas de atuação que fracassaram rotundamente nos últimos anos. Impõe-se revermos tudo, cientes de que os resultados não virão no curto prazo mas, se agirmos direito desta vez, não serão um castelo de cartas que qualquer assopro parlamentar derruba.

Temos de construir uma nova esquerda, apta a enfrentar os desafios de uma etapa mais avançada da decadência irreversível do capitalismo, quando a luta de classes vai acirrar-se continuamente, enquanto a conciliação de classe irá se tornando apenas a incômoda lembrança de um tempo em que os transformadores da sociedade abdicaram de sua missão histórica e passaram ingenuamente a gerenciar a exploração do homem pelo homem, como se houvessem se tornado meros serviçais do inimigo.

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